O coração e a covid-19: infarto pode ser uma complicação do Coronavírus

Pessoas que contraíram a doença podem ter desenvolvido complicações cardíacas até sem sentir sintomas; médicos alertam que a vacinação e cuidados pessoais seguem sendo solução para evitar casos graves, no entanto, hesitação vacinal ainda é forte no país

Por Lucas França / Revisão: Bruno Martins | Redação

Maria Célia França da Silva, dona de casa, 54 anos, residente e natural de Paulo Jacinto, na Zona da Mata alagoana, distante cerca de 116 km de Maceió, está dentro do universo dos casos confirmados de covid-19 em Alagoas.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), desde o início da pandemia até a semana epidemiológica 32 do ano de 2024 foram registrados 348.444 casos confirmados. Destes, 321.276 foram classificados como casos de síndrome gripal e 27.168 como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A maior incidência foi no ano de 2021 e a menor registrada foi em 2023. Cabe ressaltar que a covid-19 vem em uma tendência de queda.

No tocante à mortalidade, foram registrados 7.351 óbitos e, destes, 4.608 foram descritos entre 2021 até a semana epidemiológica 32 de 2024. Quanto ao perfil epidemiológico, a faixa etária mais acometida está relacionada a indivíduos acima dos 80 anos de idade e as comorbidades mais presentes são hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus.

Veja a tabela abaixo com os dados em Alagoas:

Tabela 1 – Distribuição de casos confirmados e nº de óbitos de covid-19 entre 2020 e 2024 (Semana Epidemiológica 32 – 16/08/24), Alagoas, 2024
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas. Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde, 2024

Além de fazer parte desta estatística da Sesau, Célia também faz parte do grupo de pessoas que tiveram sequelas no pós-covid e ainda, como aponta um estudo de pesquisadores da Universidade de Washington publicado na revista científica Nature Medicine, teve complicações com problemas do coração.

De início, todos acreditavam que a covid-19 afetava apenas as vias áreas e o pulmão, entretanto o estudo mostrou que as suspeitas dos especialistas, médicos cardiologistas, hematologistas, infectologistas e outros, de que é uma doença sistêmica, ou seja, todo o corpo é afetado, incluindo os vasos sanguíneos e o coração, elevando risco de doença cardíaca em 63%.

O estudo publicado em fevereiro de 2022, aponta que apesar da gravidade das sequelas serem maiores em pessoas com quadros mais graves da doença, os indivíduos que tiveram os casos mais leves e que não precisaram ser internados podem ter desenvolvido sequelas e doenças cardíacas, como é o caso da dona de casa.

DIAGNÓSTICO, ISOLAMENTO SOCIAL E DOIS INFARTOS PÓS-COVID-19

Maria recebeu o diagnóstico no dia 16 de maio de 2020 e, de acordo com ela, a primeira reação foi a de medo, já que tinha comorbidades. “Quando recebi o diagnóstico tive medo, pois sou diabética e hipertensa e como já haviam dito que a doença poderia ser mais severa e grave, inclusive com risco de morte para quem tinha outras comorbidades, este foi o primeiro sentimento. Mas a doença foi de uma forma mais leve”, contou.

Maria Célia mostra cartão de vacinação após tomar a primeira dose contra Covid-19 (Foto: Arquivo pessoal)

A dona de casa não precisou ser hospitalizada. De acordo com ela, todo o seu tratamento foi feito em sua residência. “Não precisei ser internada, mas fiquei em isolamento social e seguindo algumas instruções com acompanhamento contínuo seja de forma presencial ou online com a equipe de saúde. O tratamento durou um mês com medicamentos e com os cuidados no isolamento como os pratos e talheres separados dos demais da casa, uso de máscara e álcool em gel e sem nenhum tipo de contato pessoal. Foram dias longos e difíceis, mas necessários”, relatou.

CHEGADA DA VACINA

Segundo Célia, a esperança era a vacina e quando soube da chegada não pensou duas vezes em ser imunizada. “Com a chegada dos imunizantes não pensei negativo, vi nisso uma chance de salvação, não só para mim, porém para toda a população. Eu já quis logo me vacinar. Aguardei chegar o meu grupo e não pensei duas vezes. Sempre acreditei em Deus em primeiro lugar e depois na ciência. Tomei quatro doses e se fosse preciso tomaria de novo. Acredito que os imunizantes salvaram muita gente e, sim, diminuíram os números de casos”, pontuou.

