Energia renovável: caminho mais seguro para um futuro sustentável

Biogás e chips de pneus se destacam como opções promissoras para garantir um meio ambiente livre de poluição

Por Lucas França e Valdete Calheiros - Repórteres / Bruno Martins: Revisão / Edilson Omena: Foto da capa | Redação

Não há mais o que se falar de futuro no planeta Terra se a energia renovável não se fizer presente. Não é mais sobre o futuro da humanidade. É questão de sobrevivência. A energia renovável precisa estar presente agora para que você que está lendo essa reportagem possa ter um futuro amanhã! Caso contrário, a humanidade será, em breve, apenas mais uma espécie extinta.

Há muito tempo, utilizar energia renovável não é mais atitude para pessoas ou empresas que queiram ser vistas como simpatizantes das causas ambientais. Entender como produzir, como funciona, aproveitar os benefícios e conseguir massificar o uso das energias renováveis é, mais do que nunca, questão de sobrevivência na Terra.

Uma grande aposta de energia renovável é o biogás, um biocombustível proveniente de materiais orgânicos como restos de animais e plantas (biomassa) e, portanto, uma fonte alternativa de energia (energia renovável ou limpa), que substitui o uso de combustíveis fósseis. Ele é produzido através da fermentação anaeróbica (ausência de ar) de bactérias presentes na biomassa.

O biogás é um combustível gasoso gerado pela decomposição da matéria orgânica e que pode ser utilizado para geração de energia elétrica ou térmica. Biogás é um produto da degradação de matéria orgânica na ausência de oxigênio. Sua produção pode ocorrer a partir de vários materiais, o que explica as diferenças de composição.

Ele consiste em uma mistura gasosa composta principalmente de gás metano e gás carbônico, com pequenas quantidades de gás sulfídrico e umidade.

Indústria de transformação investe em fontes de energia renovável, como o processamento de pneus e captação de biogás (Foto: Edilson Omena)

O biometano, por sua vez, é produto da purificação do biogás. O processo de purificação envolve a retirada de umidade, gás carbônico e sulfeto de hidrogênio. O resultado é um gás com maior poder de combustão e equivalente ao gás natural, quando usado como combustível automotivo.

A indústria defende estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias de baixo carbono e ações de eficiência energética, a expansão do uso de fontes renováveis e o reconhecimento da importância dos biocombustíveis.

Diversas empresas têm investido em projetos de eficiência energética. Isso significa usar menos energia para obter o mesmo resultado, por meio de melhorias tecnológicas ou de gestão energética das empresas. Como é o caso da Alagoas Ambiental, uma empresa genuinamente alagoana.

Fundada há nove anos, a empresa sustentável começou a atuar também no beneficiamento de pneus no ano passado, fazendo jus ao perfil da empresa que é, afinal, uma indústria de transformação. Consciente da sua responsabilidade ambiental, ela sempre procura inovar e beneficiar tanto a sociedade quanto o meio ambiente. Ou até principalmente o meio ambiente, já que dele depende a sociedade.

Em vez de apenas “enterrar” resíduos no aterro, a Alagoas Ambiental busca selecionar materiais que podem ser reaproveitados e fomentar a cadeia produtiva com alternativas socialmente justas, ecologicamente corretas e economicamente viáveis.

Engenheira Jéssica Santos diz que 'é importante obtermos o máximo possível de fontes de energia renovável para mitigar os impactos ambientais causados pelo uso excessivo de combustíveis fósseis e garantir uma estabilidade do sistema elétrico brasileiro'

(Foto: Edilson Omena)

Lixo orgânico é transformado em biogás

Há dois anos, a Alagoas Ambiental também deu mais um passo importante ao iniciar a geração de energia renovável.

Conforme a engenheira civil Jéssica Santos, especialista em energias renováveis, a indústria reduz os impactos do gás metano - um dos principais responsáveis pelo efeito estufa e o aquecimento global - e ainda cria uma alternativa limpa para a geração de energia elétrica.

No município de Pilar, de acordo com ela, a quantidade de biogás coletada é de 18.300.000 m³ e a energia produzida total até maio deste ano corresponde a 21.750 MW. Já em Craíbas, o biogás coletado soma 6.990.000 m³ e a energia produzida total até o mês passado é de 9.700 MW.

Ainda segundo a especialista, a energia produzida abastece diversas empresas no Estado. “Várias empresas alagoanas de diversos setores, como escola de idiomas, uma rede de postos inteira no Estado e outras são alimentadas com essa energia”.

