Seguro empresarial - cada vez mais necessário

Número de incêndios em estabelecimentos comerciais vem crescendo em Alagoas

Por Ana Paula Omena e Lucas França - Repórteres / Revisão: Bruno Martins | Redação

A incidência de incêndios exclusivamente em estabelecimentos comerciais no estado de Alagoas vem chamando a atenção, principalmente diante de suas proporções. Na capital, um dos últimos registrados este ano, foi em uma madeireira no Barro Duro, com prejuízos ainda incalculáveis, porém estimados em cifras altas, passando dos R$ 10 milhões. Houve registros também nas Lojas Imperador, Magazine Luiza, ambas no Centro da cidade, na casa de eventos Café de La Musique, em dois food trucks e em muitos outros locais. Assim como na capital, estabelecimentos comerciais no interior de Alagoas também foram vitimados com incêndios.

Para se ter uma ideia, a quantidade de sinistros em estabelecimentos comerciais é tão alta que o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL) registrou 148 ocorrências em 2023, sendo sete em estabelecimentos comerciais da capital alagoana, contra 132 em 2022, com sete também em Maceió. Este ano, somente até o dia 20 de fevereiro foram registrados 30 casos, sendo um na capital.

MADEIREIRA

Na noite do dia 31 de janeiro deste ano, um grande incêndio destruiu a loja Amadeus Madeiras, na Avenida Juca Sampaio, no Barro Duro, em Maceió. Não houve feridos no local, segundo o Corpo de Bombeiros. Um engarrafamento se formou na avenida devido à ocorrência. Os bombeiros foram acionados por volta das 19h50 para a ocorrência de incêndio no estabelecimento comercial. Foram deslocados 25 militares e oito viaturas para o combate às chamas. As causas são desconhecidas. A corporação ainda foi auxiliada por um carro-pipa. Várias viaturas da Polícia Militar deram apoio na ocorrência, principalmente para coordenar o trânsito próximo ao local do fogo.

Sem seguro, prejuízo da madeireira foi estimado em R$ 10 milhões (Foto: Sandro Lima)

De acordo com populares, um barulho de explosão foi ouvido pouco antes do incêndio. A fumaça pôde ser vista de outras partes da cidade. O trânsito na região ficou muito congestionado, chegando a paralisar o fluxo até nas proximidades do bairro do Feitosa. Curiosos se aglomeraram na calçada do outro lado da pista para acompanhar o trabalho dos militares. O céu estava nublado e, em certo momento, uma fina chuva começou a cair. O povo aplaudiu, pois seria uma grande ajuda contra o fogo, porém logo a chuva parou. Houve falta de energia elétrica nas proximidades da ocorrência.

O fogo foi controlado por volta das 22 horas e o trecho da Avenida Juca Sampaio foi fechado após o controle do fogo para a conclusão do trabalho dos bombeiros.

SEM SEGURO

Sem seguro, o prejuízo no estabelecimento comercial pode chegar a R$ 10 milhões. Dois caminhões e uma máquina empilhadeira estavam dentro do galpão no momento do incêndio e o diesel dos veículos pode ter potencializado o fogo. O proprietário informou à imprensa que o estabelecimento não tinha seguro. O dono foi procurado posteriormente para gravar entrevista sobre o acidente, mas não retornou até o fechamento deste material.

Alguns dias antes desse caso, no dia 27 de janeiro de 2024, o CBM/AL foi acionado para outro incêndio em um estabelecimento comercial, desta vez em um supermercado na cidade de Rio Largo, região metropolitana de Maceió. O sinistro, considerado de grandes proporções, deixou o local destruído e precisou da atuação de 11 militares em quatro viaturas. “As guarnições de incêndio combateram o fogo com o uso de água e, logo após, realizaram o rescaldo. Não havia vítimas”, informou a corporação.

A dona do local solicitou a perícia para descobrir a causa do incêndio. Na ocasião, ela também informou que o local não tinha seguro.

Incêndio em loja do Magazine Luiza na Rua do Comércio, no Centro de Maceió, em outubro de 2023 (Foto: Edilson Omena)

Dois dias antes, a corporação já havia sido chamada para controlar as chamas em um incêndio que atingiu um restaurante na Praia do Marceneiro, em Passo de Camaragibe, cidade do Litoral Norte alagoano. Apesar do susto, não houve registro de feridos. E as chamas foram controladas por funcionários do estabelecimento, que utilizaram extintores. O Corpo de Bombeiros foi acionado e realizou o trabalho de rescaldo.

