Criadas na pandemia, pequenas empresas aumentam produção e fortalecem economia

Em Alagoas, sonho do próprio negócio resultou na maior taxa de abertura de MEIs do Nordeste com 51,3% no período da pandemia; em 2022, 35 mil novas empresas foram criadas, segundo levantamento da Junta Comercial do Estado

Por Lucas França / Revisão: Bruno Martins | Redação

Em Alagoas, negócios empreendedores que surgiram na pandemia continuam ativos e com crescimento na produção dos serviços que oferecem à sociedade. É o caso da jornalista Geane da Silva e da dona de casa Mariana Ferreira Cavalcante. Duas mulheres distintas, mas com o mesmo objetivo: empreender. Cada uma em seu nicho, elas apostaram no empreendedorismo como caminho para se reinventar.

Necessidade, oportunidade ou sonhos antigos fizeram essas novas empreendedoras "colocarem a mão na massa" e driblar a crise econômica em um momento tão difícil. E segundo as pequenas empresárias, seus negócios estão indo bem.

A reportagem do portal Tribuna Hoje mostra como essas mulheres estão se destacando no mercado de trabalho alagoano. Elas são donas de casa, profissionais talentosas, mães, empoderadas e agora empreendedoras de sucesso.

A jornalista e há três anos pequena empresária (como ela mesmo se denomina) Geane da Silva, viu em seu amor por decoração uma oportunidade de negócio.

"Tudo começou após eu fazer a aquisição do meu apartamento. Depois que comprei, resolvi criar um perfil no Instagram @ap.inspiracao205 que era para aliviar a ansiedade, já que ele foi comprado na planta. Fui colocando dicas de decoração, receitas e surgiu a ideia das almofadas. Apaixonei-me por decoração com as almofadas e transformei um sonho que é a casa própria em negócio. Então, comecei a revender – comprava-as prontas e vendia, mas queria que tivesse a minha marca. Meu objetivo é que os clientes peguem as almofadas e vejam a minha logomarca. E isso vem dando super certo", conta Geane da Silva, que revelou que abriu seu negócio na pandemia, mas se tornou Microempreendedor Individual (MEI) apenas em 2021.

Para ela, empreender resulta em mais tempo com a filha. "Juntei uma coisa com a outra. O empreendedorismo não é de agora apenas por conta da pandemia. É bem antigo, já vendi várias coisas, como chocolates, mas nesse caso da decoração surgiu há pouco tempo. Quando era carteira assinada, resolvi sair do trabalho para ficar mais tempo com a milha filha, já que sou mãe solteira e notei que por conta da Covid-19 ela estava mais ansiosa. E isso foi polêmico, muita gente achou que daria errado e até me chamaram de doida por sair do emprego para empreender em plena crise. Mas não desisti, abri um espaço dentro da casa dos meus pais onde morava, antes de ter este espaço físico", lembra Geane.

Ela, que já tem em seu DNA o empreendedorismo como ferramenta de mudança de vida, conta que fez uma pesquisa de mercado para só assim seguir em frente com o objetivo da empresa, além de começar a fazer divulgação e vendas nas plataformas digitais. "É um novo momento e não tem como fugirmos disso, as redes sociais são uma vitrine para divulgação e vendas. Utilizo algumas ferramentas digitais como WhatsApp Comercial, onde os clientes têm acesso ao catálogo".

Com o sucesso, a loja expandiu e ganhou sede própria, no bairro Petrópolis, em Maceió. A meta agora, segundo ela, é contratar funcionários.

"Quem é empreendedor tem que sonhar alto e não desistir dos sonhos. Eu mesma costuro as peças e nunca tinha pegado em uma máquina de costurar, mas pesquisei, vi vídeos e hoje estou aqui com um retorno essencial nesse momento. Tudo que fiz foi com a cara e a coragem. Por isso, minha mensagem para as pessoas é que elas nunca desistam de seus ideais. Não é fácil, mas também não é impossível. Mesmo que seu negócio seja em um nicho novo, diferente, pesquise, busque, estude e vá em frente. Sonhe grande", finaliza Geane.

Empreender, fazer a economia local girar e incentivar outras pessoas são algumas das coisas que a empreendedora Mariana Ferreira Cavalcante deseja. Ela colocou esse pensamento na cabeça após participar da primeira turma do projeto Brasil Mais Empreendedor – que tem como objetivo capacitar jovens empreendedores de 17 a 39 anos na periferia de Maceió.

