
Alagoas tem menos de 10% da cobertura original da Mata Atlântica. E no meio deste deserto verde, há um respiro com o Arboretum, projeto do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). É uma área verde que abriga um conjunto de espécies de plantas de todos os biomas brasileiros. Possui uma extensão de 4,2 hectares, o equivalente a aproximadamente seis campos de futebol ou ainda mais de 40 mil metros quadrados.
A área onde atualmente é o Arboretum era um espaço abandonado, utilizado para depósito de entulhos de construção civil e outros resíduos (lixo), ou seja, era uma área com presença de fatores de degradação. Hoje, pode-se dizer que é uma floresta em nível avançado de desenvolvimento.
O projeto foi idealizado pela professora e bióloga Cecília Bello, do ICBS. As informações do histórico do plantio revelam que foram plantadas 1.450 mudas de diversas espécies nativas brasileiras, muitas delas integrantes da lista nacional de espécies ameaçadas de extinção.
Grande parte das plantas existentes no local foi proveniente de plantio de mudas. “No entanto, atualmente já vemos muitas plantas jovens provenientes da regeneração natural da floresta, ou seja, isso significa que as plantas adultas estão se reproduzindo por meio da frutificação e dispersão de sementes”, informou o comitê que é formado por uma equipe cogestora, cujos membros são: Josias Divino Silva de Lucena, como curador, e os professores doutores Aleilson da Silva Rodrigues (Ensino de Ciências e Biologia), Jorge Luiz Lopes da Silva (Biodiversidade) e Marcos Vinícius Carneiro Vital (Ecologia) e Graziela Cury Guapo (Botânica).
Atualmente, os estudos realizados no Arboretum já quantificaram mais de 2.500 plantas distribuídas em 150 espécies diferentes. Como exemplo de espécies da flora brasileira que ocorrem no espaço, temos: pau-brasil, ipê-rosa, jatobá, seringueira, sucupira, cajazeiro, cedro, mogno, sabiá, visgueiro, juazeiro, entre outras.

O início da implantação do Arboretum foi em 2002. Como é uma área relativamente grande, o plantio foi gradativo e contínuo durante os anos seguintes. O Arboretum fica localizado no Campus A.C. Simões, na Ufal, em Maceió, ao lado da entrada secundária da universidade.
Atualmente, o Arboretum é um espaço muito usado para a realização de aulas práticas dos cursos de graduação e pós-graduação da Ufal, bem como para o desenvolvimento de pesquisas, estágios supervisionados e outras atividades acadêmicas.
“No campo da pesquisa, é um laboratório vivo, pois ocorrem estudos nos campos do conhecimento compatíveis com o espaço. Estudos no campo da botânica, ecologia, biodiversidade do ICBS e pesquisas de áreas afins de outras unidades, como o Centro de Ciências Agrárias (Ceca)”, destacou o comitê.
Configurando-se como espaço de educação não formal, acrescentou o comitê, há uma articulação com a comunidade na educação ambiental e divulgação científica, com a recepção de estudantes de escolas e outras entidades.
Segundo o comitê, nessa estrutura participam estudantes do curso de licenciatura em Ciências Biológicas para a realização de estágio, articulando teoria e prática em sua formação como professores de Biologia, com a contribuição no planejamento e desenvolvimento de trilhas educativas.
No âmbito da extensão, além dessa articulação com a comunidade diretamente com o Arboretum, o espaço também compõe programação de eventos acadêmicos que têm como pauta a divulgação científica e educação ambiental.
Eventos estimulam estudantes de diversas áreas no local
Dois eventos são realizados no local, a Semana de Biologia (Semabio) e a Semana de Pesquisa, Tecnologia e Inovação da Educação Básica (Sinpete), que, dentre suas programações, realizam atividades no espaço, com a participação de acadêmicos de diversas unidades da universidade, estudantes de diversos cursos, estudantes de Educação Básica e entidades de outras esferas como o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL).
“No ensino na universidade, são realizadas frequentemente aulas práticas nos cursos de bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas, por sua natureza, no diálogo com a teoria em um espaço que representa in loco a vida natureza e onde podem ser objeto de reflexão vários processos, estruturas e fenômenos estudados pela área. Na licenciatura ainda são trabalhadas habilidades dos professores de Biologia em formação, com relação à realização de aulas de campo com estudantes. Outros cursos como Engenharias, Educação Física, Pedagogia e demais áreas também fazem, eventualmente, o uso do espaço, conforme suas especificidades”, pontuaram os membros do comitê.

