Minutos que salvam: resposta rápida ao AVC traz novas oportunidades aos pacientes
Pioneiro no país, programa AVC Dá Sinais já atendeu mais de 5 mil pessoas em Alagoas; projeto é inspiração para outros estados e existem ainda associações aliadas a pacientes e familiares
Por Lucas França e Valdete Calheiros - Repórteres / Bruno Martins: Revisão / Foto: Carla Cleto: Ascom Sesau | RedaçãoO Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um inimigo que ninguém quer encontrar nos labirintos da vida. Ele pode ser fatal. Mas é também prevenível. As pessoas que já tiveram um AVC e sobreviveram precisam extrair de si mesmas e daquelas mais próximas a vontade para ressignificar a vida, muitas vezes reaprendendo até mesmo a andar e falar.
Guilherme Syllos estava no auge da sua juventude. Aos 24 anos, ele trabalhava e estudava. Cheio de sonhos e projetos, o jovem estava se preparando para aproveitar as férias. Ia viajar para o Maranhão, onde visitaria o tio e passaria uma temporada. Depois de tanta correria com a faculdade e o trabalho na empresa, era justo e merecido aquele descanso. Preparou tudo. Foi um dia normal. Foi dormir ansioso com a viagem do dia seguinte, porém algo diferente aconteceu. À noite, no quarto, deitado para dormir, ainda assistindo um pouco de televisão, começou a sentir uma dor de cabeça muito forte. Sua mãe não estava, então resolveu falar com a babá da sua irmãzinha. Ela entrou em contato com a sua mãe, que veio rapidamente. Guilherme falou com ela, aos berros, já com muita dor. E não deu tempo de mais nada, apenas dele voltar para o quarto. Logo em seguida apagou.
Na época, chegaram a pensar que se tratava de uma sinusite muito forte e o medicaram. No entanto, a mãe de Guilherme começou a se questionar. Ela sabia que aquilo não era normal.
Teve sinusite e sabia que não era daquela forma. Resolveu ir para outro hospital logo que amanhecesse. Guilherme já não conseguia nem colocar os chinelos nos pés de forma correta. Ao chegar ao hospital, não puderam realizar um exame que faria o diagnóstico correto, pois a máquina que seria utilizada estava quebrada. Correria. Foram para outro hospital e lá foi constatado o AVC hemorrágico. O caso era gravíssimo. Já desacordado, ele foi levado para a Santa Casa. Nesse momento a família de Guilherme ajustava os detalhes para levá-lo de avião até São Paulo, mas não deu tempo.
Guilherme apresentou uma piora e precisou ser encaminhado imediatamente para cirurgia. Após o procedimento cirúrgico, ficou cerca de um mês no hospital. Não conseguia ler, nem escrever. Seu equilíbrio era zero, não conseguia andar. Guilherme relata que, na época, ele sabia que existiam as palavras, queria se expressar, dizer o que precisava, mas não conseguia. Tinha noção do que queria falar, mas não sabia como. Ele lembra que, no hospital, sua mãe fez um teste. Pegou um brinquedo da irmãzinha com algumas figuras de animais. Ela mostrou a figura de um cachorro e perguntou ao filho o que era. Guilherme sabia que se tratava de um cachorro, mas não conseguia falar.
Então, a mãe mudou a metodologia. Entregou ao filho as figurinhas. Em seguida, pediu que ele entregasse a ela a figurinha do cachorro. Prontamente, Guilherme fez isso. E repetiu com gato e todos os outros animais. Foi quando Solange entendeu que apesar de compreender as coisas, seu filho não conseguia era falar.
Guilherme lembra que, ao voltar para casa, queria retornar ao trabalho e ter uma vida normal. Voltou para a empresa da família, onde trabalhava, mas percebeu rapidamente que não daria. Não daria, pois não conseguia ler ou escrever. Além disso, ficava muito cansado e sentia fortes dores de cabeça. Iniciou fisioterapia em uma clínica bem pertinho de onde morava, só precisava atravessar a rua. Mas nem isso ele conseguia. Precisou que alguém o levasse e o buscasse. Fazia terapia ocupacional, fisioterapia, hidroterapia e outros métodos, todos nessa clínica perto de casa.
Ele entendeu que sua vida voltaria ao normal por etapas. Uma coisa de casa vez. Um objetivo por ano. Primeiro, foi a locomoção. Depois, cuidou da saúde de forma geral. No terceiro ano, focou em praticar esportes e decidiu fazer tênis. Nessa fase, começou também a ler as palavras. Buscou uma escola de reforço para reaprender a ler e escrever. Ele recorda que tudo que o professor falava, automaticamente ele ia se lembrando. Era como se um véu estivesse sendo removido da sua frente e, aos poucos, voltava à normalidade. Aproximadamente um ano e meio depois, resolveu voltar para a faculdade. Antes, ele fazia Administração, mas a faculdade entrou em contato para sinalizar um novo curso, esse mais adequado para o momento que Guilherme vivia: Design Gráfico. No início foi difícil. Teve crises, dores de cabeça. Quando estava em algum lugar com muito barulho, não conseguia ficar, precisava sair, dar uma volta, espairecer.
