TENDÊNCIA DE MERCADO

Empresas buscam especialização para melhor atender a terceira idade

Por Ana Paula Omena, Lucas França, Valdirene Leão: Repórteres / Bruno Martins: Revisão | Redação

A população de pessoas com 50 anos ou mais é crescente no Brasil e no mundo, apresentando hábitos de consumo bem definidos fazendo com que a nova terceira idade seja um público com alto potencial e demanda por serviços especializados, como atividades voltadas à saúde e ao bem-estar. Este público está à procura de produtos e serviços que atendam aos seus anseios, um movimento que, no universo corporativo, está estimulando o surgimento de oportunidades de negócios.

“O antigo conceito de velhice hoje está muito mais associado à ideia de maturidade, com pessoas extremamente ativas, articuladas e consumistas”, disse o professor de medicina Mário Schefer, especialista em demografia e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em recente evento na Universidade de São Paulo (USP).

Com o foco nesses consumidores, empresas de vários segmentos – como agências de viagens, planos de saúde, construtoras, escolas de idioma, informática e academias, entre tantos outros – estão criando negócios específicos para o cliente mais experiente. “As empresas estão descobrindo que vale a pena investir na terceira idade, uma classe antes esquecida e que enfrentou muitos tabus e preconceitos”, afirma Marcos Bulgarelli, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados.

Para se ter uma ideia, o consumo de produtos e serviços por pessoas dessa faixa etária é responsável por movimentar R$ 2 trilhões por ano no Brasil, de acordo com a consultoria Data8. E esse público responde por 23% do consumo de bens e serviços, com uma renda anual estimada em R$ 940 bilhões.

Pensando nisso, o mercado a cada dia se adapta e atualiza sua forma de melhor atender ao público com mais de 50 anos. De acordo com Maria Anisselia Nunes da Silva; analista técnica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (Sebrae/AL); gestora da carteira saúde, beleza e bem-estar; empresas que investem em especialização para melhor atender a terceira idade têm a oportunidade de se destacar no mercado, aumentar sua base de clientes e contribuir para o bem-estar e a inclusão social dessa parcela da população.

“O Sebrae busca fornecer informações, ferramentas e todo o suporte necessários para as empresas que já atuam na chamada economia prateada, um segmento que envolve todos os produtos e serviços adquiridos por essas pessoas 50+ e/ou potenciais empreendedores 50+ que desejam iniciar um negócio”, destacou.

“Oferecemos capacitações que vão desenvolver habilidades comportamentais empreendedoras (Empretec), além de consultorias em planejamento, estratégia, finanças e marketing digital. Enfim, o Sebrae está sempre disponível para dar apoio ao empreendedor e atento às oportunidades do mercado”, reforçou a analista do Sebrae/Alagoas.

A psicóloga Vanessa Fagá montou uma empresa voltada para pessoas idosas. Com o Vida Criativa, Clube da Longevidade, ela desenvolve atividades voltadas para trabalhar a mente e a cognição desse público, além de promover a interação social.

Foto: Edilson Omena

Especialista na psicologia do envelhecimento, ela destaca que o brasileiro está vivendo mais. “Então eu montei o Vida Criativa para que esse público pudesse ter um local onde conhecesse pessoas, que fizesse amizades, passeios, viagens, mas, sobretudo, trabalhasse a cognição”, explica.

E o que é a cognição? É a capacidade de processar informações e transformá-las em conhecimento, com base em um conjunto de habilidades mentais e cerebrais, como a percepção, atenção, associação, imaginação, juízo, raciocínio e memória. Só que essa capacidade vai diminuindo à medida que se estimula menos o cérebro.

“O envelhecimento não necessariamente traz o esquecimento. Mas, ao se aposentar, a gente para de trabalhar o nosso cérebro, para de desafiar, de trazer problemas no dia a dia, então a gente vai ficando realmente com o cérebro meio enferrujado”, ressalta Fagá.

O Vida Criativa nasceu com o propósito de propiciar atividades mentais de forma periódica. “Porque não adianta eu ir um dia só na academia e achar que meu corpo já vai estar todo trabalhado. E da mesma forma é a cabeça da gente. A gente precisa trabalhar e desafiar o nosso cérebro sempre. Sobretudo, aprendendo coisas novas”, salienta.