Apesar de tudo isso, Maria Célia expôs que ficou com algumas sequelas, como dores no corpo, perda de olfato e esquecimento. Mas uma descoberta que lhe assustou foi saber que teve dois infartos.

“Descobri que tive dois infartos após ter contraído a covid-19. De acordo com o cardiologista, um deles aconteceu dois meses depois que eu já havia saído do isolamento social. Foi um susto grande. Não tive sintomas, pelo menos não os percebi. Fiquei sabendo depois de quatro meses durante as entregas de exames e pós consultas médicas. Inclusive já fiz um cateterismo”, lembrou Maria Célia.

Veja o relato da dona de casa no vídeo ao final da reportagem.

O caso de Maria Célia não é incomum. Conforme Eduardo Lima, cardiologista do Hospital Nove de Julho, a covid-19 tem duas peculiaridades, além da inflamação que faz com que ela seja muito agressiva para o sistema cardiovascular, pode gerar uma agressão na célula cardíaca direta, principalmente na fase aguda. E isso, pode causar miocardites, uma inflamação no músculo cardíaco. “Além disso, a doença tem uma associação maior com tromboses, quando um coágulo se forma no sangue dificultando o fluxo de algum vaso sanguíneo. Muitas vezes, parte dos sintomas, como as tromboses e arritmias, não são sequer percebidos pela pessoa que está tendo complicações cardiovasculares pela covid-19”, explica Eduardo, falando que é importante que as pessoas busquem um clínico geral ou cardiologista já que os sintomas podem não aparecer.

'Hoje, a gente percebe uma incidência menor dessas complicações cardiovasculares, porque houve a disseminação da vacinação, isso com certeza reduziu as formas graves da doença e as complicações', destacou o cardiologista Rodrigo Montenegro

Drive-thru no bairro do Jaraguá foi utilizado como estratégia de vacinação em plena pandemia (Foto: Edilson Omena / Arquivo)


Cerca de 12% das pessoas que adoeciam de covid apresentavam algumas doenças cardiopulmonares, diz cardiologista

De acordo com o dr. Rodrigo Montenegro, cardiologista, gerente-médico do Hospital Escola Dr. Helvio Auto, em Maceió, a covid-19 pode deixar sequelas a longo e médio prazo e ainda existem pessoas, infelizmente, morrendo em decorrência da doença. Mas atualmente, no cenário atual, aqueles que têm esse desfecho geralmente possuem comorbidades associadas e/ou não tomaram as doses corretas da vacina.

“Na onda inicial da covid, a gente observou uma quantidade maior de pessoas com doenças cardíacas relacionadas ao Coronavírus. Cerca de 12% das pessoas que adoeciam de covid apresentavam algumas doenças cardiopulmonares também, como embolia pulmonar e trombose. Realmente houve uma incidência aumentada, principalmente na primeira fase da pandemia, em que não sabíamos com muita precisão como eram as características da doença e nem as melhores formas de tratamento. Claro, as pessoas que já tinham doenças cardiológicas prévias, a incidência desses eventos, dessas complicações eram maiores”, confirmou Montenegro.

O cardiologista diz que, por ser uma doença sistêmica, inflamatória, ela aumenta o potencial de trombogenicidade e é assim uma relação com essas doenças cardiovasculares, aumentando o índice de doenças cardiológicas.

Gerente-médico do Hospital Escola Dr. Helvio Auto, dr. Rodrigo Montenegro (Foto: Cortesia)

“Hoje em dia, a gente percebe uma incidência menor dessas complicações cardiovasculares, porque, além da maioria já ter tido contato com o vírus, também houve a disseminação da vacinação, isso com certeza reduziu as formas graves da doença e as complicações cardiológicas. Mas, mesmo assim, o vírus ainda circula numa intensidade menor, apresenta suas variantes, por isso que é importante seguir as determinações da Organização Mundial da Saúde [OMS], do Ministério da Saúde [MS], para as campanhas de vacinação, já que podem se apresentar novas formas do vírus e causar novas complicações no futuro, por isso que é importante seguir essas orientações”, alertou o cardiologista.