Mas, provando sua própria força de vontade e superação, Guilherme concluiu a faculdade e voltou a trabalhar na Zampieri, empresa da família. Hoje, ele tem 38 anos, está na ativa, e trabalha também fazendo mandalas. No processo de reabilitação, conheceu uma pessoa que fazia reiki. É uma técnica japonesa que consiste na imposição de mãos para transferência de energia. Como parte desse tratamento, ele pintava desenhos, entre eles, mandalas. Daí então surgiu a paixão por esse símbolo que hoje é uma das atuações profissionais do designer.
AVC do filho fez mãe liderar centenas de vítimas em uma jornada pela vida
A mãe de Guilherme, Solange, foi o seu maior suporte sempre. Mas ele também contou com muito carinho, muito apoio de toda família, e dos amigos também. No começo, quando ainda estava no Hospital, a família toda veio de outras cidades onde moravam para visitá-lo. Existia um hábito familiar de todo fim de ano viajar para um desse lugares, onde todos pudessem ficar juntos. No ano em que Guilherme teve o AVC, o projeto era ir ao Maranhão para a casa do tio. Mas, em decorrência do que houve, todos mudaram a programação e foram para Maceió, onde a família de Guilherme morava, mesmo tendo as passagens compradas para o Maranhão e o tio estando com tudo pronto para receber a família lá. Os amigos também estiveram presentes no hospital aguardando por notícias e dando apoio.
Mas foi a mãe, foi Solange quem deu suporte 24 horas por dia, durante todo o tempo. Ajudando em tudo. Além disso, a avó, que morava em outra cidade, se mudou para Maceió por um tempo, justamente para ajudar. E foi assim que em 2010 Guilherme e a mãe decidiram ressignificar toda dificuldade enfrentada por eles. Criaram a Associação Ação AVC, uma entidade que visa levar esperança e novas possibilidades aos que estão envolvidos com o Acidente Vascular Cerebral, promovendo informações, abrindo espaço para a troca e para o crescimento de todos os envolvidos. Na empresa da família, já existia uma atuação voltada à responsabilidade social, mas após o AVC de Guilherme, queriam fazer algo direcionado para essa temática, pois sabiam que podiam fazer algo, um trabalho bem feito, divulgando o que é o AVC, espalhando informações que podem salvar vidas.
Guilherme se enxerga hoje na fase da aceitação por tudo que aconteceu. Ele entende que muitas coisas não voltaram ao normal, mas recorda que logo no começo, quando ele chegou do hospital, passava o dia inteiro em uma cadeira giratória no seu quarto e não fazia nada. Foi quando percebeu que não era aquilo que ele queria para sua vida, que existiam muitas coisas que ele queria fazer, e não ficar ali daquele jeito. Ele decidiu que queria viver. E hoje, quando olha para tudo que se passou, pelas etapas da sua reabilitação, enxerga muitas conquistas: a prática de esportes, a faculdade, o trabalho, a volta a dirigir o carro, as viagens que faz - e sozinho, por muitas vezes. Vendo tudo isso, Guilherme compreende que tem muitas coisas a fazer ainda, mas que já conquistou muitas outras também. E sabe que é aos poucos que se chega lá.
É uma aventura, como ele mesmo diz. Errou? Não tem problema. Amanhã faz de novo até conseguir. Com persistência. E vai se superando cada vez mais. É um processo. Guilherme diz que quando teve AVC, tentou fazer tudo de novo, como se nada tivesse acontecido, mas depois parou, compreendeu que precisava respeitar-se e fazer coisa por coisa, etapa por etapa. É claro que tem muito para melhorar. Quer morar sozinho, ter independência total. Mas a independência vem aos poucos.
A mensagem que ele deixa para quem está passando pelo que ele passou é que tenha paciência, pois com calma e determinação é possível chegar lá. Fazer as coisas aos poucos, pois todos têm dificuldades, mas vão superando, uma a uma. Não adianta querer resultados rápidos. É preciso ter o foco, pois haverá momentos em que não será possível fazer muitas coisas. Mas aí você precisa aceitar, se olhar e se acolher e adequar-se ao tempo. Você vai conseguir. Vai conseguir tudo isso que quer e muito mais.
Assim como Guilherme, a consultora de negócios Tatiana Lima, atualmente com 48 anos, foi vítima do AVC, só que em fevereiro de 2014. Na época ainda não existia o Programa AVC Dá Sinais e o suporte foi diferente. No entanto, ela superou a doença e hoje fala de suas conquistas. Ouça a história nos áudios abaixo.