Imagens postadas em redes sociais mostram o fogo na parte interna do restaurante e também fumaça. Muita gente precisou deixar o local, mesmo quem estava consumindo na parte externa.

E os registros deste ano não acabam por aí. No dia 18 de janeiro, um incêndio também de grandes proporções atingiu as Lojas Imperador, localizada no calçadão do Comércio, no Centro de Maceió. O Corpo de Bombeiros foi acionado para o local por volta das 21 horas para apagar as chamas. Seis viaturas com 19 militares foram enviadas para atuar no combate ao fogo. Pelas imagens registradas por populares, foi possível perceber que o fogo atingiu toda a estrutura da loja.

De acordo com a assessoria da Aliança Comercial, o incêndio começou por volta de 20h30 e não atingiu nenhuma loja vizinha.

O incêndio nas Lojas Imperador ocorreu três meses depois de um incêndio de grandes proporções que atingiu a Magazine Luiza, estabelecimento que ficou completamente destruído. No caso dessas duas lojas de departamento, os donos, segundo informações de seus funcionários, tinham seguro, então logo após o sinistro ele foi acionado e em poucos dias as atividades retornaram nos locais. Na Imperador, o funcionamento voltou em menos de 48 horas. Um dos proprietários, identificado apenas pelo nome de Rômulo, foi procurado pela reportagem para falar sobre o incidente e a importância do seguro, mas até o momento não deu retorno.

Seguro empresarial garante a sustentabilidade do negócio ao oferecer coberturas a eventos como incêndio ou explosão, vendaval, danos elétricos, roubo, responsabilidade civil e lucros cessantes

(Foto: Edilson Omena)


Incêndio em loja de departamento assusta consumidores e lojistas

O incêndio de grandes proporções registrado no dia 25 de outubro de 2023 destruiu a loja de departamento Magazine Luiza, localizada no Centro de Maceió. Muita fumaça preta foi vista saindo do local. Segundo o Corpo de Bombeiros, em junho de 2015, a mesma loja pegou fogo e tudo foi destruído. Testemunhas contaram que, por volta das sei horas, antes da abertura das lojas do Comércio, uma fumaça preta foi vista saindo da loja. Foi o momento em que os bombeiros foram acionados. Não há informações do que provocou o incêndio.

"Eu estava aqui perto e vi muita fumaça saindo, deu para ouvir barulho também e o alarme de incêndio da loja disparou. Chamamos o Corpo de Bombeiros, que chegou rápido. Estava muito quente e perigoso ficar por aqui", disse o vendedor Aluísio à época do sinistro.

Para controlar as chamas, sete viaturas do CBM/AL com um efetivo de 21 militares foram ao local. Como a loja estava fechada, os bombeiros tiveram que serrar a porta para conseguir entrar. “Fomos acionados para um princípio de incêndio. Quando chegamos, vimos que as chamas estavam altas e pedimos reforços. O fogo foi controlado na parte da frente e atrás, o problema é o meio porque há muitos entulhos e não conseguimos acesso ao meio. Estamos esperando uma retroescavadeira para retirar e entrar melhor para apagar totalmente as chamas”, disse o capitão Brasileiro.

Reunião de Força Tarefa discutiu prevenção de incêndios no Centro de Maceió (Foto: Sandro Lima)

Ainda segundo os bombeiros, nenhuma das lojas vizinhas foi danificada pelas chamas. “Nós fizemos uma vistoria e as lojas ao lado não foram atingidas”, completou o capitão.

PARTE ALTA

No dia 28 de agosto de 2023, uma loja de som automotivo pegou fogo no Conjunto Cleto Marques Luz, no bairro Tabuleiro do Martins, na parte alta de Maceió. Segundo informações do CBM/AL, o fogo começou em algumas caixas de som de madeira e se espalhou pela loja. Não teve nenhuma vítima ou ferido no local. O proprietário do local confirmou que tudo que estava dentro da casa foi perdido nas chamas. A loja precisou ser demolida pela Defesa Civil.

