
Trilhos da natureza: crianças aprendem sobre o meio ambiente em viagem de VLT
Atividades interativas encantam pequenos em passeio ambiental promovido pela CBTU Maceió; empresa alagoana cria projeto com foco na educação ambiental
Por Lucas França e Valdete Calheiros - Repórteres / Bruno Martins: Revisão / Ascom IMA: Foto de capa | Redação
No início do segundo semestre deste ano, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) levou em cada um de dois sábados cerca de 200 pessoas, entre crianças e adolescentes, para um passeio dedicado à natureza, o Embarque Sustentável. O passeio iniciado e finalizado no Jaraguá, teve como ponto de encontro com a natureza a Estação Utinga, no município vizinho de Rio Largo, região metropolitana de Maceió.
No local, o tão esperado encontro com o Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), ave símbolo do estado. Ávidos para conhecerem a ave pessoalmente, os passageiros olhavam as horas a cada instante. De brinde, ainda foram recepcionados pelo Papagaio Chauá.
O sucesso foi crescendo em cada um dos sábados para a alegria daqueles que trocaram um dia de descanso por uma trilha na Mata Atlântica, mais precisamente no Zooparque Pedro Nardelli, no Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA).
Foram dois dias cheios de programações, todas voltadas à interação entre humanos e meio ambiente. A ação educativa e interativa foi promovida pela CBTU Maceió, em parceria com órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e a Teia – Consultoria Ambiental. Todos unidos, tendo como foco a conscientização socioambiental da população.
Mesmo sendo necessária a reserva de ingressos antecipada, o evento, em seus dois dias, foi um sucesso absoluto de público. Com o valor de R$ 10 pago antecipadamente, o participante garantia a pulseira que lhe reservou um lugar no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Uma das primeiras passageiras a chegar foi Lara Prado Cavalcante, de sete anos. Ao lado da mãe, Márcia Prado, a menina queria ver, na prática, toda a teoria que já tem bem construída em torno do meio ambiente.

“Existem animais em extinção porque o ser humano caçou. Existem rios morrendo porque o ser humano jogou lixo. Eu cuido do meio ambiente e ensino as pessoas a cuidarem”, defendeu, com argumentos de gente grande. Aliás, os pequenos parecem ter ainda mais consciência ambiental que muitos adultos.
Da inteligência dos seus seis anos de idade, Isabela de Araújo Barros, filha do jornalista Diego Barros e de Wilma de Araújo Nascimento Barros, estava com a lição na ponta de língua antes mesmo do início do Embarque Sustentável. Um dos animais preferidos da garotinha é o gato.
“Eu amo muito e protejo a natureza”, contou Isabela, bastante animada antes de escolher seu lugar no VLT. Para o pai, as memórias criadas neste passeio ficarão guardadas para sempre.

“Além de ser o primeiro passeio da Isabela no VLT, estamos dando-lhe a oportunidade de aprender, de forma lúdica, sobre as questões ambientais. Quando despertamos desde cedo a consciência ambiental, as crianças se tornam agentes multiplicadores”.
Jade Laurindo, de cinco anos, estava com os tios e o primo. Um passeio bem família para curtir um dia inteiro de lazer ambiental. Com a tia Jéssica Elen Laurindo, enfermeira, o tio músico Thomas Alef e o primo Samuel, de apenas dois anos, Jade estava encantada com a Fada Aurora dos Ventos Encantados que acompanhou os passageiros durante todo o percurso.