'Não existia em nenhum lugar do mundo um programa que interligasse tantas unidades, especialmente toda uma unidade federativa como o Estado' - neurologista Matheus Pires, coordenador do Programa AVC Dá Sinais
Associação Ação AVC tem uma presidente de coração pulsante
Solange Syllos é uma empresária do ramo imobiliário. Em 2004, viveu dentro da sua casa uma experiência com o AVC. Seu filho Guilherme Syllos, com apenas 24 anos, teve um AVC hemorrágico. Essa experiência a inspirou a unir forças para abordar todas as fases da doença, desde a prevenção até a reabilitação, conscientizando e apoiando as pessoas, ao mesmo tempo em que influencia as políticas públicas relacionadas. Ela fundou a Associação Ação AVC e é presidente, liderando um movimento de inspiração e superação.
“Convivi com as perdas e as necessidades de informações que o AVC produz em uma família. Em uma fração de segundos tudo muda e muitas coisas desabam, tais como sonhos e planos. Nesse difícil momento, sentimentos como a tolerância e perseverança ingressam na nossa vida. Todos os envolvidos precisam reinventar-se. Na construção de um novo eu, o acometido de AVC não pode nutrir o medo de mudanças”, contou, emocionada.
Conforme Solange Syllos, os que passaram pela experiência do AVC, seja no papel de vítima da doença ou do familiar, aprendem o valor de cada segundo na vida. Porque em apenas um segundo as situações se invertem, a vida se modifica e todos temos que aprender o verdadeiro sentido das palavras recomeço, paciência e perseverança.
“Aprendemos também a distinguir (com grande dificuldade, é bem verdade) a dualidade entre aceitar as perdas e ao mesmo tempo criar coragem para o recomeço. A coragem chega de mansinho, vinda de uma força superior que nem sempre conhecemos, muitas vezes nem sabemos que temos ela dentro de nós. Essa energia universal divina está presente dentro de cada um e traz a força em forma de semente, que cresce, se expande, transborda e faz a vida acontecer. O AVC não pode representar a renúncia dos nossos melhores sonhos. Sim, existe vida após o AVC”, afirmou Solange, que ressignificou a própria vida para ajudar ao filho e agora, juntos, ressignificam a vida de centenas de pessoas vítimas do AVC.
A sede da Ação AVC foi inaugurada no início de 2020, dias antes do isolamento social pela Covid-19. Com isso, o local ficou fechado e a estrutura sofreu com chuvas e a falta de uso. Após uma grande reforma, o CAAVC – Centro de Acolhimento Ação AVC foi reinaugurado no dia 19 de março deste ano.
Criada em 2010, Associação Ação AVC atende pacientes e familiares
Em Alagoas, a Associação Ação AVC é, desde 2010, aliada de centenas de milhares de pacientes, familiares e cuidadores de AVC. Entre os associados, a pessoa mais nova a ter um AVC tem 27 anos e a pessoa de mais idade tem 90 anos.
A jornada começou em 2010, após o filho de Solange Syllos, Guilherme Syllos, então com apenas 24 anos, sofrer um AVC. “Naquela época, eu não poderia imaginar o impacto que esse espaço acolhedor teria na vida de centenas de pessoas em todo o Brasil”, contou a fundadora e presidente da Associação Ação AVC.
Nesse contexto, a Ação AVC – cujo nome incorpora o compromisso com a prevenção – objetiva inspirar cada pessoa que os acompanha a promover a conscientização sobre essa doença.
A Ação AVC é um espaço para compartilhar informações sobre a doença e amenizar o sofrimento de outras pessoas que viessem a passar pela mesma situação. Conforme ela, o grupo de apoio é mais do que uma comunidade, reúne pessoas incríveis que tiveram uma nova chance na vida e que, diariamente, inspiram a associação a continuar em seu propósito.
A Associação Ação AVC é uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a apoiar pacientes de AVC, seus familiares e cuidadores. Trata-se de um movimento apaixonado e comprometido com o propósito claro de compartilhar conhecimento sobre o AVC, para inspirar esperança e novas possibilidades aos que estão envolvidos com o Acidente Vascular Cerebral.
Além disso, a Associação Ação AVC tem como propósito ampliar o acesso a informações sobre prevenção e sobre a identificação rápida dos sinais de um episódio de AVC, com o intuito de que pessoas acometidas pela doença tenham maiores chances de sobrevivência e recuperação. A entidade desenvolve inúmeras atividades, a exemplo de campanhas informativas, criação de materiais e conteúdo para disseminar informações importantes, palestras empresariais, levando a prevenção ao AVC para o local de trabalho e conscientizando os colaboradores das empresas, grupos de apoio presenciais e digitais, além de oferecer acolhimento tanto para pacientes quanto para familiares.