O espaço funciona em uma galeria no Conjunto Santo Eduardo, no bairro do Poço, parte baixa de Maceió. Atualmente, a empresa atende cerca de 75 idosos com oficinas semanais. Nas atividades, a psicóloga utiliza técnicas com foco na percepção, atenção, memória, pensamento, linguagem e aprendizagem.

No espaço Vida Criativa, os encontros acontecem às quintas-feiras, sendo uma turma pela manhã e outra, à tarde. A psicóloga atende também uma turma itinerante em outro dia da semana. As oficinas funcionam ainda como momento de interação e socialização, contribuindo assim para um envelhecimento sadio e ativo.

Além das oficinas, a empresária promove também viagens, passeios e clube de leitura. Todos voltados para esse público. Sempre com o objetivo de estimular habilidades no cérebro: de raciocínio, de memória de curto prazo, de memória de longo prazo e de atenção, além da interação social. “Eles acabaram fazendo novas amizades, reencontrando pessoas que não viam há algum tempo. Então tem uma interação”, salienta.

O Vida Criativa já está no mercado há cinco anos e, nesse tempo, já passaram por ele aproximadamente 300 pessoas. Conforme a empresária, o projeto só vem crescendo. “O clube começou devagarinho e ele foi crescendo e foi chegando cada vez mais gente. Eu vou abrindo mais turmas. Eu consegui alcançar um número grande de pessoas. A gente está muito feliz com o resultado desses cinco anos de trabalho”, avalia Fagá.

O investimento para fazer parte do programa é mensal. Vanessa Fagá destaca que o valor é estipulado levando em conta os custos para manter a sala, as despesas com as oficinas e ainda ter lucratividade. E, segundo ela, tem valido apena, porque é um segmento que só tem crescido.

A microempreendedora individual destaca ainda que é preciso olhar para os idosos como eles merecem. “Eles são responsáveis ainda pelo sustento de cerca de 70% das famílias, então não que eles sustentem todo mundo, mas muitas pessoas dependem desses idosos. Eles gostam de viajar, eles gostam de passear, eles compram tecnologia, roupas e muitos dizem que se sentem invisíveis”.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo:

Para economista Jarpa Aramis, a população acima dos 50, 60 e 70 anos, é um público que vem gerando capital financeiro para o mercado alagoano e para todo o Brasil

PÚBLICO É MUITO IMPORTANTE PARA O TURISMO

Para o Sebrae, o perfil deste público é muito importante para o turismo, uma vez que o envelhecimento da população gerará um aumento cada vez maior de consumidores dentro dessa faixa etária, que irá representar 28% de todos os turistas latino-americanos até 2030.

Apesar de ter idade superior a 60 anos, esse consumidor se afasta cada vez mais do estereótipo atribuído ao termo “idoso” ao ter uma boa saúde e disposição para aproveitar a aposentadoria. Além disso, dispõe de mais tempo livre (com filhos adultos e independentes) e poder de compra (principalmente nas economias desenvolvidas), e estão em busca de vivenciar experiências valiosas.

Para Elielton da Silva, que atua no ramo de turismo e excursões, é nítido o crescimento do público 50+ nas viagens prestadas pela agência, “muita gente da terceira idade nos procura pela forma que trabalhamos. Hoje mais de 75% dos nossos clientes são acima de 70 anos e a cada dia aumenta mais a procura”, frisou.

Maioria do público é acima de 70 anos I Foto: Cortesia

“Quando começamos, o público era mais jovem, mas com o passar do tempo o foco de acordo com o destino aumentou muito com os da terceira idade. Há grupos fechados inclusive, que nos procuram para organizar tudo: hotel, seguro-viagem, transporte, entre outros, que são de clientes com mais idade”, contou.


COMO VENDER PARA ESTE NICHO?


Diante de tanto potencial, como se preparar para atender a este nicho de mercado? Para responder a essa pergunta, o Sebrae preparou algumas dicas de boas práticas para aproveitar as oportunidades da economia prateada.

Segmente seu público-alvo, pois os consumidores com mais de 50 anos são um grupo bem heterogêneo e não devem ser tratados com generalização. Para atendê-los melhor, realize pesquisas e entrevistas, que vão ajudar a identificar desafios, interesses, hábitos e valores. Esse direcionamento é essencial para ter sucesso na economia prateada.