Em Alagoas, a força da energia renovável é feminina

Jéssica Santos tem 28 anos e é a grande referência em biogás em Alagoas. Ela afirmou que trabalhar na área de energias renováveis, lidar com este produto apresenta uma série de desafios.

“Principalmente por ser uma área em desenvolvimento e porque o setor operacional é majoritariamente ocupado por homens. Isso torna o desafio ainda maior. No entanto, a busca pela formação e pela qualificação profissional – aliada ao incentivo e às oportunidades ofertadas pela empresa Alagoas Ambiental – contribuíram para a superação de todos esses desafios. Atualmente as pessoas e o segmento já conseguem enxergar o quanto nós, mulheres, conseguimos fazer a diferença”, contou orgulhosa.

Mas, afinal, o que falta para a humanidade entender que utilizar energia renovável é garantir a própria sobrevivência? Na avalição da engenheira civil, falta, em parte, uma mudança de atitude, aliada às novas prioridades relacionadas à sustentabilidade.

Para ela, embora muitas pessoas e governos atualmente já reconheçam a importância das energias renováveis, ainda existe um longo caminho a percorrer e a Alagoas Ambiental, de acordo com a especialista, tem contribuído muito significativamente para a sustentabilidade, a partir da geração de energia elétrica pelo biogás de aterro sanitário.

“Sem falar na cultura empresarial, que fomenta essa utilização de energias renováveis e tem a preocupação de contribuir de forma direta com a educação ambiental, que realmente é chave para essa mudança e para a plena compreensão do tema por parte da sociedade”, argumentou.

Engenheira civil Jéssica Santos (Foto: Edilson Omena)

Ainda segundo Jéssica Santos, não há uma porcentagem exata que possa ser considerada como o mínimo necessário de energia renovável para garantir um ambiente saudável. Isso depende de diversos fatores.

“No entanto, é importante obtermos o máximo possível de fontes de energia renovável para mitigar os impactos ambientais causados pelo uso excessivo de combustíveis fósseis e garantir uma estabilidade do sistema elétrico brasileiro”, salientou.

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Energias renováveis são fontes naturais de energia que se regeneram, substituindo o uso de combustíveis fósseis. São opções inesgotáveis, com impacto ambiental reduzido, pois não geram resíduos, como o dióxido de carbono.

O uso de fontes renováveis de energia possui diversas vantagens, a principal delas é que essas fontes produzem menos ou nenhum gás de efeito estufa, causando menos impactos ao meio ambiente do que as fontes convencionais.

É um tipo de energia mais barata e com menor impacto, já que pode oferecer eletricidade a um custo competitivo, reduzindo os impactos negativos no meio ambiente.

São exemplos de fontes de energia renovável: solar (energia do sol), eólica (vento), hídrica (energia da água dos rios), geotérmica (energia do interior da Terra), biomassa (matéria orgânica), oceânica (energia proveniente das marés e ondas) e hidrogênio. São fontes não-renováveis: petróleo, carvão mineral, xisto, gás natural e nuclear.

O Brasil tem grande potencial para expandir a geração de energia por fontes renováveis, como solar, eólica e biomassa.

Segundo o Balanço Energético Nacional divulgado em 2021, 84,8% da energia elétrica do Brasil em 2020 foi de fontes renováveis, liderado pela hidráulica (65,2%), seguido pela biomassa (9,1%), expansão da fonte eólica (8,8%) e pelo expressivo avanço da energia solar (1,7%).

No Estado, a preocupação com o meio ambiente ultrapassa a fronteira do idioma

No Grupo Wizard Maceió, o diretor Caio Rangel, é um grande entusiasta do meio ambiente e dos benefícios do uso do biogás.

A Wizard é uma empresa multinacional de educação, a maior rede de escolas de idiomas do mundo e é líder em ensino de idiomas no Brasil. Foi fundada em 1987 por Carlos Martins e adquirida pela Pearson em dezembro de 2013. Há alguns anos, faz uso do projeto do biogás.

Caio Rangel, diretor da Wizard Maceió (Foto: Edilson Omena)

“Já estava procurando uma alternativa de redução de custo de energia para as empresas e a proposta da Alagoas Ambiental nos chamou muita atenção. Primeiro por ser uma empresa genuinamente alagoana que faz um trabalho muito importante onde através dos resíduos do lixo consegue gerar energia elétrica. O processo foi muito simples. Recebemos deles todo o suporte na parte burocrática, o que ajudou bastante. O nosso Estado só tem a avançar com iniciativas como essa da Alagoas Ambiental. Temos a enorme satisfação em fazer parte desse projeto e poder contribuir com o meio ambiente”, avaliou.