O dono da loja, Carlos Anderson, conversou com a reportagem e lamentou a perda de todos os materiais de trabalho, assim como mercadorias de clientes. “Perdi tudo que estava dentro da loja, minhas máquinas, minhas ferramentas, as mercadorias dos clientes. Nos fundos, tinha um cômodo que funcionava como casa, pois tinha fogão, geladeira, armário, cama e foi perdido tudo também”, contou o proprietário, ao destacar também que o imóvel era alugado. Ele contou que não sabia se o prédio tinha seguro.

Loja de som automotivo precisou ser demolida (Foto: Reprodução / TV Pajuçara)

Esses casos citados foram apenas alguns noticiados pela imprensa local e que estão dentro das estatísticas do Corpo de Bombeiros.

CBM/AL

Com relação à causa mais comum de incêndios em estabelecimentos comerciais, a sobrecarga elétrica de fiações irregulares pode ser uma das principais razões. A informação é do próprio órgão, solicitada pela reportagem.

“Para evitar esse tipo de incidente, é crucial garantir que a instalação elétrica esteja de acordo com as normas e regulamentações vigentes. Isso inclui contratar profissionais qualificados para realizar a instalação e manutenção elétrica, evitar o uso de extensões e benjamins em excesso, não sobrecarregar tomadas e verificar regularmente o estado dos fios e equipamentos elétricos”, frisou o Corpo de Bombeiros por meio da assessoria de comunicação.

“Os fios inadequados podem causar superaquecimento e, consequentemente, acidentes graves, como incêndios. Fios de baixa qualidade ou com misturas inadequadas de metais podem aumentar o risco de superaquecimento e falha na condução elétrica, resultando em curtos-circuitos e incêndios. Por isso, é importante utilizar materiais elétricos certificados e de qualidade comprovada, que atendam às normas de segurança estabelecidas”, completou.

Força-Tarefa

  • Com os incidentes, a Aliança Comercial e o CBM/AL solicitaram que fosse criado um grupo de trabalho para o Centro de Maceió. O intuito do grupo é prevenir incêndios, como o que atingiu o prédio da Magazine Luiza.
  • A Aliança Comercial, o Corpo de Bombeiros e a BRK Ambiental se reuniram para discutir as diretrizes que seriam tomadas em relação ao sistema de combate a incêndio da região do Centro de Maceió, com preocupação maior sobre os hidrantes e rotas de acesso ao calçadão.
  • “Vamos montar uma equipe de trabalho permanente para acompanhar o trabalho da BRK e Corpo de Bombeiros, inclusive cobrando a Prefeitura [de Maceió]. O intuito é ter este trabalho em conjunto. Queremos as entradas facilitadas para as viaturas do Corpo de Bombeiros nas ruas do Centro de Maceió”, disse à época a presidente da Aliança Comercial, Andreia Geraldo.
  • O coronel Verçosa, do Corpo de Bombeiros, destacou a importância de os órgãos trabalharem de forma integrada e realizarem ações permanentes e periódicas. “Com os órgãos públicos e privados, faremos uma ação melhor diretamente para o Centro da cidade. Basicamente é tirar o que está aí escrito e colocar em prática. Houve ação imediata, mas existem outros problemas que envolvem o Centro da cidade, que cresceu”, ressaltou.
  • O representante da BRK, Wilson Bombo, falou que em relação aos hidratantes o trabalho de manutenção é realizado dia e noite. “Desde que assumimos, recuperamos 30% dos hidrantes. Em 2024, iremos implantar mais 36 hidrantes em Maceió”.

Seguro empresarial cresce em Alagoas junto com o PIB nacional

Diante desta realidade, com o grande número de registros de incêndio, o seguro empresarial tem crescido em Alagoas junto com o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com arrecadação de R$ 12,5 milhões de janeiro a novembro de 2023, com expansão de 2,4% sobre igual período do ano anterior. As indenizações pagas aos empresários alagoanos somam R$ 1,6 milhão. Os dados são da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras). No Brasil, apenas 20% das empresas contrataram esta apólice, apontou a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais).

Segundo a projeção feita pelo Banco Central (BC) para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, o avanço da soma das riquezas dos brasileiros ficará em 2,92%. “Em comparação com o crescimento do PIB no ano, os dados mostram que os empresários alagoanos estão buscando cada vez mais esta proteção para as suas empresas”, afirma Jarbas Medeiros, presidente da comissão de riscos patrimoniais massificados da FenSeg.