TRATAMENTO

Segundo os especialistas, as doenças cardiovasculares são tratáveis, seja Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto, embolia pulmonar ou outras. E com o tratamento específico para cada caso, a mortalidade por essas causas reduz em até 5%. E, por isso, a orientação é sempre buscar ajuda médica para diminuir as possibilidades de sequelas e melhorar a qualidade de vida.

Os especialistas recomendam que todas as pessoas que tiveram covid-19 procurarem um médico para avaliar os danos nos pulmões que podem ter sido causados pela infecção ou até mesmo para verificar o risco futuro de eventos cardiovasculares.


Hospitais de campanha foram criados para receber vítimas da covid em Alagoas

Na época da pandemia, existiam algumas unidades e hospitais de referência para o acolhimento dos pacientes com suspeita de covid-19. Após este período, com a redução do número de casos, as unidades foram descentralizadas e preparadas para receber os pacientes com o vírus, desde a atenção primária até a alta complexidade.

A Sesau afirmou que segue monitorando os casos de covid-19 nos 102 municípios alagoanos e reforça as ações de vacinação como uma das principais medidas de enfrentamento para este agravo. Além disso, fortalece junto às unidades de saúde as medidas de prevenção para redução da transmissão viral.

COBERTURA VACINAL

A cobertura vacinal é um indicador que mede a proporção da população vacinada em relação ao total de indivíduos elegíveis para vacinação. É calculada utilizando dados populacionais e de doses aplicadas, permitindo a avaliação da eficácia das estratégias de imunização. Em consonância com a Nota Informativa Nº 19/2023-DPNI/SVSA/MS, para fins dos cálculos de cobertura vacinal das vacinas covid-19 monovalentes, considera-se como esquema primário completo três doses para indivíduos de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade, e duas doses para indivíduos a partir de 5 anos de idade.

Quadro 1. Cobertura vacinal da campanha nacional monovalente contra a covid-19 em Alagoas, 2021- 2024
Fonte: Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Atualização do painel em 14/08/2024, com dados contidos na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) até o dia 13/08/2024

Quadro 2. Cobertura vacinal da campanha nacional de vacinação monovalente contra a covid-19 por faixa etária, 2021-2024
Fonte: Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Atualização do painel em 14/08/2024, com dados contidos na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) até o dia 13/08/2024


*Para a cobertura vacinal foram utilizados os dados de cobertura da Campanha covid-19 monovalente de todas as vacinas já incorporadas e utilizadas desde o início da campanha.


Vacina covid-19 monovalente (XBB) da fabricante Moderna

Diante da necessidade de atualização das vacinas de covid-19 no cenário de novas variantes, no dia 21 de agosto de 2023 a empresa Moderna solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um novo pedido de registro da vacina monovalente de covid-19, atualizada com a subvariante ômicron XBB 1.5. Desta forma, foram incluídas como público-alvo toda a população entre 6 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias não vacinada ou com esquema vacinal incompleto, de acordo com a faixa etária, para vacinação de rotina no Calendário Nacional de Vacinação Infantil.

Vacinação contra covid-19 em Maceió (Foto: Edilson Omena / Arquivo)

Além das crianças, considerando as atuais recomendações da OMS sobre a priorização da vacinação para os grupos de alto risco e aqueles mais expostos, foram elencados os grupos que devem receber reforço periódico da vacina Covid-19 a partir de 2024, sendo estes: pessoas de 60 anos ou mais, vivendo em instituições de longa permanência, imunocomprometidas, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, gestantes e puérperas, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiência permanente, pessoas com comorbidades, pessoas privadas de liberdade, funcionários do sistema de privação de liberdade, adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas e pessoas em situação de rua, tendo definido como meta 90% de cobertura vacinal. Essa vacina está disponível nos 102 municípios conforme logística definida localmente.

CARDIÔMETRO

  • É um indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no país, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). As doenças cardiovasculares, afecções do coração e da circulação, representam a principal causa de mortes no Brasil. São mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, 1 morte a cada 1,5 minutos (90 segundos). As doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes que aquelas relacionadas a todos os tipos de câncer juntos, 2,3 vezes mais que todas as causas externas (acidentes e violência), 3 vezes mais que as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções, incluindo a AIDS. 
  • A SBC estima que, ao final deste ano, quase 400 mil cidadãos brasileiros morrerão por doenças do coração e da circulação. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas ou postergadas com cuidados preventivos e medidas terapêuticas. O alerta, a prevenção e o tratamento adequado dos fatores de risco e das doenças cardiovasculares podem reverter essa grave situação. Acesse o link http://www.cardiometro.com.br/ para conferir os dados do país em tempo real.