A Ação AVC conta com o Projeto Rodas Amigas, onde angaria e distribui cadeiras de rodas para melhorar a mobilidade de pacientes de AVC. A entidade também realiza o Simpósio Alagoano de AVC, evento para profissionais da saúde e acadêmicos, onde são compartilhados conhecimentos científicos. Tem ainda a Semana Ação AVC, um evento online e gratuito para pacientes e familiares, onde é oferecido suporte e esperança.
Há ainda o Workshop Multidisciplinar Ação AVC, o primeiro evento voltado para o público leigo, dentro do Congresso AVC. O conhecimento sobre o AVC e a orientação de cuidados específicos são fundamentais para a vida de quem já sofreu um AVC. Para manter seus projetos, a Ação AVC precisa de ajuda.
Ao se tornar um associado, o cidadão se une a uma comunidade comprometida com a oferta de suporte, informações essenciais e esperança às famílias afetadas pelo AVC. A ficha de associado está disponível para preenchimento pelo link: https://docs.google.com/forms...
É possível contribuir para o trabalho da Ação AVC fazendo doações que ajudam a financiar os programas de apoio e conscientização sobre AVC, impactando diretamente a vida das pessoas afetadas por essa condição. A Associação Ação AVC funciona na Rua Joāo Camerino, 200D, Pajuçara. O Pix para doações tem como chave o CNPJ 16.917.582/0001-05.
O grupo de apoio a pacientes e familiares é um espaço dedicado ao encontro, aprendizado e troca de experiências, especialmente projetado para aqueles que foram afetados pelo AVC, seus familiares e cuidadores.
No grupo, os participantes têm a oportunidade de refletir sobre a jornada do tratamento sob novas perspectivas, descobrindo estratégias para superar desafios e lidar com o cotidiano modificado.
O CAAVC (Centro de Acolhimento Ação AVC), localizado em Maceió, Alagoas, acredita na força da comunidade e no poder da recuperação em conjunto. O objetivo é oferecer um espaço acolhedor e terapêutico para todos aqueles que foram afetados pelo AVC.
Para a inscrição clique aqui: https://forms.gle/e446ZuaUmfmRUKu28.
Os grupos de apoio são desenhados para proporcionar suporte emocional, compartilhar experiências e promover a troca de informações úteis sobre a reabilitação e a vida pós-AVC. O caminho da recuperação pode ser desafiador e ter um espaço seguro para conversar e receber apoio é fundamental.
A Associação Ação AVC também acompanha políticas públicas e representa o Brasil na World Stroke Organization (WSO) desde 2012. Reconhecida como de Utilidade Pública pela Lei nº 6.572 de Maceió, a entidade atua para conscientizar e apoiar a população em geral sobre a doença.
OFICINAS TERAPÊUTICAS
Além dos grupos de apoio, a entidade oferece uma variedade de oficinas terapêuticas que complementam o processo de recuperação e promovem bem-estar e qualidade de vida.
Entre as oficinas estão a Oficina de Pintura de Mandalas. As mandalas, com seus padrões complexos e simétricos, são mais do que apenas belas figuras, elas são ferramentas poderosas de meditação e terapia. Esta atividade não é apenas artística, mas também uma poderosa ferramenta terapêutica. A prática de pintar mandalas ajuda a reduzir o estresse, melhorar a coordenação motora e estimular as funções cognitivas. É uma excelente atividade complementar para aqueles que estão em processo de recuperação pós-AVC.
Entre os benefícios cognitivos estão a estimulação da criatividade, a atenção plena e a coordenação motora, especialmente benéfica para aqueles em recuperação pós-AVC; a redução do estresse, já que a atividade proporciona um ambiente relaxante e calmante, ajudando a reduzir a ansiedade e promover a paz interior, além de oferecer uma forma de expressar emoções e sentimentos, muitas vezes difíceis de verbalizar.
Outra oficina é a Oficina Terapêutica de Psicologia – Cuidar de Quem Cuida: Autocuidado e Amor Próprio. Nesta oficina, são abordadas dicas e orientações práticas para que o bem-estar esteja presente na vida de todos, independentemente dos obstáculos que estejam enfrentando. O foco será no autocuidado e no amor próprio, aspectos essenciais para todos, especialmente para quem cuida de outras pessoas, seja profissionalmente ou em seus lares.
Na Oficina Terapêutica de Psicologia é trabalhado o autocuidado com estratégias para incorporar práticas de autocuidado no dia a dia, garantindo que a pessoa tenha a energia e a saúde necessárias para cuidar dos outros. São repassadas técnicas para desenvolver o amor próprio, reconhecer o valor de cada pessoa e a importância, além de promover uma autoimagem positiva. O leque é extenso.
Podem participar das oficinas pacientes de AVC, cuidadores e familiares. Além disso, existe um leque de atividades para o voluntariado, como pessoas das áreas de saúde, comunicação, marketing, administração, engenharia, entre outras. Ou sobretudo, qualquer pessoa interessada em ajudar no desenvolvimento das atividades da Ação AVC. O grupo de apoio tem 135 membros, 55 familiares e 178 voluntários.