Fuja dos estereótipos atribuídos aos mais velhos, pois essa faixa da população não é formada por idosos fragilizados, ranzinzas e que sempre precisam de ajuda dos mais jovens. Nas suas campanhas publicitárias, utilize imagens de pessoas reais, que realmente representem o seu público-alvo. Ao se reconhecerem, os consumidores terão muito mais chances de se identificar com a marca e querer conhecê-la melhor.

Adapte sua comunicação, investindo em um design mais inclusivo, com fontes maiores e cores contrastantes. A jornada de compra deve ser a mais simples possível, para que o cliente consiga finalizar o seu pedido em poucos cliques. Outra tecnologia que tem sido muito utilizada pelos idosos são os assistentes de voz, como Alexa e Google Home, que oferecem mais interatividade e simplicidade de uso para os usuários.

Tendências para os consumidores da economia prateada

No Brasil ainda há um forte estigma social que impede a priorização do público sênior pelas marcas brasileiras. Muito embora os mais velhos sejam ativos e cada vez mais digitais, grande parte das marcas voltam suas estratégias comerciais exclusivamente para os consumidores mais jovens, perdendo oportunidades de atender a um público com hábitos estabelecidos e bom poder de compra.

PÚBLICO ACIMA DE 60 ANOS GERA CAPITAL PARA ALAGOAS E TODO PAÍS, DIZ ECONOMISTA

Até 2031, o número de idosos deve ultrapassar o de jovens no Brasil, de acordo com uma estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é só um dos motivos para que as empresas invistam em economia prateada. Ainda segundo os dados, haverá 42,3 milhões de jovens (0-14 anos) e 43,3 milhões de idosos (60 anos e mais). Pela primeira vez, o Índice de Envelhecimento (IE) será maior do que 100, ou seja, haverá 102,3 idosos para cada 100 jovens.

Segundo o levantamento, em 2018, o número de idosos no país chegou a 28 milhões – 13,4% da população; o número de pessoas com mais de 60 anos é superior ao de crianças com até nove anos. As projeções do IBGE também mostram que em 2055, o país terá o total de 70,3 milhões de idosos e 34,8 milhões de jovens, com o IE de 202 idosos para cada 100 jovens. Ou seja, haverá mais que o dobro de idosos em relação aos jovens.

E em Alagoas, o Censo de 2022 deixa claro que a população estadual está envelhecendo – como a brasileira, e isso se reflete em todas as áreas, seja na possibilidade de emprego, no consumo, saúde, transporte etc. Temos no estado, 750 mil pessoas com mais de 50 anos. É um número expressivo, um em cada quatro alagoanos. Ou seja, com o envelhecimento da população, há uma tendência de crescimento de negócios relacionados aos maduros e idosos. São empresas criadas por eles ou aqueles que estão se adaptando para atender a este público – é um conjunto diverso em termos educacionais, de saúde e de renda definido como “economia prateada”.

“A sociedade brasileira tem absorvido, inclusive é muito perceptível a geração de capital do ponto de vista de crescimento em serviços. São nichos de mercados que surgem exatamente por conta dessa maior expectativa de vida. Se vive mais, então se consome mais, só que vários elementos são novos para o mercado, que aí é da natureza da idade. Ou seja, chegou à idade e algumas limitações começam a surgir, diversas necessidades que precisam ser atendidas e sim, claro, percebemos isso na economia quando a gente vê as adequações das empresas que atendem todos os públicos. Elas começam a ter uma maior orientação para atender o público mais idoso”, destaca Aramis.

Aramis comenta ainda que, como a população está vivendo mais, as pessoas também estão trabalhando mais. “As pessoas estão trabalhando além daquilo que a gente via há 10, 30, 40 anos atrás. Então, continuam ainda entregando, participando da atividade econômica mesmo naquela idade em que geralmente a gente parava. Outra coisa bacana de se observar é que estamos percebendo as gerações convivendo e são mais de duas, três. Hoje nós temos quatro gerações em uma mesma empresa. Então, você tem lá o avô, o pai, neto e em algumas até o bisneto. E isso traduz exatamente essa longevidade de todas as conquistas que a nossa sociedade vem buscando manter. Essa é uma delas, por isso há sim essa tendência de adaptação do mercado”.