Hesitação vacinal preocupa sociedade científica

A imunização ainda é uma ferramenta eficaz e segura para prevenir doenças infecciosas e a vacinação contra a covid-19 tem o papel fundamental de reduzir drasticamente o risco de formas graves da doença, diminuindo assim os números de internações e mortes.

Para o infectologista Fernando Maia, a proteção gerada pelas vacinas induz nosso sistema de defesa a produzir imunidade. “A vacinação é uma forma segura e eficaz de prevenir a doença e reduzir a circulação do vírus, protegendo em especial as pessoas mais vulneráveis”.

No entanto, o infectologista expõe que a hesitação vacinal causada pela desinformação durante a campanha da vacinação da covid-19 ainda está acontecendo e trazendo novos casos a cada dia. Inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro replicou por diversas vezes para as pessoas não tomarem a vacina, que o vírus não era letal, e que os casos de morte eram apenas em pessoas que já tinham alguma doença pré-existente durante a campanha de vacinação. O discurso se propagou nas redes sociais e devido a isto, muita gente deixou de tomar a vacina.

“O negacionismo contribuiu para que as pessoas começassem a desconfiar do processo vacinal que é extremamente seguro. Ele influenciou na decisão de várias famílias de não vacinar ou adiar as imunizações. E com isso, casos mais graves da doença aumentaram, internações e até mais óbitos. Com certeza se as pessoas tivessem tomado as vacinas e as demais doses, o número de mortes poderia ser menor. A situação é preocupante, pois essa hesitação acaba trazendo outras doenças de volta. Doenças que já haviam sido controladas, inclusive, estão voltando a ser notificadas devido à baixa cobertura vacinal que começou com a pandemia e a imunização da vacina da covid-19. Isso acabou se estendendo para outras vacinas”, alerta o infectologista.

Maia alerta ainda que a doença continua sendo notificada e o número de casos ainda é alto. “Diminuiu em relação àquele período pior da pandemia, mas a doença continua fazendo casos e continua matando, sem dúvida nenhuma. Esse ano mesmo, houve mais casos de mortes de covid do que por influenza, por exemplo”.

O infectologista fala que a doença saiu do noticiário e que as pessoas deixaram se se preocupar com ela e muita gente está relaxando na prevenção, o que é muito ruim. “As pessoas estão subestimando a necessidade da vacinação. E o que a gente tem visto, as mortes e os casos graves que têm acontecido, acontecem exatamente em casos de indivíduos não vacinados, inclusive crianças. As doenças que estão acontecendo e a única forma eficiente de a gente evitar a morte é com vacinação”.

Ouça o alerta do infectologista abaixo.


SBIm

Para Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) a vacinação ainda é recomendada tanto pelo Ministério da Saúde quanto pela sociedade científica.

“A vacinação desses grupos considerados de maior risco, onde entram as crianças, entram os idosos, os profissionais da saúde, as pessoas com comorbidades e outros grupos elencados pelo Ministério da Saúde segue sendo fundamental. Ter a vacinação em dia é essencial, lembrando que atualmente a gente tem uma vacina mais específica. É fundamental termos respaldo da literatura para nos mostrar que as vacinas protegem contra as formas graves, protegem contra a morte, protegem contra a covid longa, inclusive vários aspectos da covid longa. Seguindo a parte de complicações cardiovasculares, que são coisas que podem acontecer com a doença covid, a vacina tem esse potencial protetor bem interessante”, pontuou Cunha.

Ouça o áudio do diretor da SBIm abaixo sobre a importância da cobertura vacinal.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A infecção pelo SARS-CoV-2 pode variar de casos assintomáticos e manifestações clínicas leves até quadros moderados, graves e críticos, sendo necessária atenção especial aos sinais e sintomas que indicam piora do quadro clínico que exijam a hospitalização do paciente. De forma geral, os casos podem ser classificados em:

Caso assintomático-> caracterizado por teste laboratorial positivo para covid-19 e ausência de sintomas.

Caso leve-> caracterizado a partir da presença de sintomas não específicos, como tosse, dor de garganta ou coriza, seguido ou não de anosmia, ageusia, diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia, fadiga e/ou cefaleia.