E-book da Associação Ação AVC
Pessoas se conectam através das suas histórias. E algumas histórias foram conectadas por um AVC. O exemplo do outro tem o poder de tocar profundamente nossos corações e provocar mudanças de atitude e comportamento, além de nos inspirar ao recomeço.
O e-book da Associação Ação AVC é um convite para se conectar com o extraordinário na vida de pessoas comuns; uma oportunidade para conhecer histórias reais, inspiradoras e impactantes, de quem tem muito para nos ensinar sobre perseverança, pois enfrentaram o inimaginável e emergiram mais fortes. Ao final desta jornada, é impossível não olhar para a vida com um novo significado, buscando se cuidar mais e se manter bem informado.
Ao reunir histórias de quem enfrentou um AVC, a Associação Ação AVC conecta as pessoas ao poder humano de superação. Pessoas que, com muita força de vontade, superaram e ainda superam desafios diariamente. Eles não apenas sobreviveram, mas abraçaram a oportunidade de renascer, reinventar-se, realizar desejos antigos, descobrir novos sonhos e, acima de tudo, viver plenamente!
O e-book está disponível no final da reportagem.
AVC
- O Acidente Vascular Cerebral é um problema de saúde pública, tanto no Brasil, quanto em todo o mundo. Os efeitos de um AVC se estendem não apenas à pessoa afetada, mas a todos ao seu redor. Por ser uma doença impactante, é urgente a conscientização da população sobre a sua prevenção, sinais de alerta e tratamento para um socorro rápido e eficaz. O AVC ocorre de forma súbita e pode estar relacionado à falta de irrigação de sangue adequada no cérebro (AVC isquêmico) ou pelo rompimento de um vaso extravasando sangue no tecido cerebral (AVC hemorrágico). Os dois tipos de AVC podem gerar muitos sintomas, alguns deles são: fraqueza, fala arrastada, confusão mental, desvio da boca para um lado, dor de cabeça forte etc.
- Na presença de qualquer um desses sintomas, o socorro imediato, ou seja, ligar para o Samu (192), faz a diferença na prevenção das possíveis limitações que o AVC pode causar. A literatura científica nos diz que há uma “janela de oportunidade” de aproximadamente quatro horas. Este é o período em que é essencial atender a pessoa afetada com a máxima brevidade possível, a fim de minimizar ou até mesmo eliminar a possibilidade de danos cerebrais. Essa informação, por si só, justifica a necessidade de divulgar amplamente informações sobre a doença que, no Brasil, é a principal causa de morte e apenas no primeiro semestre de 2022 registrou um alarmante número de 56.038 óbitos.
Pioneiro no Brasil, Programa AVC Dá Sinais já atendeu em três anos mais de cinco mil pacientes
Com três anos de atuação recém-completados, o Programa AVC Dá Sinais, iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) voltada ao tratamento de pessoas acometidas pelo popular derrame, tem se destacado como um dos principais projetos de saúde pública do Estado de Alagoas.
Segundo levantamento solicitado pela reportagem do portal Tribuna Hoje, os resultados contabilizados até o fim de agosto de 2024 apontam que já foram realizados 1.211 atendimentos no programa e, destes, 741 foram confirmados como AVC. Em 2023, foram 1.623 sendo 985 confirmados. Já em 2022, casos suspeitos foram 1.654 e confirmados 1.028.
Os números, que impressionam, foram de pessoas diagnosticadas com a doença nas unidades de AVC da rede estadual de saúde.
O programa é operacionalizado por profissionais de saúde, através do aplicativo Join, que possibilita a discussão dos casos de AVC por especialistas e o acesso dos pacientes a exames de tomografia, com o objetivo de ter rápida tomada de decisões sobre o manejo clínico. Além disso, os atendimentos também ocorrem pelo Sistema de Regulação Estadual (Sisreg), que informa para qual unidade o paciente será encaminhado, uma vez que o AVC Dá Sinais conta com unidades exclusivas no Hospital Geral do Estado (HGE), Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), ambos em Maceió, além do Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca.
Por meio do programa, a assistência integral é assegurada aos alagoanos acometidos pelo AVC, doença que está entre as que mais matam no Brasil, além de causar incapacidades físicas. Com isso, foi criada uma linha de cuidados em que o paciente é assistido desde o momento em que é socorrido pelas equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou ao dar entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que posteriormente irá encaminhá-lo para uma unidade de AVC mais próxima.
Para secretário estadual da Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, o AVC Dá Sinais se consolidou como referência no tratamento de AVC não só em Alagoas, mas, no Brasil e no mundo. Segundo ele, o programa é uma experiência exitosa na área da saúde pública e, inclusive, delegações de outros estados e países já vieram a Alagoas para conhecer como o serviço funciona, reafirmando o compromisso do Governo do Estado com a saúde pública e com o bem-estar da população.