Até o pequeno Samuel entrou no clima e pediu o bloco e a caneta da reportagem para desenhar o que ele definiu como um pássaro. Deu trabalho para ele devolver o material de trabalho. Ele não queria se separar do desenho.
EMBARQUE SUSTENTÁVEL
O projeto Embarque Sustentável visa educar e sensibilizar usuários do sistema ferroviário sobre as questões ambientais relevantes.
Entre as atividades, os passageiros puderam entrar em uma gaiola humana. Desta forma, os participantes puderam ter a sensação de aprisionamento que os animais passam quando são confinados pelo tráfico.
Os passageiros logo foram totalmente envolvidos a embarcar em um enredo em que foram abordados a fauna, especialmente as espécies ameaçadas, e as ações humanas que contribuem para o processo de extinção dos animais.
Além disso, a ação propõe o incentivo de práticas sustentáveis, como o uso consciente de recursos ambientais e o descarte adequado de resíduos sólidos, valorizar o VLT como meio de transporte, sendo esse modal com baixa emissão de carbono, e mostrar as ações que a empresa de transporte ferroviário desenvolve na área ambiental.
Ver de perto exemplares de espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira, a exemplo da raposa, capivara, cutia, tatu, quati, tartaruga marinha, coruja, tamanduá-mirim, teiú e cobra foi um dos pontos altos do passeio.
Empalhados, cada um desses animais pegou carona no VLT. Durante a viagem, as crianças – e os adultos – voltaram os olhos e ouvidos atentos aos policiais do BPA. Os militares também expuseram as principais ferramentas utilizadas ilegalmente pelos caçadores.
A vista panorâmica da Lagoa Mundaú foi um espetáculo à parte que pode ser apreciado com calma, já que a velocidade do VLT gira em torno de 55 quilômetros por hora.
Uma das atrações que mais chamou atenção foram os animadores vestidos de fada, peixe-boi, mutum e tartaruga. Além de dinâmicas recreativas e educativas desenvolvidas com as crianças pelos órgãos ambientais parceiros.
Desta forma, o VLT se transformou em um espaço de aprendizado, lazer e cidadania e conseguiu levar informação de forma leve e acessível sobre temas como preservação da fauna silvestre, consumo consciente e descarte correto de resíduos, por exemplo.
A aventura ambiental teve a estação do VLT no bairro de Jaraguá como ponto de partida e chegada. O aprendizado foi iniciado antes mesmo do embarque propriamente dito. Ainda na estação, a CBTU demonstrou suas ações de sustentabilidade, como o PapaPilhas, um local de descarte correto de pilhas inutilizadas.
'Nosso trabalho, em conjunto com diversas instituições e parceiros, busca não apenas reintroduzir esses animais ao habitat natural, mas também sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação da biodiversidade', destaca Gustavo Lopes, do IMA.

Gustavo Lopes, diretor presidente do IMA (Foto: Ascom IMA)
Geladeira Literária contribui com redução de papel jogado no lixo e incentivo à leitura
A Geladeira Literária, um projeto que disponibiliza gratuitamente livros e publicações usadas para quem não tem condições de adquirir, contribuindo com a redução de papel jogado no lixo indiscriminadamente e incentivando a leitura, também teve seu lugar de destaque, além de um painel instagramável de madeira reciclada e um banco confeccionado com tonel de óleo diesel, após o uso. Mamães, papais e responsáveis encheram as memórias dos telefones celulares com fotos instagramáveis. Os “modelos” poderão guardar, para sempre, as lembranças de um dia inteiro dedicado à natureza.
Além do conteúdo educativo, o projeto busca reforçar o papel da CBTU como agente de transformação social e exemplo de mobilidade urbana sustentável.
De acordo com o superintendente de Trens Urbanos de Maceió, Max Ferreira, a CBTU está investindo cada vez mais para contribuir com a integração entre os modais de transporte público que atendam a um número crescente de passageiros, com qualidade e tarifa justa, ampliando as opções de transporte para a região metropolitana de Maceió.

“Divulgar as ações da CBTU Maceió em prol do meio ambiente, consolidando sua imagem como empresa pública comprometida com o futuro sustentável, é necessário e faz parte da premissa de aproximação com seus usuários e de toda a população impactada pelo transporte público”, defendeu Max Ferreira.
IMA atua na reintrodução de animais preservando a fauna alagoana
Um dos parceiros do Embarque Sustentável, o IMA atua na reintrodução do Mutum-de-alagoas e fortalece preservação da fauna alagoana. A ave símbolo do estado mobiliza instituições em ação conjunta para restaurar espécies ameaçadas na Mata Atlântica. A reintrodução do Mutum-de-alagoas é um marco na fauna brasileira e um compromisso com as futuras gerações.
O Mutum-de-alagoas é uma espécie endêmica da Mata Atlântica de Alagoas e foi declarada extinta na natureza em meados da década de 1980.
Atualmente, o IMA participa do Plano de Ação Estadual, que conta com a colaboração de outros órgãos, como o IPMA, e é promovido pelo Ministério Público Estadual (MP/AL). O objetivo é reintroduzir a espécie em seu habitat natural e garantir sua sobrevivência no estado.