Ele afirmou que o seguro empresarial garante a sustentabilidade do negócio ao oferecer coberturas a eventos como incêndio ou explosão, vendaval, danos elétricos, roubo, responsabilidade civil e lucros cessantes. “Esta última cobertura foi pensada para impedir a falência do negócio. Se a empresa fica sem operar devido a um incêndio, por exemplo, o lucro que ela deixa de obter por conta do sinistro será coberto durante o período de reconstrução do imóvel”.

MAIS CONSCIENTIZAÇÃO

Para 2024, Medeiros vê razões para o mercado seguir otimista, apostando na manutenção do crescimento de dois dígitos. Isso porque, na sua avaliação, os empresários estão mais conscientes da importância de incluir o seguro nos seus planejamentos, com maior percepção do risco representado pela intensificação dos eventos climáticos e pela projeção de crescimento do PIB em cerca de 2%.

No Brasil, segundo a FenSeg, apenas 20% das empresas têm apólice de seguro empresarial. Para Medeiros, a participação poderia ser maior se o seu custo-benefício fosse mais conhecido. Com um preço médio anual em torno de R$ 2,5 mil, proteger o negócio é relativamente barato, com parcelas mensais em média de R$ 200.

Ainda de acordo com a CNseg, a arrecadação do seguro empresarial, nos 11 primeiros meses de 2023, em todo país, somou R$ 3,5 bilhões, um crescimento de 19,2% em relação ao mesmo período de 2022. Em indenizações, o total pago ficou em R$ 1,5 bilhão.

Gustavo Henrique Olímpio, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas (Sincor/AL), explicou que na ocorrência de algum dos riscos cobertos, ou “sinistro” no jargão do setor, a seguradora paga indenização à empresa até o limite do valor segurado. “É possível desenhar uma apólice que caiba no bolso do empresário, do empreendedor, e que ele consiga colocar isso dentro de um planejamento da empresa ao longo do ano”, frisou.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo:


Perigos e consequências do aumento indevido de cargas

Para que a energia elétrica chegue com segurança e qualidade é necessário que haja um planejamento elétrico prévio por parte dos responsáveis pelas unidades consumidoras no momento da construção dos imóveis, nas instalações internas. E para evitar problemas futuros e situações indesejadas, durante este estudo, um dos pontos levados em consideração é a quantidade de carga suportada pela rede. Quando esses padrões definidos previamente não são obedecidos, pode haver a sobrecarga na fiação, representando um risco para a população e ao fornecimento de energia.

O gerente de relacionamento com o cliente da Equatorial Alagoas, Carlos Morais, contou que é comum, com o passar dos anos, os consumidores ampliarem a quantidade de equipamentos, bem como a demanda de instalações. Entretanto, quando isso acontece, há a sobrecarga da fiação e dos disjuntores e os clientes devem solicitar junto à distribuidora de energia o aumento de carga, que pode ser monofásica ou trifásica.

“Quando o cliente nos procura, seja ele residencial, comercial ou industrial, solicitando a mudança de carga, fazemos a soma da potência de todos os equipamentos instalados naquela unidade consumidora, desde lâmpadas até eletrodomésticos. Com base nessas informações a empresa autoriza ou não a troca do padrão. Outra situação que vemos bastante, são clientes que possuem uma unidade residencial e transformam ela em um ponto comercial, aumentando o número de equipamentos em uso e isso pode acarretar grandes prejuízos, se não for feita a devida comunicação junto à concessionária”.

“Outro ponto que merece atenção, são as ligações provisórias. Seja em caso de reformas ou realização de eventos, a necessidade do aumento de carga também deve ser comunicada à Equatorial”, complementou o gerente.

Trazendo para o dia a dia, Carlos explicou que a utilização do “T” ou “benjamin”, para a conexão de diversos aparelhos, também é um exemplo de aumento de carga irregular dentro de residências, pontos comerciais, entre outros. O mais seguro é ligar os equipamentos com potências compatíveis em uma tomada dimensionada para tal e utilizar o filtro de linha.