O espaço, frisaram, também é utilizado para desenvolvimento de atividades relacionadas à educação ambiental, pois conta com uma trilha ecológica que possibilita fornecer conhecimento aos visitantes sobre as espécies vegetais. Nesse contexto, o Arboretum recebe visitantes da comunidade do entorno, especialmente de escolas da educação básica.
“Porém, é importante informar que, devido à necessidade de manutenção e por questões de segurança, ainda não abrimos para a visitação pública nesse ano de 2025”, destacaram os membros do comitê.
Durante o ano de 2024, o ambiente ficou fechado porque o engenheiro florestal responsável pelo espaço foi redistribuído para outra universidade. Por isso, o Arboretum ainda precisa de ajustes para a retomada da visitação com segurança.
Para a visitação, os interessados devem agendar por meio de solicitação via e-mail. Assim que o local estiver em condições de voltar a receber as visitas, será divulgado no Instagram @arboretum.ufal.
O Arboretum é administrado em sistema de cogestão, por um curador, Josias Divino Silva de Lucena, que é engenheiro florestal, e uma equipe cogestora composta por quatro professores das áreas de Botânica, Biodiversidade, Ecologia e Conservação e Ensino de Ciências e Biologia, conforme o regimento do ICBS. Por meio dessa equipe, a articulação entre o aspecto administrativo, ensino, pesquisa e extensão nos diversos campos do conhecimento é potencializada.
Significado: no latim, a palavra “arboretum” tem o significado de jardim botânico ou área destinada para o cultivo de uma vegetação.

De local usado para jogar entulhos à floresta com árvores de mais de 15 metros de altura
O Arboretum é considerado um exemplo de sucesso de recuperação de área degradada, pois considerando-se que há vinte anos o local era uma área abandonada, onde eram depositados entulhos e outros resíduos (lixo), e hoje tem-se uma floresta estabelecida com plantas que atingem mais de 15 metros de altura, tem-se, claramente, um exemplo de uma área degradada que foi recuperada.
“Além disso, é uma área verde na cidade de Maceió que traz vários benefícios associados. Melhora a qualidade do ar; reduz a poluição e a temperatura; pode servir de abrigo a diversos animais silvestres que vivem nas cidades, como pássaros, insetos e até macacos; e ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, pois absorve carbono e reduz o efeito estufa”, enumerou o comitê.

E mais! O Arboretum é uma área com potencial para que se possa ensinar às diversas gerações o cuidado com a natureza, realizar trabalhos de sensibilização e formar profissionais aptos a discutir essas questões em espaços diversos, tendo a experiência do Arboretum como base.
As experiências formativas com o Arboretum estão documentadas em relatórios de experiências de estágio, eventos realizados e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) que procuram discutir sua potencialidade biológica, ecológica e educativa.
Quem passou por uma experiência bastante positiva no Arboretum foi Vanessa Lessa Araújo. Atualmente com 21 anos e a caminho do 7° período de licenciatura em Ciências Biológicas.

“Reconheço que foi uma ótima oportunidade em poder estagiar no Arboretum, conhecendo a história. Participar do momento de restauração do local foi ainda melhor”, contou.
A jovem iniciou a participação no Arboretum devido à disciplina de estágio obrigatório em espaço não formal. “Inicialmente, foram momentos complicados, uma vez que já que não havia mais tanto orçamento (resultando na falta de jardinagem) e a entrada de um novo técnico responsável pelo local (que também estava aprendendo a história do Arboretum e suas atividades)”, recordou.
Com o passar do tempo, acrescentou Vanessa, fomos consultando materiais que encontramos no local, como monografias, e fomos construindo em nossas mentes (eu, minhas amigas estagiárias e nosso supervisor, responsável pelo Arboretum) a história do local. A universitária destacou o trabalho da professora e bióloga Cecília Bello, do ICBS, que fez o trabalho de reflorestamento.
Vanessa Lessa Araújo relembrou sem saudades o tempo em que o Arboretum ficou sem jardinagem, sem técnico responsável, e consequentemente, sem visitas, durante cerca de um ano.
“A natureza acabou tomando conta do local, cobrindo a trilha. Muita coisa foi perdida como o jardim medicinal e o viveiro de mudas. Sabendo que o Arboretum é um importante local para pesquisas e desenvolvimento de atividades relacionadas à educação ambiental, eu e minhas amigas estagiárias, pensamos em revitalizá-lo para que ele pudesse ser novamente utilizado para esses fins. Dessa forma, fizemos o plantio de algumas mudas no jardim medicinal e no viveiro de mudas, e também limpamos as trilhas para que elas ficassem mais visíveis. Além disso, havia outro fator, como o nosso supervisor também era novo no local, nos faltavam informações sobre o que deveríamos falar em cada ponto da trilha, o que mostrar, como mostrar, por exemplo. Então produzimos também um roteiro do que pode ser dito, e sobre o que pode ser dito, como também pensamos em uma atividade didática que intitulamos como bingo ecológico, uma atividade para crianças para que a trilha se tornasse mais interativa para elas. Além disso, também conseguimos reativar o Instagram, preparando alguns posts de datas comemorativas”, recordou, bem mais aliviada.