Mariana Ferreira participou de um curso quando decidiu empreender (Foto: Edilson Omena)

Mariana já empreendia, mas de acordo com ela o curso foi essencial para focar e fazer o negócio crescer. E o foco dela é girar a economia do bairro Vergel do Lago onde mora para, quem sabe no futuro, empregar outras pessoas da região.

"Empreendo há cinco anos, mas só após o curso e as consultorias vi que meu negócio pode crescer. Foi algo muito positivo para mim. Tem coisas que não sabia e aprendi. Vários métodos que não sabia ou tinha visto nos cursos anteriores. Por isso que minha expectativa é crescer, fazer o bairro crescer comigo. Meu desejo é ter uma, duas ou mais lojas e empregar outras mulheres", disse Mariana.

No momento, Mariana está empreendendo em casa na produção de acessórios infantis, como laços e tiaras feitos à mão. Ela atua como auxiliar de cozinha e conta que começou a produzir apenas para a filha, mas ganhou notoriedade. "Elas se interessaram e muitas incentivaram dizendo que poderia ser feito para vender. Nisso vi a oportunidade de ser independente financeiramente. Porém eu não sabia como começar, não sabia vender, não entendia. Então fui me aperfeiçoar e aprender a empreender para com isso ajudar outras pessoas também. Essa é a minha primeira loja que está prestes a ser inaugurada, mas pretendo expandir para outras localidades do bairro do Vergel do Lago e até outras regiões", projeta.

Mariana Ferreira, que já é MEI, conta que seu sonho é fazer uma consultoria junto ao Sebrae, assim como ensinar a outras mães, mulheres e jovens do bairro a fazer os laços e tiaras para crescerem junto com ela. “Quero fazer cursos para estas mulheres”.


Os pequenos negócios são 99% das empresas brasileiras e 30% do PIB, beneficiando mais de 40% da população. Eles concentraram quase 80% dos empregos formais gerados no país em 2022, desempenhando um papel fundamental na retomada econômica pós-pandemia.

Geane inicialmente montou sua loja em um cômodo da residência em que vivia com os pais e sua filha (Foto: Edilson Omena / Arquivo)


Alagoas é estado do Nordeste com maior taxa de abertura de negócios na pandemia

Alagoas é o estado da Região Nordeste com a maior taxa de abertura de negócios no período da pandemia. Segundo dados do mapa de empresas do governo federal (www.gov.br), no período de 2020-2021, a taxa de abertura de novos negócios no Estado ficou em 51,3%, à frente de estados vizinhos como Sergipe (46,3%) Pernambuco (43,6%) e Rio Grande do Norte (31,5%). Do lado da taxa de fechamento de empresas, os números também são favoráveis a Alagoas (32%), abaixo de Sergipe (38,1%) e Pernambuco (37,6%).

Em números absolutos, significa que Alagoas abriu mais de 14 mil empresas e fechou 4.209 delas no primeiro quadrimestre de 2021. O porte da maioria desses empreendimentos é de microempresas individuais, empresas que empregam até um funcionário e que estão limitadas a faturar, por lei, até R$ 81 mil por ano.

Para o analista técnico de Gestão Estratégica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Alagoas e economista Fábio Leão, esta dinâmica de abertura de novas empresas segue aquecida no Estado mesmo depois da pandemia. “Alagoas registou 9.306 novas empresas no primeiro trimestre de 2023, segundo um levantamento da Junta Comercial do Estado de Alagoas [Juceal], com um aumento de 28,6% com relação ao último trimestre de 2022, quando foram criadas 7.239 empresas; ou seja, foram criadas 2.067 empresas a mais entre os dois períodos", pontua Leão, acrescentando que elas mantêm a estrutura com o mesmo padrão do período da pandemia. "Neste ano foram abertas 7.172 MEIs, 1.588 MEs [Microempresas] (aumento de 27,7%) e 358 EPPs [Empresas de Pequeno Porte] (6,2%)".

Fábio Leão aponta que números em Alagoas mostram grande dinâmica de abertura de empresas (Foto: Arquivo pessoal)

Fábio ressalta que as principais atividades dessas empresas são: comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (464 empreendimentos); promoção de vendas (330); outras atividades acessórias ao transporte terrestre (301); cabeleireiros, manicure e pedicure (291); lanchonetes, casas de chá, sucos e similares (284); comércio varejista em geral, com destaque para minimercados, mercearias e armazéns (268); restaurantes e similares (234). A maior parte dessas empresas foi aberta em Maceió (4.825), Arapiraca (826) e Rio Largo (258).