Veja no vídeo ao final da matéria a entrevista com Jéssica Santos e Caio Rangel.

Resolução e impactos

  • Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (416/2019) permite a utilização de pneus inservíveis como combustível em processos industriais, seguindo as normas técnicas em vigor e atende a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para a reutilização com aproveitamento energético do resíduo.
  • Só no ano passado foram comercializados quase 52 milhões de pneus no Brasil, segundo a Anip - Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Mas infelizmente aproximadamente 450 mil toneladas de pneus são descartadas por ano, o equivalente a 90 milhões de unidades. Como é feito em borracha, com derivados de petróleo e diversos produtos químicos, esses materiais levam cerca de 600 anos para se decompor na natureza. O descarte irregular pode contaminar o solo, a água e até o ar, além de provocar problemas de saúde.
DESTINAÇÃO CORRETA

Empresa transforma pneus em combustível para indústrias

O pneu inservível é atrativo como combustível alternativo ao coque de petróleo e carvão mineral [O Coque Verde de Petróleo (CVP) é um produto sólido granulado e carbonáceo, obtido com alta tecnologia e qualidade a partir do processamento de frações líquidas do petróleo nas Unidades de Coqueamento Retardado (UCR) das refinarias da Petrobras] na indústria cimenteira devido ao seu elevado poder calorífico.

A recuperação de energia contida nos resíduos contribui para a conservação de combustíveis fósseis não renováveis, reduzindo os custos de fabricação, pois os resíduos combustíveis são mais baratos do que qualquer combustível fóssil tradicional.

A Alagoas Ambiental é a única empresa do Estado que beneficia pneus de forma ecologicamente correta, sustentável e de graça. A indústria de transformação consegue processar até 3 mil pneus por dia: o equivalente a 20 toneladas. O que é muito importante não só economicamente, mas também para o meio ambiente e até para o ser humano, uma vez que o descarte irregular de pneus é um grande problema do Brasil. Muitas vezes o produto é descartado de forma incorreta, poluindo o meio ambiente e prejudicando a saúde pública. Afinal, quando acumula água se torna criadouro para mosquitos como o Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya.

Empresa pode processar até 3 mil pneus por dia (Foto: Edilson Omena)

Os pneus recebidos pela empresa são transformados em chips – que são normalmente caraterizados por um pedaço de borracha vinda do pneu e sua utilidade é na geração de energia para fornos de indústria cimenteira. Estes chips normalmente têm o tamanho de duas polegadas, mas podem ter outros formatos, a depender da necessidade e utilização.

De acordo com o supervisor operacional da Alagoas Ambiental, Bruno Lopes, a grande vantagem da utilização de pneus como resíduo de combustível é sua total destruição em função das elevadas temperaturas de processo.

“A gente recebe os pneus sem cobrar nada. E são materiais que vêm de vários locais de Alagoas, incluindo prefeituras, indústrias, mecânicas e outros. Começamos a atuar no beneficiamento de pneus no ano passado. Em vez de apenas enterrar resíduos no aterro, buscamos selecionar materiais que podem ser reaproveitados e fomentar a cadeia produtiva, com alternativas socialmente justas, ecologicamente corretas e economicamente viáveis”, explicou Lopes.

Supervisor operacional Bruno Lopes (Foto: Allan Rodrigues)

Ainda de acordo com o supervisor operacional, a depender da quantidade de pneus, a Alagoas Ambiental agenda para recolher, sem custo nenhum. “A gente ainda manda buscar os pneus no local, se for o caso. Ou seja, o pneu descartado irregularmente passa a ter uma utilidade para o comércio gerando lucro quando é transformado em ‘chips’ (pedaços bem pequenos), utilizados para a geração de energia na indústria”.

COPROCESSAMENTO

Mas, segundo Bruno Lopes, até chegar aos chips os pneus passam por um processo em três etapas que é realizado na Central de Tratamento de Resíduos, na cidade de Pilar, na Região Metropolitana de Maceió.

“Os pneus ficam armazenados numa área coberta até iniciarmos o processo de beneficiamento. Primeiro, eles são cortados num equipamento utilizado para retirar a capa. Isso possibilita a retirada do arame de aço, que é separado e reciclado. Depois o pneu é cortado em pedaços menores e segue para a esteira para ser triturado, onde é transformado em pequenos pedaços, chamados 'chips'. Eles são utilizados como combustível em indústrias, como as cimenteiras e substituem o uso de combustíveis fósseis, com um custo bem menor. Os pneus menores vão diretamente para o triturado, ou seja, em uma única etapa”, detalha Lopes.