MPF atua com ações diretas de educação ambiental e reflorestamento em Alagoas
- O Ministério Público Federal em Alagoas atua na área de educação ambiental e reflorestamento, com o objetivo de recuperar e preservar o meio ambiente, com foco em ações que promovem a sustentabilidade e a conscientização da população. O órgão acompanha e investiga casos de crimes ambientais, como desmatamento ilegal e poluição, com intuito de buscar e responsabilizar os infratores e a recuperação dos danos ambientais.
- Além disso, busca conscientizar a população em geral sobre a importância da preservação ambiental, realizando projetos e parcerias com instituições de ensino e organizações não governamentais (ONGs). O MPF em Alagoas apoia ainda iniciativas de reflorestamento, especialmente em áreas degradadas e de mata ciliar, como as que a Associação Nordesta faz em Alagoas e Pernambuco, buscando a recuperação da biodiversidade e a melhoria da qualidade ambiental.
Biólogo relembra passagem pelo projeto
O biólogo Franklin de Lima Silva, de 46 anos, formado pela Ufal em 2004, também esteve no Projeto Arboretum, em 2002. Foram tantos aprendizados que ele entrou como estagiário, não lembra quanto tempo estagiou, mas recorda, com carinho que mesmo ao concluir a graduação, continuou frequentando o Arboretum como colaborador voluntário.
Quando o agora biólogo chegou ao Arboretum, ainda como universitário, havia uma área aberta e o plantio de mudas estava apenas começando.
“Havia um pequeno viveiro de mudas e canteiros para semeadura do lado de fora desse viveiro. Eu e os outros estagiários plantávamos sementes nos canteiros e depois transplantávamos as mudinhas para sacos de mudas. Procurávamos árvores nativas da Mata Atlântica para obtermos sementes e levarmos para o Arboretum. Com as mudas um pouco crescidas, levávamos então para serem plantadas no terreno, em lotes, com corredores para a gente passar. E nós regávamos as mudas nos meses mais secos, com mangueiras ou levando água em regadores”, citou, com riqueza de detalhes, o trabalho daquela época, destacando também o empenho da bióloga Cecília Bello.
Segundo ele, todos os estagiários colaboravam para a formação do bosque. Mas, particularmente, ele participava de um grupo de profissionais e entusiastas de plantas, o “Arbores Brasileiras”. O grupo trocava, entre si, sementes de árvores nativas do Brasil.