O economista diz que esse crescimento populacional no número de idosos faz com que a economia gire. “Das quatro gerações de uma mesma família trabalhando, você imagina a necessidade de se adaptar em uma sociedade moderna, com inovações no meio tecnológico. Então, o cara lá com um telefone, uma coisa simples, não é? Mas o homem ou mulher no auge dos seus 75 anos, 85 anos, porém em pleno vapor, atividade profissional em dia e tendo que se adaptar a tudo isto? E por isso começam a surgir ferramentas para poder facilitar a vida deles, e eles começam a interagir. Aí, se criam as empresas, consultorias para atender a este público”.



Para finalizar, Jarpa Aramis afirma que este público busca serviços em vários setores e o mercado precisa se preparar para atender a demanda. “Eles buscam serviços de turismo e hotelaria, estética, saúde e outros. Até porque, além do tempo, essas pessoas que consomem esses serviços têm uma vida financeira, pois passaram por muito tempo trabalhando e agora chega um momento de usufruir e, evidentemente, aqueles que têm uma cultura financeira estável estão aí circulando. Estão aproveitando tudo que tem disponível de opções de lazer. Mas veja que toda essa cadeia que atende este público precisa se adaptar. Imagina um hotel sem ter o acesso adequado e as condições de acesso, de acomodação, de alimentação, tudo orientado para esse público. Os gastos também desse público, você tem um aumento no número de consumo de medicamentos, é claro, isso entra na pauta da família, as doenças vão aparecer naturalmente e isso pesa no orçamento dessas pessoas, mas aqueles que têm uma estrutura financeira bacana, eles conseguem sim, efetivamente, disponibilizar recursos para poderem fazer os seus passeios, suas opções de entretenimento e de lazer”.

SETOR FINANCEIRO AINDA PRECISA ATENDER DEMANDA DA POPULAÇÃO IDOSA

Para o CEO do Banco Mercantil, Gustavo Araújo, mesmo com esse crescimento populacional do público que fortalece a economia prateada, o setor financeiro ainda não atende totalmente as demandas dessa parte da população.

“Somos o primeiro banco posicionado para os clientes 50+, um público que não costuma ganhar a devida atenção. É a parcela da população que mais cresce, em quantidade e relevância e que faz a economia girar em todo o Brasil, por isso, esta parcela populacional pode contar com o Banco Mercantil para oferecer o melhor ecossistema financeiro”, expôs Araújo.

O banco, que tem sede em Belo Horizonte e mais de 250 pontos de atendimento em oito estados brasileiros, lançou em 2022 uma campanha especial voltada para o público com mais de 50 anos. Crescente no mundo todo, é um público que tem mais tempo, mais dinheiro para consumir e muita energia para se recriar e conquistar seus objetivos. A campanha, criada pela agência Lápis Raro, conta com o cantor Fábio Jr, que atualizou a sua música “20 e poucos anos”, sucesso desde a década de 1970, acompanhada por todas as gerações, para “50 e tantos anos”, com um clipe especial.


POTENCIAL


A economia prateada se baseia no conceito de que as pessoas mais velhas podem continuar a desempenhar um papel ativo na sociedade e na economia, aproveitando suas experiências e habilidades e por isso, conforme a analista da Unidade de Soluções e Inovações do Sebrae Alagoas, Ana Madalena Sandes, neste ano de 2024, o público 50+ ganhará uma atenção maior e direcionada através do projeto Sebrae Plural, que visa incentivar e desenvolver de forma estratégica empreendedores PcDs (pessoas com deficiência), LGBTQIA+ e 50+.

De acordo com Sandes, o projeto deve ser implantado no segundo semestre, mas como a demanda deste público é grande, ações pontuais já estão sendo desenvolvidas no Sebrae/AL.

“A construção do projeto era essa mesma, mas ele está apoiado em ações mais pontuais. Continuamos com o grupo LGBT+, Mulheres. E estamos estruturando melhor o projeto para atender aos demais públicos. Ou seja, o projeto para o público 50+/60+ será estruturado no segundo semestre. Será um trabalho que deve consistir muito na questão de saúde. Na verdade, existe muito que se trabalhar com este público crescente, por isso, eu acho que ele não ficará no projeto Plural e sim será um projeto à parte”, antecipou Sandes, informando que em breve também será colocado em ação um projeto voltado para mulheres 60+.