Veja a entrevista e parte do coprocessamento dos pneus no vídeo ao final da reportagem.

Chips de pneus após o processamento (Foto: Edilson Omena)

Os chips de pneus podem ser usados na composição do asfalto de rodovias e ferrovias, nos setores da construção civil, composição de biomassa, indústria calçadista, autopeças, entre outros.

Na indústria cimenteira, as cinzas que seriam o resíduo resultante da queima são incorporadas ao cimento, em substituição a outras matérias-primas.

Serviços que transformam o hoje e o amanhã

O administrador Tarcísio Neto, assessor da diretoria da Alagoas Ambiental, ressalta que o foco da empresa, ou melhor, da indústria de transformação é reciclar materiais e promover a sustentabilidade através do tratamento de resíduos.

“Somos genuinamente alagoanos e nosso objetivo é oferecer o que há de melhor em serviços e soluções aos nossos clientes, com foco em inovação e tecnologia. Transformamos o lixo em recursos valiosos para a indústria, sempre com um compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente”, expôs Tarcísio.

O assessor da diretoria pontuou alguns dos serviços realizados na sede em Pilar.

“Na reciclagem/construção civil, os resíduos, como metralha, são tratados na indústria e transformados em matéria-prima para construção civil, como brita (vários tamanhos) e areia lavada. Esses materiais são vendidos com valores até mais de 40% menores que os praticados em home centers, por exemplo. Inclusive, tudo que a Braskem demole tem de ser enviado para aqui, para destinação adequada. Isso vira brita, areia etc. Também conseguimos transformar chorume em água desmineralizada, totalmente, utilizada pela indústria, pelo grau de pureza e por não provocar corrosão. Sem falar, claro, no fator ambiental de despoluição’’, citou Neto.

Além disso, de acordo com ele, é produzida energia solar capaz de alimentar cerca de 20 mil unidades habitacionais e beneficiar aproximadamente 100 mil pessoas (mais que a maioria das populações de municípios de Alagoas).

Tarcísio Neto mostra como ficam os chips de pneus (Foto: Edilson Omena)

“Temos uma horta, dentro da própria usina, cuja produção é destinada aos próprios colaboradores. Animais também são criados por lá (não para consumo humano), mas atestam a qualidade ambiental do espaço, como bioindicadores. Há também um programa de visitação para alunos de qualquer instituição de ensino e para profissionais. CREA, Sinduscon e outros do segmento vêm sempre aqui”, falou o administrador.

Tarcísio Neto também antecipou que no local haverá brevemente uma usina de biomassa. E expôs que é muito importante o apoio de outras empresas, dos municípios, de pessoas físicas e jurídicas na preservação do meio ambiente e na construção de um mundo mais sustentável.

“O apoio de instituições financeiras como o Banco do Nordeste (BNB) para indústrias e empresas que tem este compromisso com a sustentabilidade é de fundamental importância para a continuidade dos serviços”, falou.

É por essas transformações que a empresa é considerada uma das melhores do Brasil para se trabalhar e já alcançou um selo de qualidade de uma das maiores certificadoras do mundo: a GPTW - Great Place to Work (ótimo lugar para trabalhar, em tradução livre).

“Isso segue na contramão da ‘indústria do adoecimento profissional’ e prova que é possível sim ofertar boas condições no ambiente de trabalho e que isso proporciona grandes resultados para o empregador também”, finalizou.

A indústria investe em fontes renováveis

Entre os países signatários do Acordo de Paris, o Brasil assumiu uma das maiores metas na redução de emissões de GEE (gases de efeito estufa) dos países em desenvolvimento. Tendo como base as emissões de 2005, o compromisso do país é de reduzir em 37% até 2025 e 43% até 2030.

A biomassa corresponde a toda e qualquer matéria orgânica não fóssil. Assim pode-se utilizar esse material para a queima e produção de energia, por isso ela é considerada uma fonte renovável. Sua importância está no aproveitamento de materiais que, em tese, seriam descartáveis, como restos agrícolas (principalmente o bagaço da cana-de-açúcar), e na possibilidade de cultivo. A biomassa é utilizada como fonte de eletricidade e biocombustível.

Existem três tipos de biomassa utilizados como fonte de energia: os sólidos, os líquidos e os gasosos. Entre os combustíveis sólidos podemos citar a madeira, o carvão vegetal e os restos orgânicos vegetais e animais.