“Recebi muitas sementes de árvore de várias partes do Brasil e levei para o Arboretum. Fui um dos que mais colaboraram com fornecimento de sementes de árvores nativas do Brasil, mesmo depois de ter saído do estágio no Arboretum. Ou eu continuava recebendo sementes ou eu mesmo coletava e levava para o Arboretum”, afirmou.
A professora e bióloga Cecília Bello afirmou que o projeto começou apenas com mudas de pau-brasil. Na época, ainda era o CCBI [Centro de Ciências Biológicas], na Praça da Faculdade.
“A ideia era fazer uma homenagem aos 500 anos do Brasil, que foi em 2000, e trabalhar a parte de educação ambiental. O objetivo era visitar várias escolas. Então levávamos uma exposição fotográfica e as mudas de pau-brasil. Plantávamos uma árvore em cada local que íamos”, contou.
A professora disse que, com o tempo, outras espécies de plantas passaram a ser coletadas para o projeto. Com a quantidade de plantas coletadas aumentando, houve a necessidade de o espaço ser também maior.
“Começamos a introduzir espécies como ipê, sucupira e outras árvores, todas nativas da flora brasileira, principalmente da Mata Atlântica. Isso ainda no CCBI. De repente, o projeto não tinha como crescer mais, pois não tínhamos mais espaço por lá. Entramos em contato com a reitoria [da Ufal] para conseguirmos uma área no campus para trabalharmos com essa produção de mudas. Neste momento, o terreno nos foi disponibilizado”.
O espaço estava praticamente abandonado. Havia detritos e entulhos por todos os lados. No terreno, não havia praticamente nada, recordou. “Exceto muita metralha. Eram restos de construções de obras da própria Ufal. Tinha um funcionário da universidade que gostava de plantar, então encontramos, no meio dos entulhos, algumas sucupiras que tinham sido plantadas por ele. Fora isso, no terreno, também tinha um baobá que foi trazido por um professor”, recordou.
Para a limpeza da área, Cecília Bello lembrou que foi usado um maquinário para a remoção dos entulhos. “Tinha uma máquina que fazia escavação. Após a retirada da maior parte dos detritos, ainda sobraram restos de lâmpadas fluorescentes pelo chão. Aí começamos a plantar. Para cada muda que a gente plantava, a gente não cavava no local apenas o espaço para a planta. A gente abria um espaço de, pelo menos, um metro quadrado. E assim trabalhávamos em cada lugar que íamos plantar”, pontuou.

A professora comentou ainda que as primeiras mudas plantadas no terreno foram de sucupiras e de vários tipos de ipês, além de uma grande quantidade de pau-brasil. “O contorno de toda a área, a frente e as laterais, foi preenchido com mudas de pau-brasil”.
Ainda conforme Cecília Bello, à época, também foram plantados visgueiros, peroba do campo, jacarandá-mimoso, pau-de-jangada, entre outras várias espécies.
A professora e bióloga explicou que, ainda no início das plantações no terreno, os estudantes universitários já tinham contato com o Arboretum, que começou como um projeto de extensão.
“Na época, era um grupo de estudantes de Biologia, cerca de 10 alunos. A construção do viveiro de mudas foi feita por mim e pelos alunos. Depois, outros universitários tiveram interesse no projeto, como os dos cursos de Agronomia e Geografia. Após um tempo, começamos a trabalhar com plantas para paisagismo. Foi a vez dos estudantes de Arquitetura se juntarem a nós. Os alunos de Pedagogia formaram uma grande equipe e trabalhávamos com eles a educação ambiental dentro das escolas”, detalhou a professora.
Atualmente aposentada, a professora Cecília Bello deixou o projeto no ano de 2006. “Eu me aposentei e saí. Passei a coordenação do projeto para a professora Flávia de Barros Moura [também do ICBS]. Durante meu tempo lá, fizemos parceria com o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, através do Parque Municipal, e fazíamos troca de mudas e troca de ideias. Tinha vários eventos que a gente trabalhava junto, como, por exemplo, projetos do Ibama ligados à Funai [Fundação Nacional do Índio] para desenvolvermos viveiros de mudas em aldeias indígenas”, relembrou.
A professora Flávia Barros, do ICBS, já foi coordenadora do projeto Arboretum. Na sua avaliação, o local é um refúgio de diversidade no coração do campus.
“O Arboretum da Ufal é muito mais do que um espaço verde dentro de um campus universitário. Trata-se de um verdadeiro laboratório vivo, uma área de conservação e um ponto de encontro entre ciência, educação ambiental e restauração ecológica. Criado em 2002 pela professora Cecília Bello, inicialmente como um viveiro e um espaço de restauração ambiental, o Arboretum evoluiu ao longo dos anos para se tornar a mais importante área verde da Ufal, abrigando hoje mais de 100 espécies de plantas, incluindo exemplares ameaçados de extinção”, detalhou a professora.
Flávia Barros recordou que a história do Arboretum começou com uma visão: a de criar um espaço onde fosse possível cultivar espécies nativas, recuperar áreas degradadas e promover a educação ambiental dentro da universidade.
A professora Cecília Bello, acrescentou, “pioneira nesse projeto, viu no terreno uma oportunidade de reconectar a comunidade acadêmica com a vegetação local, plantando as sementes de um projeto que, mais de duas décadas depois, floresceria de forma exuberante”.
“Em 2009, assumi a coordenação do Arboretum, e com ela vieram novas direções e práticas para aprofundar o processo de restauração ecológica iniciado por minha predecessora. Um dos primeiros passos nessa nova fase foi a incorporação de serrapilheira ao solo – uma estratégia ecológica baseada no retorno da matéria orgânica à terra. A serrapilheira, composta por folhas secas, galhos e restos vegetais e sementes, desempenha um papel essencial na ciclagem de nutrientes, na retenção de umidade e na melhoria da estrutura do solo, contribuindo significativamente para a regeneração da vegetação nativa através do aporte de sementes. Serrapilheiras foram trazidas de várias matas de alagoas, coletadas predominantemente de aceiros de usinas”.