O projeto de reintrodução conta ainda com a colaboração da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), BPA, Centro Universitário Cesmac, Projeto Arca, Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre e empresas parceiras, como as usinas Utinga e Coruripe.
Para o diretor-presidente do IMA, Gustavo Lopes, a reintrodução do Mutum-de-alagoas é um marco na fauna brasileira e um compromisso com as futuras gerações. Afinal, essa espécie representa um patrimônio ambiental para Alagoas e para todo o país.
“Nosso trabalho, em conjunto com diversas instituições e parceiros, busca não apenas reintroduzir esses animais ao habitat natural, mas também sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação da biodiversidade. Proteger o Mutum significa proteger a Mata Atlântica e todos os ecossistemas interligados a ela”, destaca Lopes.
Até o momento, o IPMA conta com um casal de mutuns. Para garantir o bem-estar das aves, os recintos são projetados para simular ao máximo o ambiente natural da Mata Atlântica.
“O Mutum-de-alagoas só existia no Litoral Sul de Alagoas, no trecho entre Maceió e Coruripe, na parte da mata que existia próxima à praia. Ele já era raro por natureza. E como a Mata Atlântica diminuiu assustadoramente, isso fez com que reduzissem muito as áreas de habitat dele, restando apenas pequenos fragmentos”, contou Fernando Pinto, presidente do Instituto para Preservação da Mata Atlântica.

A reintrodução da espécie requer não apenas esforços logísticos, mas também um ambiente adequado e seguro, além de um manejo técnico criterioso. É nesse contexto que o papel das instituições participantes se torna essencial para o sucesso da ação.
Segundo Rafael Cordeiro, médico veterinário do IMA, o Plano de Ação Estadual de Conservação do Mutum-de-alagoas segue avançando para concretizar uma nova soltura em Alagoas. Esse processo envolve um planejamento cuidadoso, que inclui monitoramento ambiental, avaliação das áreas de soltura e a colaboração de diversas instituições comprometidas com a preservação da fauna.
“O IMA faz parte do grupo gestor desse projeto e estamos trabalhando para garantir o sucesso da reintrodução da espécie. O criadouro de onde os mutuns virão fica em Minas Gerais e contamos com o apoio de diversas entidades para que essa ação ocorra da melhor forma possível”, explicou.
O trabalho de conservação do Mutum-de-alagoas teve início quando seis exemplares foram levados ao Criadouro Científico Pedro Nardelli, no Rio de Janeiro, onde um programa de reprodução foi iniciado.
Posteriormente, com o encerramento do criadouro, os animais foram transferidos para Minas Gerais e passaram a ser manejados nos Criadouros Científicos Poços de Caldas e CRAX do Brasil. Ao passar dos anos, o número de exemplares em cativeiro ultrapassou 200 indivíduos, garantindo a viabilidade da reintrodução na natureza.
A iniciativa reforça o papel do IMA na articulação de políticas públicas voltadas à conservação da fauna e ao manejo responsável de espécies ameaçadas. O trabalho conjunto entre órgãos ambientais, setor acadêmico e iniciativa privada mostra que a recuperação do Mutum-de-alagoas é resultado de planejamento técnico, cooperação e comprometimento com a conservação baseada em evidências científicas.

ATUAÇÃO E ESTRATÉGIAS DO MP/AL
- O MP/AL atua na investigação de denúncias relacionadas a poluição, descarte inadequado de resíduos e outras atividades que impactam negativamente o meio ambiente. São elas: atuação em diversas frentes ambientais; combate às queimadas, principalmente em períodos de seca; proteção do litoral de Maceió, área de grande relevância ambiental; campanhas educativas e ações de conscientização, com foco em escolas e comunidades.
- Além do trabalho conjunto com o IMA/AL, o MP/AL firma parcerias com outras instituições públicas para ampliar o alcance de suas ações e promover políticas efetivas de preservação ambiental.
Empresa alagoana investe em educação ambiental e consumo consciente
A empresa Alagoas Ambiental, do grupo Veolia, vem implementando com sucesso o Programa de Educação Ambiental (PEA), uma iniciativa que busca integrar conhecimento, reflexão e ação em prol da sustentabilidade ambiental. Voltado aos colaboradores e às comunidades do entorno, o programa atua na conscientização sobre práticas sustentáveis tanto no ambiente corporativo quanto na vida pessoal.
O PEA utiliza metodologias participativas para sensibilizar e mobilizar os participantes sobre questões ambientais urgentes, como consumo consciente, coleta seletiva, economia de recursos e redução de impactos ambientais. A proposta é capacitar todos os envolvidos para adotarem novas formas de pensar e agir frente aos desafios ambientais contemporâneos.