“O Programa AVC Dá Sinais representa um marco para a saúde pública. Em três anos, conseguimos implementar um sistema de resposta rápida e eficaz, que tem sido essencial para salvar vidas e minimizar as sequelas do AVC. Nosso objetivo é continuar expandindo e aprimorando esse programa, garantindo que cada vez mais alagoanos tenham acesso a um atendimento de excelência, reduzindo os índices de mortalidade e incapacitação causados por essa doença tão devastadora. Esse é um compromisso do Governo de Alagoas com a saúde e o bem-estar da nossa população”, frisou Gustavo Pontes de Miranda.
REDUÇÃO DA MORTALIDADE
Segundo o coordenador do programa, o médico neurologista Matheus Pires, o AVC Dá Sinais tem apresentado um impacto significativo em Alagoas, especialmente na redução da mortalidade e das sequelas graves associadas ao problema de saúde.
“O AVC é a principal causa de morte e a principal causa de incapacidade no nosso país e também na grande maioria do mundo. O programa tem três anos. Iniciamos este projeto em 21 de agosto de 2021 e atualmente a gente já atendeu pouco mais do que 5 mil indivíduos com suspeita de AVC. Para ser exato, do início até o fim de agosto já são 5.100 pacientes atendidos. Nós temos 380 trombólicos - é um número muito bom porque, entenda, que não é todo mundo que tem indicação desses 5 mil casos, quase 2 mil não são AVC, são pacientes que têm convulsão, hipoglicemia, outras doenças que mimetizam o AVC. Então, nós temos uma taxa de trombólicos e para aqueles casos específicos, em torno de 20%, que é muito elevado, ok? Muito elevado mesmo. Só você pensar, no Japão, a taxa de trombólicos é em torno de 6%. Então, a gente tem uma taxa de trombólicos muito boa, pensando em serviço privado, imagine”, explicou Pires.
Ele destaca, ainda, a visibilidade do programa, tanto a nível nacional quanto internacional, com Alagoas sendo referência no tratamento de AVC, atraindo a atenção de especialistas de outros estados e países.
“O programa hoje tem uma visibilidade muito grande, principalmente pela disponibilidade que ele traz à população assistida pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Sabemos que cerca de 90% da população alagoana depende do SUS e o AVC Dá Sinais oferece os dois principais tratamentos disponíveis no mundo, tanto a trombólise, que é uma medicação venosa, quanto a trombectomia mecânica, um procedimento de cateterismo cerebral. Alagoas é o único Estado do Brasil que realiza a trombectomia pelo SUS, o que nos coloca em destaque no cenário nacional e internacional”, ressalta Matheus Pires.
O coordenador ressalta que o Estado foi o pioneiro neste projeto. “Não existia em nenhum lugar do mundo um programa que interligasse tantas unidades, especialmente toda uma unidade federativa como o Estado. No 100% SUS com trombectomia só existe esse no Brasil e que funciona dessa forma. Os outros que existem, todos foram totalmente baseados no nosso programa. Nós temos também o programa Bate Coração, que foi baseado no programa AVC Dá Sinais. Ele segue um fluxo bem semelhante e que hoje atende o infarto agudo do miocárdio”.
Estado conta com 28 unidades pré-hospitalares para pacientes com sintomas de AVC
No áudio abaixo, Matheus Pires explica que o paciente vai ser atendido em uma unidade pré-hospitalar e que atualmente são 28 no Estado. Ouça:
Em Alagoas, as unidades de referência são: HMA, HGE, HEA, Hospital Regional da Mata (HRM), Regional do Norte (HRN) e Regional do Alto Sertão (HRAS).
O coordenador esclarece ainda no próximo áudio que o paciente vai fazer a tomografia, exame necessário e obrigatório. Ouça:
Matheus Pires finalizou dizendo que ao pensar no AVC, o paciente deve ser destacado de forma singular. Ouça:
ATENDIMENTOS
No Hospital Metropolitano de Alagoas, que conta com uma unidade de AVC, foram atendidos 797 pacientes com o diagnóstico da doença. Além disso, foram realizadas 138 trombólises e 56 trombectomias. Números que, segundo o diretor do HMA, Filipe Fernandes, atestam o sucesso do programa.
"Na unidade de AVC do HMA, o tempo-resposta para assistência aos pacientes acometidos pela doença é de 14 minutos, com relação à realização de tomografias. Isso demonstra o empenho e a dedicação dos profissionais na assistência aos pacientes. Agradeço a todos que fazem parte deste hospital e da saúde pública do Estado. Vamos continuar a trabalhar para fazer um SUS ainda melhor para a sociedade alagoana”, falou Filipe Fernandes.