Além disso, recordou a professora, “introduzi o plantio de herbáceas, com foco especial em espécies da flora local, como as bromélias – algumas delas classificadas como ameaçadas de extinção. As bromélias são plantas fascinantes, adaptadas a diferentes ambientes e extremamente importantes para a biodiversidade, pois oferecem abrigo e alimento para uma variedade de organismos. A introdução dessas espécies ampliou a complexidade ecológica do Arboretum”.
“Hoje, o Arboretum da Ufal abriga uma coleção com mais de 100 espécies vegetais, entre árvores, arbustos e herbáceas, muitas delas nativas da Mata Atlântica e do ecossistema da Caatinga, biomas presentes em Alagoas. O espaço é especialmente significativo por incluir espécies ameaçadas de extinção, o que reforça seu papel como banco genético e como local de conservação ex situ. Entre as espécies mais notáveis, destacam-se exemplares de pau-brasil (Paubrasilia echinata), ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), jatobá (Hymenaea courbaril), além de várias espécies de bromélias e orquídeas nativas”, detalhou.
Mas o valor do Arboretum, contou Flávia Barros, vai além da flora que abriga. Ele se consolidou como um importante centro de educação ambiental, sendo visitado regularmente por estudantes, professores, pesquisadores e membros da comunidade externa. O espaço é utilizado em atividades práticas de cursos das áreas de biologia, ecologia, agronomia e engenharia florestal, servindo como campo de observação, coleta de dados e realização de experimentos ecológicos.
Nos últimos anos, o Arboretum também passou a integrar ações de extensão, envolvendo escolas públicas em atividades de plantio, trilhas interpretativas e oficinas sobre flora nativa e restauração ecológica.
“Hoje, mais de vinte anos após sua criação, o Arboretum da Ufal representa um exemplo notável de como iniciativas acadêmicas podem promover transformações significativas tanto no ambiente quanto nas pessoas. Sua importância para a Ufal é incontestável: é o maior e mais relevante espaço verde do campus, e um dos poucos pontos de vegetação contínua que resistem ao avanço da urbanização na região. Como coordenadora de 2009 a 2015, tive a honra de testemunhar a transformação desse espaço e a construção de uma memória coletiva ligada à natureza”, finalizou.
IMA e sua atuação na conservação ambiental das florestas
O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas afirmou que desenvolve ações de reflorestamento e educação ambiental em comunidades próximas às áreas de preservação da Mata Atlântica. Entre os projetos, destaca-se o Alagoas Mais Verde, que promove o plantio de mudas nativas com a participação de escolas e moradores.
O IMA explicou que também realiza atividades educativas por meio das gerências de Unidades de Conservação e de Educação Ambiental, orientando a população sobre o uso sustentável dos recursos naturais. O órgão ambiental elabora ações em parceria com instituições públicas e privadas, além de entidades da sociedade civil.
Licenciamento ambiental e afrouxamento das leis
O que mais preocupa as autoridades ambientais no momento, justamente em relação à preservação da Mata Atlântica, são os mais recentes acontecimentos na Câmara dos Deputados.
Em votação durante a madrugada do dia 17 de julho, os deputados federais aprovaram o afrouxamento das leis que regem o licenciamento ambiental no Brasil.
A votação foi pouco antes das 2 horas e contou com o empenho do presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos, e a pressão da bancada ruralista. O texto tramitava havia 21 anos e foi o último a ser analisado pelos deputados antes do recesso parlamentar do meio do ano. O relator disse que as mudanças não representam risco ao meio ambiente.