Caso moderado-> os sintomas mais frequentes podem incluir desde sinais leves da doença, como tosse persistente e febre persistente diária, até sinais de piora progressiva de outro sintoma relacionado à covid-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia), além da presença de pneumonia sem sinais ou sintomas de gravidade.

Caso grave-> considera-se a síndrome respiratória aguda grave (síndrome gripal que apresente dispneia/desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax ou saturação de O₂ menor que 95% em ar ambiente ou coloração azulada de lábios ou rosto).

Caso crítico-> as principais manifestações são sepse, choque séptico, síndrome do desconforto respiratório agudo, insuficiência respiratória grave, disfunção de múltiplos órgãos, pneumonia grave, necessidade de suporte respiratório e internações em unidades de terapia intensiva.

Saber + Saúde: projeto de universidade pública sensibiliza sobre importância de cobertura vacinal

A Universidade Estadual de Ciências Da Saúde (Uncisal), através do Projeto de Extensão Saber + Saúde (PESMS) realiza um trabalho de conscientização com foco na importância da vacinação como medida preventiva essencial contra doenças.

Os integrantes do Saber + Saúde realizam visitas em todos os setores da universidade para dialogar sobre a relevância das vacinas e a necessidade de manter o cartão de vacinação atualizado. Nestas visitas, o grupo faz a distribuição de panfletos, verifica os cartões de vacina e esclarece dúvidas.

O projeto de extensão também atende toda a sociedade levando essas informações e tirando dúvidas através do canal digital Vacinazap – acessível pelo WhatsApp, destinado a fornecer informações seguras sobre imunização.

De acordo com a professora Amanda Macêdo, coordenadora do projeto, a ideia é orientar e desmistificar as fake news relacionadas à falta de vacinação, aos efeitos colaterais. “Nosso objetivo é desmistificar as fake news sobre vacinas e reforçar a importância de uma cobertura vacinal abrangente”.

Professora Amanda Macêdo, coordenadora do projeto Saber + Saúde (Foto: Ascom Uncisal)

Macêdo diz que além de sensibilizar sobre a importância das vacinas, os integrantes do projeto verificam os cartões de vacinação dos interessados e orientam aqueles com pendências sobre os passos necessários para atualização.

A estudante Larissa Varella, que integra o projeto, comenta que o Saber + Saúde permite sair da bolha. “Saímos da nossa e percebemos que uma informação que para a gente parece ser clara, para outras pessoas pode não ser e acaba não sendo aceita”.

CANAL DIGITAL

Para sair dos muros da Uncisal e chegar ao maior número de pessoas possível, o projeto criou o Vacinazap, acessível pelo link wa.me/5582988509401, uma inovação que permite que pessoas de todos os 102 municípios de Alagoas tirem dúvidas sobre vacinação e calendário vacinal.

Para os integrantes do Saber + Saúde, é a iniciativa que permite uma resposta direta ao crescimento da desinformação sobre vacinas e conta com o apoio da Sesau, através da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde e do Programa Nacional de Imunizações (PNI) estadual.

“No canal do WhatsApp, respondemos por mensagens escritas ou áudios, promovendo inclusão e garantindo que todos tenham acesso às informações necessárias”, disse Varella, aluna extensionista.

Neste ano de 2024, o PESMS realizou campanhas de sensibilização no Centro de Maceió, esclarecendo dúvidas da população sobre a importância das vacinas e a necessidade de manter o cartão de vacinação atualizado.

“As iniciativas do PESMS estão alinhadas com o Pacto Nacional pela Vacinação, uma iniciativa que o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) aderiu em maio de 2024, junto com outros órgãos estaduais e federais”, contou a coordenadora Amanda.

Conforme Amanda, o pacto é liderado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e busca fortalecer a consciência vacinal e garantir uma proteção eficaz contra doenças preveníveis.

Diminuição em números de mortes e hospitalização aconteceram após cobertura vacinal

A OMS decretou em maio de 2023 o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela covid-19, após a drástica queda de mortes e internações, que foram fruto da cobertura vacinal ao redor do mundo.

No entanto, segundo a organização, a mudança de status, não significa que a pandemia acabou. O vírus SARS-CoV-2 ainda circula globalmente, com transmissão generalizada, e há o risco do surgimento de novas variantes de preocupação, que podem ser mais graves do que as atuais. 