Certificada internacionalmente como uma das melhores do mundo, a Unidade AVC do Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, já atendeu 1.207 usuários. O serviço, que é referência para os moradores dos 46 municípios que integram a II Macrorregião de Saúde, formada pelo Agreste, Sertão e Baixo São Francisco, faz parte do Programa AVC Dá Sinais, implantado pela Sesau.
“Três anos depois da implantação da Unidade de AVC, olhando como a estatística tem nomes e sobrenomes – são amores de alguém, retornaram para suas casas, para suas famílias, para o mercado de trabalho –, o coração fica cheio de orgulho. Os certificados internacionais colocam a Unidade em destaque mundial, em três anos apenas. Estamos escrevendo novas histórias para os pacientes, com final feliz”, declarou a diretora-geral do HEA, a fonoaudióloga Bárbara Albuquerque.
Assim como Guilherme e Tatiana, Reginaldo Teixeira, 48 anos, também foi vítima do Acidente Vascular Cerebral. No caso dele, o Programa AVC Dá Sinais foi um suporte para a recuperação.
Reginaldo ainda está em tratamento no HMA, mas relata a qualidade do atendimento recebido. “Estou sendo muito bem atendido, a enfermaria é de luxo e a equipe tem altíssima capacidade técnica. Não nos falta nada, somos atendidos, fazemos fisioterapia nos momentos cruciais e já me informaram que só iremos sair quando estivermos aptos a sair”.
UNIDADE COM CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL
A Unidade de AVC do HEA está entre as melhores do mundo no acolhimento aos pacientes acometidos pelo derrame. Como prova do trabalho altamente qualificado, em agosto deste ano, o Programa Angels, iniciativa internacional da Boehringer Ingelheim concedeu o certificado WSO Angels Award Platinum Status, atestando o alto poder de eficiência assistencial do serviço.
LEITOS
O coordenador de enfermagem da Unidade de AVC do HEA, Evânio Silva, apresentou a estatística dos indicadores da unidade, que possui seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 10 leitos de Enfermaria. “Nestes três anos atendemos 1.207 pessoas. A maioria vem de Arapiraca, seguida de Palmeira dos Índios e Penedo. Até 50 anos, as mulheres são maioria como vítimas de AVC. A partir daí, os homens assumem o primeiro lugar na estatística. Além disso, o grupo de risco está entre 61 e 70 anos”, disse, salientando que entre os pacientes que deram entrada na unidade, as principais causas de AVC foram pressão arterial elevada, diabetes e tabagismo.
DOUTORADO
Durante sete anos, a fisioterapeuta Lívia Dantas viveu os plantões e percorreu os corredores do Hospital de Emergência do Agreste. Inclusive, em parte deste tempo esteve como integrante da equipe da Unidade de AVC da instituição. Curiosa e pesquisadora atenta, ela está fazendo uma tese de doutorado sobre o desfecho clínico dos pacientes que sofreram AVC e que tiveram Covid-19.
“O que aconteceu depois da Covid-19, já que hoje a gente tem uma alta incidência de AVC em indivíduos que não têm comorbidade e em indivíduos jovens. Como eu já trabalhava na Unidade de AVC, surgiu a pesquisa para avaliar se existia correlação entre o desfecho clínico, o perfil epidemiológico, o perfil socioeconômico e a presença da doença”, afirmou Lívia.
Pesquisa desenvolvida no HUPAA-Ufal auxilia na compreensão do AVC
A presidente da Sociedade Alagoana de Neurologia, Letícia Januzi de Almeida Rocha, afirmou que cerca de 90% dos AVCs podem ser prevenidos através da modificação e controle dos fatores de risco que são: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia (colesterol elevado), obesidade, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e doenças do coração.
“A idade também é um importante fator de risco. O risco de AVC dobra a cada 10 anos a partir dos 60 anos de idade, por isso é importante controlar os fatores de risco que são modificáveis. No entanto, o AVC pode acontecer em qualquer idade com qualquer pessoa”, explicou Letícia Januzi de Almeida Rocha, que é mestre em Neurologia Vascular pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP-USP), professora efetiva de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC) 2022–2024.
O conhecimento da população sobre o AVC e o impacto da pandemia de Covid na utilização dos serviços de emergência foi objeto de pesquisa do grupo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em Neurologia Vascular e Reabilitação, que atua no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA-Ufal/Ebserh). O estudo foi publicado no periódico nacional Arquivos Brasileiros de Neuro-Psiquiatria.
A pesquisa desenvolvida no hospital auxilia a compreender lacunas no conhecimento da população. Para buscar respostas para a pesquisa, pacientes e acompanhantes do HUPAA responderam a um questionário dividido em duas partes: dados sociodemográficos e 15 perguntas sobre o reconhecimento do AVC, procura por serviços de saúde e tratamento.