“Nós buscamos regras e prazos claros. Nós queremos aperfeiçoar os processos de licenciamento ambiental. Nós buscamos vencer a burocracia e assegurar, na prática, de verdade, a conservação ambiental. Nós estamos mantendo todo o rigor na avaliação dos impactos ambientais. O que nós estamos propondo é uma atualização, uma racionalização dos processos de licenciamento ambiental”, afirmou o deputado Zé Vitor, do PL-MG.
O projeto de lei afrouxa as regras para o licenciamento ambiental no país. Por exemplo, facilita a licença para empreendimentos com potencial de impacto no meio ambiente, como viadutos, pontes, hidrelétricas e barragens de rejeitos. Dispensa a licença para outras obras, como a ampliação de estradas, e para atividades como agricultura tradicional e pecuária de pequeno porte.
Passa a existir o licenciamento automático feito por autodeclaração, sem análise prévia de órgão ambiental. Os responsáveis por empreendimentos de pequeno e médio potencial poluidor vão precisar apenas prometer seguir os limites da lei. A fiscalização vai ser apenas por amostragem.
Não são mais obrigatórias as regras do Conselho Nacional do Meio Ambiente para licenciamento de atividades de mineração de grande porte ou de alto risco.
A proposta exclui a necessidade de aprovação do Ibama para corte de vegetação da Mata Atlântica – um dos biomas mais devastados do Brasil –, deixando a autorização para estados e municípios. O projeto também anula trechos da Lei da Mata Atlântica que restringem a derrubada de matas primárias e secundárias.
Votaram a favor do novo marco do licenciamento ambiental 267 deputados e 116 parlamentares foram contra.
Sanção
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, na sexta-feira (8/8), com vetos, o polêmico projeto de lei (PL) aprovado pelo Congresso Nacional que elimina ou reduz exigências para o licenciamento ambiental no Brasil.
Lula vetou 63 dos 400 dispositivos propostos pelo PL do Licenciamento Ambiental ou PL da Devastação – como vinha sendo chamado por ambientalistas – aprovado pela Câmara no dia 17/7.
O Planalto informou que os vetos garantem “proteção ambiental e segurança jurídica” e foram definidos após escutar a sociedade civil.
Ministério Público Estadual e a atuação na preservação ambiental
Anualmente, o Ministério Público Estadual coordena, por meio da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, a Operação Mata Atlântica. A mais recente ultrapassou os 800 hectares de áreas embargadas e aplicou multas que chegaram a quase R$ 6 milhões.
A operação é realizada com o propósito de evitar qualquer tipo de degradação ao meio ambiente. A Operação Mata Atlântica é desencadeada para combater o desmatamento.
A ação acontece em parceria com o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), o Ibama, o IMA, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério Público Federal (MPF).
Ao todo, a operação definiu 75 alvos e confeccionou 67 autos de infração. No relatório final consta que fora da Área de Preservação Permanente (APP) 787, 09 hectares sofreram embargos; outros 45,33 foram feitos dentro da área. O somatório atinge, portanto, o número de 832,42 hectares embargados. Por tais irregularidades, as multas chegaram a um valor de R$ 5.639,910,00.
Com os termos de embargos e os autos de infração aplicados, os exploradores ficam terminantemente proibidos de desenvolver atividades nas referidas áreas. O promotor de Justiça Alberto Fonseca, titular da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, ressaltou os impactos negativos que o desmatamento causa ao meio ambiente. “São muito nocivos os efeitos da devastação do planeta ocasionados pelos desmatamentos. Como uma das consequências, estão os impactos gerados pelas mudanças climáticas abruptas, com drásticas perdas de biodiversidade e habitats, acarretando o decremento dos serviços ecossistêmicos que a natureza oferece gratuitamente à humanidade, colocando em risco a vida do homem e demais seres vivos”, frisou o promotor de Justiça, ao completar que as ações de preservação devem ser urgentes, sob pena de vivermos em um “deserto verde”.

O órgão também tem o Programa Pró-Reservas onde estimula a criação de RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural. E também coordena o Programa de Refaunação.