São exemplos de combustíveis líquidos o etanol, o biodiesel e qualquer outro líquido obtido pela transformação do material orgânico por processos químicos ou biológicos.

E os combustíveis gasosos são aqueles obtidos pela transformação industrial ou até natural de restos orgânicos, como o biogás e o gás metano coletado em áreas de aterros sanitários.

Brasil pode ser potência mundial em biogás

Dados da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) mostram que o país tem capacidade para entregar 117,1 milhões de Nm³ (normal metro cúbico) por dia.

Quase metade disso viria do segmento sucroenergético (49,2%), seguido pelo de proteína animal (30,2%), produção agrícola (15,4%) e área de saneamento (5,2%).

A maior parte do biogás produzido no Brasil pode ser direcionada para a geração de energia elétrica (86%), energia termal (10%), produção de biometano (3%) e energia mecânica (1%).

Para o economista Francisco Rosário, uma das vantagens do biogás é ser mais barato na produção. O custo está nos equipamentos de filtragem e canalização para o uso doméstico. “Mas a produção em si, o biodigestor que fazem, é relativamente mais barato do que energia elétrica”, comparou.

FNE Verde: instituição financeira contrata em Alagoas cerca de R$ 2 bilhões em 548 operações de crédito

O Banco do Nordeste em Alagoas trabalha com a linha FNE Verde, voltada ao financiamento de projetos sustentáveis. Empresas como a Alagoas Ambiental se enquadram perfeitamente nessa linha especial trabalhada pelo banco.

O gerente de Relacionamento do Banco do Nordeste em Alagoas, Ítalo Seixas, explicou que os financiamentos de longo prazo do banco destinados a projetos com abordagem na sustentabilidade ocorrem no âmbito do programa de crédito FNE Verde, que oferece condições diferenciadas quanto à taxa de juros, prazo de pagamento, tempo de carência para início de pagamento e percentual de financiamento dos projetos, isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), entre outras vantagens.

“Entre os critérios para o FNE Verde estão aspectos como as diretrizes da empresa quanto à geração de emprego, aliada a indicadores de desempenho econômico-financeiro e adoção de políticas que promovam convivência harmônica com o meio ambiente, tais como o respeito à legislação ambiental vigente; a adoção de políticas de inclusão e o respeito à diversidade; além de práticas de gestão de resíduos e aproveitamento energético que estejam aderentes aos meios produtivos de referência positiva no mercado, entre outros aspectos”, elencou Ítalo Seixas.

Conforme o gerente de Relacionamentos do Banco do Nordeste, o FNE Verde é o que mais se destina a empresas e produtores rurais e atende a demandas que vão desde o financiamento de investimentos que promovam melhor desempenho aliado à menor geração de resíduos e melhor aproveitamento energético, como para a finalidade de recuperação de áreas rurais degradas, visando restabelecê-las a uma condição produtiva.

Ítalo Seixas, gerente de Relacionamento do Banco do Nordeste em Alagoas (Foto: Cortesia)

De acordo com as informações fornecidas pela agência do Banco do Nordeste em Alagoas, nos últimos dois anos, 2022 e 2023, a unidade contratou no Estado pela linha FNE Verde cerca de R$ 2 bilhões, em um total de 548 operações de crédito.

Os valores englobam financiamento a projetos que abrangem desde a implantação de sistemas de energia solar (tanto para pessoa física ou jurídica) até grandes obras de saneamento.

A assessoria de comunicação do Banco do Nordeste afirmou que a quantidade de operações de crédito não necessariamente coincide com a quantidade de projetos apoiados, porque um mesmo projeto pode receber mais de um financiamento. “Desta forma, essas 548 operações de crédito correspondem à quantidade de transações financeiras no âmbito dessa linha de crédito”, detalhou.

E para a gratidão do meio ambiente, os números só florescem. Conforme o levantamento do Banco do Nordeste, em 2024, no período de janeiro a abril, a agência de Alagoas contratou pelo FNE Verde 90 operações de crédito no valor de cerca de R$ 575 milhões. As cifras representam um respiro nas contas dos empresários, um afago na natureza, um sossego ao homem que preserva o meio ambiente sabendo que dele depende o seu bem-estar.

Existe ainda, completou o gerente, o FNE Sol, que visa o financiamento de fontes alternativas de energia, tal como a energia solar, atendendo tanto a pessoas físicas para a implantação residencial como a empresas.