Carlos também destacou que as ligações clandestinas e irregulares também podem ocasionar sobrecarga de energia, além de provocar curto-circuito e acidentes. “A nossa rede é planejada para atender uma determinada demanda. As ligações realizadas à revelia da concessionária não passam por um estudo de planejamento prévio, aumentando de forma indiscriminada a quantidade de carga na rede, podendo gerar um curto-circuito e causar uma situação insegura para a população”, finalizou.

Há pouco mais de um ano, em março de 2023, um incêndio em uma fábrica de clandestina de fogos de artifício causou explosão e deixou um funcionário ferido. O barulho foi escutado e a fumaça vista em vários bairros de Maceió. Acompanhe o estrago em vídeo abaixo:

Sinistros podem ter relação com fios e cabos ilegais

O mercado irregular de fios e cabos elétricos tem crescido assustadoramente no Brasil, empresas idôneas e preocupadas com a qualidade do produto competem com fabricantes desonestos que vendem o produto muito abaixo do preço de mercado com baixíssima quantidade de cobre. O resultado? Acaba sobrando para toda a população, uma vez que esses produtos irregulares provocam o desperdício de energia, podem provocar curto-circuito nas instalações e até causar incêndios.

O diretor executivo do Sindicato das Empresas que Fabricam Fios e Cabos (Sindicel), Ênio Rodrigues, confirmou que a comercialização não prejudica apenas os empresários do setor, como toda a população. “Com as vendas de produtos irregulares, todos saem perdendo. Combater o comércio ilegal é a prioridade do Sindicel junto aos parceiros, como o Inmetro. Nisso a gente consegue garantir a segurança da população”, ressaltou Ênio.

Fios elétricos vendidos nas lojas de Alagoas foram fiscalizados no ano passado (Foto: Reprodução)

Para o sindicalista, mesmo sendo difícil saber a olho nu quais materiais são regulares e irregulares, a população tem que buscar as melhores lojas e marcas.

“Você tem uma residência com um cabo bom, uma residência com um cabo ruim, iguaizinhas, mesmo número de quartos, mesmo número de chuveiros e o mesmo número de pessoas. Essa residência com um cabo ruim, ela gasta 30% em média mais de energia elétrica. Então, o vizinho começa a conversar quando fala: ‘pô, quanto está gastando de energia elétrica, eu estou gastando 100, você gasta 70, mas porque que você gasta 70?’ Começa a brigar com a família, que está muito tempo no chuveiro. Isso é ruim para o bolso, mas o importante é pensar na segurança. Se você coloca um cabo ruim na tua parede, ele fica dentro de um conduíte na tua parede e esse cabo ruim ele esquenta. Então, a cobertura dele que te protege para não dar choque, ela derrete o cabo, cola um polo no outro. Aí dá um curto e aquela cobertura que devia ser antichama vai pegar fogo. Ela começa a queimar dentro da tua parede e você nem percebe. Você vai sentir um cheiro de queimado e vai entender que está tudo OK, mas não está. Isso pode provocar um incêndio de seríssimas proporções”, orientou Rodrigues.

VILÃO

O grande vilão de instalações elétricas em situação de risco é representado pelos fios e cabos chamados no mercado de ‘desbitolados’. Explicando de forma simples: os fios e cabos são feitos de cobre, que é um material nobre e, por isso mesmo, são a garantia de uma condução da energia com segurança. Muitas empresas fabricantes de fios e cabos diminuem drasticamente a quantidade de cobre no interior dos cabos, ou pior, misturam o cobre a outros metais, o que o torna resistente à passagem da energia elétrica.

Ênio diz que resistente não significa ser ‘mais forte’, “o termo resistente se refere à oposição da passagem da eletricidade e o que acontece quando o cabo se torna resistente? Ele aquece, muito! Aquecendo, ele vai derreter a camada de proteção (a parte de fora ‘colorida’ dos cabos que atua como isolamento elétrico) e pegar fogo! É assim, simplificando muito, que acontecem os incêndios por sobrecarga de energia e consequentemente curto-circuito. E é, provavelmente, o que aconteceu quando o fio do ventilador no quarto das crianças aqueceu e se incendiou [caso em maio de 2023 no interior de Alagoas em Canapi]”, comenta o especialista.

O sindicalista orientou ainda que o consumidor não compre fios e cabos pelo preço, antes de qualquer compra verifique o site da Qualifio (www.qualifio.org.br) “e vejam as empresas idôneas que trabalham com produtos de qualidade e exija de seu eletricista que ele trabalhe com produtos de qualidade”.