De acordo com a médica neurologista e preceptora do HUPAA, Letícia Januzi, o atraso no reconhecimento dos sinais do AVC é um dos principais obstáculos para receber o tratamento de fase aguda. “É importante compreender as lacunas no conhecimento da população sobre o AVC e promover campanhas de acordo com essas lacunas. Além disso, os resultados deste estudo podem auxiliar no planejamento de políticas públicas com ênfase em campanhas sobre os fatores de risco e o acionamento do Samu em Alagoas”, concluiu.
A publicação, fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de duas alunas de Medicina da Ufal, tem como título “Conceito leigo sobre o acidente vascular cerebral (AVC) em uma capital do Nordeste brasileiro e o impacto da pandemia de Covid-19” (a publicação está em inglês com o título Stroke awareness in a Brazilian Northeastern capital city and the burden of the Covid-19 pandemic). A autoria é de Letícia Januzi, Monica Melo, Renata Piva, Samira Rafani, Octavio Marques, Eva Rocha e Jussara Baggio.
O HUPAA-Ufal faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Cirurgia inédita no Brasil para prevenir AVC
A primeira cirurgia vascular para prevenção de AVC no Brasil foi realizada no Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), localizado em Porto Alegre, no dia 8 de agosto.
A cirurgia vascular na artéria carótida foi realizada com o objetivo de atuar em placas de gordura e cálcio capazes de provocar um AVC. A litotripsia vascular consiste na introdução de um balão que emite choque de ondas ultrassônicas.
As ondas quebram as placas calcificadas existentes no interior das artérias, evitando que elas se fechem. A técnica costuma ser utilizada no sistema circulatório do coração e eventualmente nas pernas, para o tratamento das obstruções arteriais nestes locais.
Deste feita, um cateter de apenas dois milímetros foi introduzido na virilha e levado até o pescoço. “É um procedimento mais efetivo em placas complexas e de difícil tratamento e que pode reduzir a chance de um AVC”, afirmou, na ocasião, o médico do Serviço de Cirurgia Vascular Periférica do HCPA, Alexandre Araújo Pereira.
Segundo ele, a litotripsia intravascular na carótida já é usada na Europa e nos Estados Unidos. Depois do uso do balão, foi colocado um stent – pequeno dispositivo em formato tubular, para prevenir novos entupimentos das artérias.
A paciente submetida ao procedimento tem 75 anos e um AVC anterior. Ela recebeu apenas anestesia local e ficou acordada durante toda a cirurgia.
“Outra vantagem é que o pós-cirúrgico é bem mais rápido. Em 24 horas já é possível dar alta ao paciente”, contou o médico. O chefe do Serviço de Cirurgia Vascular Periférica do HCPA, professor Marco Aurélio Grudtner, explicou que a litotripsia ainda é um procedimento restrito.
“O uso pode beneficiar particularmente pacientes com placas extremamente calcificadas, nos quais o stent pode não se adaptar adequadamente ao vaso, aumentando a chance de complicações. Ainda são necessários mais estudos para definir os critérios de utilização”, afirmou.
PRINCIPAIS SINTOMAS DE AVC:
Fraqueza de um lado do corpo;
Alteração ou perda de visão;
Dificuldade para falar;
Desvio de rima labial (sorriso torto);
Desequilíbrio e tontura
Números do AVC no Brasil e no mundo
Segundo o Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC) do Brasil, com dados dos atestados de óbitos brasileiros, a mortalidade por AVC no país cresceu, ultrapassando infarto: foi de 103.769 em 2019, 104.847 óbitos em 2020, 109.431 em 2021, 115.090 em 2022 e 112.052 em 2023, números parecidos com os dados oficiais do SUS, que podem variar um pouco, de acordo com a metodologia aplicada nos critérios de busca (CIDs [Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde] considerados na pesquisa).
No ano de 2024, até o mês de agosto, segundo dados dos registros de atestados de óbitos, morreram 50.133 brasileiros por AVC no Brasil. Assim, o AVC continua, desde 2019, ultrapassando o número de morte de causa cardiovascular no Brasil, seguido do infarto – relação inversa ao que observamos mundialmente.
De acordo com o grupo Global Burden of Diseases (GBD) Study, que compila dados mundiais, foram contabilizados 12,2 milhões de casos incidentes de AVC, com 6,55 milhões de mortes em 2019 em todo o mundo.
O AVC é a segunda causa de morte globalmente (cerca de 11% das mortes totais). No Brasil, essa relação (infarto agudo do miocárdio/AVC) era inversa, com a doença passando para segundo lugar apenas nos últimos anos, a partir de 2016 (conforme dados do DATASUS). Houve uma redução de incidência, prevalência e mortalidade global do AVC, mas um aumento das taxas de prevalência da doença em menores de 70 anos (22%). A taxa de mortalidade do AVC em países pobres é 3,6 vezes maior do que nos países ricos.
Para maiores informações sobre o AVC acesse: https://avc.org.br/numeros-do-avc.