DE 2022 ATÉ ABRIL DE 2024, BNB CRESCEU 2,4% EM CLIENTES ACIMA DE 45 ANOS

O Banco do Nordeste, através do CrediAmigo – maior programa de microcrédito da América do Sul, vem orientando linhas de crédito voltadas para empreendedores e empreendedoras formalizados ou não e tem tido crescimento em Alagoas.

De acordo com o gerente de Microfinanças do BNB em Alagoas, Herbert Caires, o banco tem linhas de crédito que vão de R$ 100 a R$ 21 mil. “Essa linha pode ser para capital de giro ou para investimentos com prazos de carência de quatro a 12 meses”.

E para mostrar o crescimento real do público 50+ no consumo em Alagoas ou na criação de empresas, a linha de crédito do CrediAmigo no estado tem 70.904 clientes atualmente. Deste total, a faixa etária entre 45 e 54 anos representa 20,5% e a faixa etária acima de 55 anos, 18%. Em 2023, eram 20,2% dos clientes do programa entre 45 e 54 anos, enquanto as pessoas acima dos 55 anos eram 17,4% do total. Em 2022, estes números eram 19,6% de 45 a 54 anos e de 16,5% acima dos 55 anos.

De acordo com o BNB, o ticket médio de valor de financiamento do programa em Alagoas é R$ 3,5 mil (valor médio por operação de crédito). Ou seja, somando os percentuais acima de 45 e acima de 55, o BNB teve o crescimento de 2,4 pontos percentuais na participação desse segmento entre os clientes do CrediAmigo de Alagoas, no período de 2022 até abril de 2024. Saiu de 36,1% para 38,5%.

Segundo Caires, não há uma dificuldade imposta pelo banco para as pessoas acima de 50 anos solicitarem uma linha de crédito. “Não existe uma dificuldade imposta, a gente dá uma atenção à vida. Mas, em termos de juros, prazos e procedimentos são as mesmas exigências desse fundo funcional e constitucional que financia as atividades produtivas do Nordeste do Brasil através da instituição que é o Fundo Funcional do Nordeste - financiamento dependendo do que a pessoa quer, pode chegar a ter 12 anos ou até 15 anos quando é para área de turismo. Se for para capital de giro, até 36 meses para pagar. Existe carência adequada a cada tipo de finalidade de proposta”, explica.

Ainda segundo o gerente, de qualquer negócio se vê a experiência que a pessoa tem “em cursos na área que o cliente está empreendendo, vão ser observadas garantias se a pessoa tem recurso próprio e qual a atividade que está explorando, se o capital social da empresa é pequeno ou grande, tudo isso influencia. É uma gama de variáveis que podem influenciar no resultado final de uma avaliação”, finaliza.

SOCIÓLOGO DIZ QUE ECONOMIA PRATEADA NÃO ESTÁ PREPARADA PARA ATENDER IDOSO EM ALAGOAS

O coordenador do observatório do idoso em Alagoas, Francisco Silvestre, avalia que a economia prateada atende a uma classe privilegiada de idosos e que as empresas ainda não estão se preparando e se atualizando aqui em Alagoas para esse público.

“Eu acredito que há uma adaptação estrutural gerontológica no estado de Alagoas. O empresário não inova. Então, o alagoano, o maceioense, principalmente quem tem dinheiro, ele pega seu carro ou vai para o aeroporto e segue para o sul do país. Então não tem uma demanda de mercado aqui atualizada. Ainda caminhamos devagar, vamos nos adaptando conforme a música”, diz Silvestre.

Em relação à classe de idosos menos abastados, Silvestre destaca que há um longo tempo vem representado a principal renda dos municípios e tem gerado lucratividade para as empresas de crédito. Isso porque a renda dessa classe, oriunda do salário mínimo, de bolsas, de vales e de projetos sociais, é baixa e acaba rapidamente no gasto com alimentação e remédio.

Nesse sentido, ele ressalta que muitos idosos de baixa renda acabam entrando nos empréstimos consignados. “É uma perversidade. Para a pessoa viver mais ou menos bem tem que tomar um empréstimo, porque o governo não dá um salário digno”, pontua Silvestre.