LINHAS DE AÇÃO DO PEA
O programa está estruturado em seis principais frentes de atuação:
-> Atitude consciente: promove o consumo responsável e a prática da coleta seletiva.
-> Qualidade de vida no trabalho: incentiva a organização dos espaços, a limpeza e a redução da poluição sonora.
-> Aspectos ambientais considerados: inclui o monitoramento do consumo de energia, água, papel e descartáveis, além da geração de lixo e ruídos.
-> Impactos ambientais a serem evitados: o programa atua na prevenção da poluição do solo, da água, do ar, sonora e visual, além da preservação dos recursos naturais.
-> Benefícios esperados: redução de impactos, consumo, desperdício e resíduos, além da melhoria da qualidade de vida e diminuição de custos.
-> Indicadores de desempenho: são utilizados para medir os resultados do programa, como o consumo de água, papel, energia e copos, bem como o volume de resíduos e a reutilização de papel A4.
No vídeo abaixo, Marnes Gomes, diretor da Alagoas Ambiental - Veolia, explica como funciona o projeto e a importância dele para o estado.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA
A iniciativa da Alagoas Ambiental está alinhada com a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) e com a Constituição Federal de 1988, que assegura o direito de todos a um meio ambiente equilibrado, impondo à sociedade e ao poder público o dever de preservá-lo.
A empresa também reforça que a educação ambiental é um processo contínuo, fundamental para preparar a sociedade para uma atuação ativa na defesa do meio ambiente e na busca por soluções sustentáveis.
Programa 5S: organização e disciplina como base da sustentabilidade
Paralelamente ao PEA, a Alagoas Ambiental adota o Programa 5S, ferramenta de gestão originada no Japão que promove a organização, limpeza e autodisciplina nos ambientes corporativos. Os cinco princípios do programa são:
-> Seiri (Utilização)
-> Seiton (Organização)
-> Seiso (Limpeza)
-> Seiketsu (Saúde)
-> Shitsuke (Autodisciplina)
Na empresa, o 5S é impulsionado por colaboradores voluntários conhecidos como Guardiões dos 5S, responsáveis por disseminar a cultura do programa, treinar colegas e realizar auditorias em parceria com os setores de meio ambiente, segurança do trabalho e recursos humanos.
MP/AL reforça atuação na defesa do meio ambiente com fiscalizações, TACs e ações judiciais
O MP/AL intensifica sua atuação na defesa do meio ambiente utilizando ferramentas como ações judiciais, Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) e fiscalizações para garantir o cumprimento da legislação ambiental e a preservação dos recursos naturais em todo o estado.
Para o promotor Alberto Fonseca, titular da 4ª Promotoria de Justiça da Capital (Defesa do Meio Ambiente), o MP/AL saiu de uma postura reativa para uma atuação proativa e com maior capacidade de cumprir seu papel.

“A atuação dos órgãos de Justiça e do próprio Ministério Público se dava de forma reativa para punir e impor medidas aos infratores”, ressaltou Alberto Fonseca, acrescentado que: “em Alagoas, o bioma Mata Atlântica ocupa menos de 10% do que já foi sua área original e, como agravante, esses fragmentos perderam seus sons originais justamente pelo desaparecimento ou redução severa de algumas espécies. Para sermos proativos, no sentido de reunir todas as forças, para dar um basta no processo constante de degradação ambiental, passamos a buscar um novo paradigma, principalmente quando o MP/AL instituiu o seu Planejamento Estratégico”, explicou.
Entre as principais ações estão a propositura de ações civis públicas com base na Lei nº 7.347/85, que trata da reparação de danos ambientais, e a celebração de TACs com órgãos como o IMA/AL, evitando a judicialização de conflitos e corrigindo irregularidades.
MPF em Alagoas atua com educação ambiental e reflorestamento
O Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas tem desenvolvido ações diretas voltadas à educação ambiental e ao reflorestamento, com foco na preservação e recuperação de áreas degradadas, especialmente matas ciliares. A iniciativa visa fortalecer a sustentabilidade e conscientizar a população sobre a importância da proteção ambiental.
Além de investigar e combater crimes ambientais, como desmatamento e poluição, o MPF promove parcerias com escolas e ONGs para realizar palestras, oficinas e eventos educativos. O órgão também atua na mediação de conflitos ambientais, por meio de TACs, buscando soluções consensuais para prevenir e reparar danos.
Entre os projetos apoiados está o trabalho da Associação Nordesta, que atua em Alagoas e Pernambuco com ações de reflorestamento e recuperação da biodiversidade.
De acordo com o MPF, educação ambiental é essencial para formar cidadãos conscientes e promover um desenvolvimento sustentável de longo prazo.
Mais informações sobre os projetos estão disponíveis no site oficial do MPF.