E é por isso que o MS continua indicando a vacinação e o emprego de medidas não farmacológicas que contribuem para minimizar a transmissão do vírus e proteger as pessoas do grupo de risco e toda a população.

Segundo o ministério, é necessário prosseguir com os esforços que permitem o diagnóstico rápido e oportuno, além da assistência precoce e a prevenção de novos casos e, claro, mantendo as ações de vigilância epidemiológica da covid-19.

Vítimas fatais da covid-19 sepultadas no Cemitério São José em Maceió (Foto: Edilson Omena / Arquivo)

É importante ressaltar que a covid-19 é um fator a mais no que diz respeito aos riscos de desenvolvimento de doenças do coração. Porém, conforme o estudo publicado na Nature Medicine, as pessoas vacinadas possuem um menor risco em relação a algumas dessas complicações, como o de ter miocardites. Mas os especialistas alertam que a vacinação ainda segue sendo a maior solução para evitar casos da covid.

RECOMENDAÇÕES

Entre as medidas pessoais e recomendações na presença de sintomas respiratórios estão: fazer a higiene com água e sabão ou fazer o uso de álcool em gel 70%, usar a máscara corretamente, manter o isolamento social, não se aglomerar e nem ficar em locais cheios, não ficar em contato com pessoas dos grupos vulneráveis como crianças, idosos, imunocomprometidos, pessoas com doenças crônicas e tomar a vacina.

DOENÇAS DO CORAÇÃO

Os especialistas recomendam para evitar as doenças do coração: não fumar, evitar o sedentarismo com a prática de exercícios físicos regulares, fazer o controle da pressão arterial, manter sempre uma alimentação adequada e saudável, controlar o diabetes e combater o colesterol elevado e a obesidade.

AMBULATÓRIO PÓS-COVID EM ALAGOAS

Em funcionamento desde abril de 2021, o Ambulatório Pós-Covid-19, localizado no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), em Maceió, foi criado com o intuito de oferecer avaliação, tratamento e acompanhamento dos pacientes com sequelas decorrentes da doença provocada pelo Coronavírus, a exemplo da trombose.

De acordo com a Sesau, a população tem acesso ao atendimento por meio do Sistema de Regulação (SISREG), cuja marcação deve ocorrer na Unidade Básica de Saúde (UBS) municipal mais próxima de sua residência.

Casos da covid-19 no Brasil

No Brasil, a pandemia registrou até 15 de agosto de 2024, 38.863.345 casos confirmados da covid-19 e 712.889 óbitos até esta data. No Nordeste ao todo foram 7.566.824 casos com 136.900 mortes pela doença. Em Alagoas, a covid deixou 348.444 pessoas infectadas e contabilizou 7.351 mortes.

Vacinação contra covid-19 (Foto: Edilson Omena / Arquivo)

Os dados gerais e em tempo real de todos os estados podem ser conferidos no https://covid.saude.gov.br/.

SBC e Arpen-Brasil firmam parceria para divulgação de óbitos por doenças cardiovasculares

Com o objetivo de contribuir com a saúde dos brasileiros e em busca por transparência com informações sólidas para serem utilizadas para análise e tomada de decisão de políticas públicas, baseadas em dados reais, a SBC e a Arpen Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil) uniram-se para disponibilizar no Portal da Transparência um novo módulo que traz os números de óbitos por doenças cardiovasculares desde o início da pandemia.

O Portal da Transparência atualiza dinamicamente seus dados e disponibiliza para a sociedade um panorama da situação do novo Coronavírus no Brasil e sua atualização diária permite um acompanhamento detalhado da evolução da pandemia da covid-19 no Brasil, sendo possível orientar a adoção de políticas públicas.

“Essas informações são fundamentais para esclarecer o impacto da pandemia da covid-19 nos óbitos por doenças cardiovasculares e, assim, definir melhor a relação do novo Coronavírus com o coração”, explica o presidente da SBC, Marcelo Queiroga. “Além da importância epidemiológica, o mapeamento adequado do problema permitirá a adoção de medidas que resultem em diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares.”

Mesmo com as limitações próprias desse tipo de registro, o qual é sujeito a eventual retardo no recebimento dos dados, tem-se uma importante fonte de informações à sociedade brasileira. A SBC é parceira da Arpen Brasil para auxiliar na análise, interpretação e consolidação dos dados obtidos, com o apoio de médicos e pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).