Seguro empresarial: um dos principais mecanismos relacionados à gestão de riscos

“Sob o prisma econômico, um incêndio em uma empresa ou estabelecimento comercial acarreta diversos custos diretos e indiretos. Podemos citar, por exemplo, enormes prejuízos financeiros à organização, seja sob a ótica de perda de recursos (bens de capital, matéria-prima, estoques), ou a suspensão de prestação de serviço ou produção, prejudicando o fluxo de caixa”, destacou a docente e economista Natália Olivindo.

Ela explicou que além dos prejuízos financeiros, a organização é obrigada a dedicar tempo, esforço e outros recursos, a exemplo de capital humano e financeiro, para se organizar depois do ocorrido ou até mesmo se reconstruir. “Tal fato ainda tende a afetar os objetivos organizacionais, bem como diminuir a sustentabilidade econômica dos negócios e sua competitividade perante o mercado”, frisou.

“Uma das formas de buscar evitar problemas com incêndios, vazamentos e explosões é a prevenção e ações relacionadas à gestão de riscos nas organizações. O gerenciamento dos riscos de incêndio é uma das melhores estratégias de mudanças a serem feitas em um sistema pouco conhecido, onde os recursos de tempo e financeiro são limitados”, reforçou.

Economista Natália Olivindo (Foto: Edilson Omena)

Para Olivindo, o seguro empresarial é um dos principais mecanismos relacionados à gestão de riscos, pois compreende bens materiais, como mercadorias, equipamentos, móveis, documentos e valores em espécie. O empresário deve ficar atento principalmente à cobertura oferecida pelo seguro, dado que são específicas para cada tipo de empreendimento, seja de pequeno, médio ou grande porte.

“Além do ponto de vista econômico, também é importante ressaltar outras medidas que busquem minimizar a probabilidade de danos físicos, a exemplo de treinamento de prevenção e combate a incêndio para os colaboradores”, salientou.

“A contratação de seguros, incluindo seguros contra incêndios deve decorrer de um planejamento adequado considerando, dentre outros aspectos, os objetivos organizacionais e os recursos disponíveis, incluindo aspectos financeiros e orçamentários”, completou a economista.

Evento devastador pode desencadear adoecimento psíquico

Para a psicóloga Betânia Moreira, passar por um evento devastador, como um incêndio, torna-se traumático para a maioria das vítimas. A tristeza e a desesperança são sentimentos esperados, deixando as vítimas suscetíveis a desencadear o adoecimento psíquico.

“É de extrema importância considerar os efeitos psicológicos que essas situações podem ter nos sobreviventes, muitas pessoas que passam por uma emergência podem experimentar sintomas de estresse pós-traumático, como pesadelos, ansiedade e reações de sobressalto. Diante do exposto, é essencial fornecer apoio psicológico adequado para essas pessoas, incluindo aconselhamento e terapia, para ajudá-los a lidar com os efeitos emocionais do evento traumático, tanto para os proprietários, quanto para seus colaboradores, tendo como objetivo trabalhar esse sofrimento para que não evolua para um transtorno psiquiátrico”, explicou a psicóloga.

Ainda conforme Betânia Moreira, infelizmente não existe uma edificação totalmente à prova de fogo e há muitos riscos possíveis que devem ser considerados previamente para que a empresa seja capaz de proteger a integridade e segurança dos funcionários, bem como o do seu próprio patrimônio.

Psicóloga Betânia Moreira (Foto: Edilson Omena)

Segundo ela, a compreensão do risco ajuda a reduzir drasticamente a probabilidade de ocorrência de um incêndio, evitando assim perdas e prejuízos intangíveis e irreparáveis.

“Ainda que se tenha sorte de um incêndio ocorrer sem qualquer vítima fatal ou mesmo de feridos, um incêndio em uma empresa, indústria ou estabelecimento comercial, certamente trará enormes prejuízos financeiros, dependendo da dimensão do incêndio”, ponderou, acrescentando que eventos do tipo podem ser irreversíveis, levando muitas vezes a empresa ao seu fechamento permanente, gerando perdas irreparáveis de um legado construído durante anos de muita labuta diária.