Para o analista, os números apresentados mostram que Alagoas tem uma grande dinâmica de abertura de novas empresas de pequeno porte que se mantém ao longo do tempo e mesmo em períodos adversos, como a pandemia, a dinâmica permanece. "A manutenção dessas empresas em funcionamento é muito importante para a economia local, a chamada economia de proximidade. Em Maceió, por exemplo, as empresas abertas depois da pandemia passaram a reforçar a economia dos bairros da capital e apresentam características distintas de outros momentos. Dentre as principais razões para o fortalecimento da economia dos bairros, a partir da criação das empresas, podemos citar: a fuga das aglomerações em locais como shopping centers, a comodidade, a proximidade de casa e o menor preço para os clientes. As empresas próximas às casas dos clientes trazem uma maior sensação de segurança, além de diminuição dos deslocamentos, redução de custos de transporte e, com isso, aumento do tempo de ócio para o lazer e a família. No comércio de proximidade nos bairros, os clientes podem contar com produtos de melhor qualidade em suas mesas. É comum que quitandas, mercearias e mercadinhos aproximem suas relações com o campo e passem a ofertar produtos frescos, diretamente da roça – e muitas vezes, os produtos são ainda plantados nos próprios bairros onde as empresas estão localizadas".

Leão expõe que com tudo isso os empresários têm condições de atender os clientes com mais cuidado e atenção, "uma vez que grande maioria deles são seus vizinhos. Uma última característica dos negócios de bairro são as facilidades de entrega. A maioria das empresas investiu na contratação de entregadores para facilitar o consumo de seus produtos e fidelizar os clientes, ampliando dessa forma o faturamento de seus negócios".

SEMANA DO MEI

Entre os dias 22 e 26 de maio, ocorre a Semana do MEI, um evento que auxilia quem já empreende e incentiva a abertura de novas empresas. Haverá a entrega da Declaração Anual de Faturamento do Simples Nacional, palestras, capacitações e atendimento em todo o Estado de Alagoas, com a parceria das Salas do Empreendedor na capital e no interior. Para participar, é necessário se inscrever através do link doity.com.br/sebraealagoas.

Pesquisa de mercado é essencial para abertura do próprio negócio

"A manutenção deste ciclo de vida dos negócios demanda, no entanto, vários cuidados que precisam ser observados pelos empreendedores. Uma primeira recomendação diz respeito ao treinamento constante dos funcionários. Investimento em atendimento, cortesia, conhecimento técnico do produto e do serviço oferecido faz toda a diferença no contato com os clientes. A transição digital é algo que marcou a pandemia e acelerou o processo para todas as empresas, de todos os portes. Muitas empresas já entraram na era digital principalmente para facilitar as vendas e os pagamentos. É comum atualmente que as empresas de pequeno porte funcionem em plataformas digitais de vendas e entregas, além de utilizarem diversos meios de pagamento como cartões de crédito e débito, além do Pix, que facilitou sobremaneira a vida dos pequenos negócios", explica Fábio Leão.

O analista pontua ainda que o processo de transformação digital dessas empresas continua firme. "As empresas que estão se posicionando com mais força no mercado são aquelas que investiram em cursos como fotografias dos produtos e em storytelling – formas diferentes de contar a história da sua empresa e do seu produto nas redes sociais. Assim, os empresários viraram também garotos-propaganda de seus negócios e produtos, interagindo com seus clientes por meio de vídeos e encontros virtuais, onde coletam informações e dicas diretamente dos seus maiores acionistas – seus próprios clientes".

Além disso, ele afirma que é muito importante lembrar que os aspectos financeiros dos negócios são importantes para o seu fortalecimento. "Durante a pandemia as empresas de pequeno porte se deram conta de necessidade de organizar suas finanças e contabilidade. Muitas delas não tinha nenhuma folga de caixa para aguentar um mês sequer sem faturamento. Portanto, informações básicas como o levantamento de todos os custos da empresa, noções de fluxo de caixa, necessidade mínima de capital de giro, são vitais para a sobrevivência e para o crescimento dessas empresas no longo prazo".

"O apoio de um bom consultor ou de organizações como o Sebrae faz toda a diferença para estes pequenos empreendimentos. Consultorias e cursos com valores subsidiados são ofertados com frequência, além do planejamento conjunto de setores inteiros em bairros específicos são algumas das atividades dessas empresas. Vale a pena procurar por ajuda para garantir a sobrevivência dos seus negócios", finaliza Leão.

Economista Cícero Péricles cita papel fundamental dos pequenos negócios na economia alagoana (Foto: Sandro Lima / Arquivo)

DESAFIOS DE EMPREENDER

O economista Cícero Péricles ressalta que os pequenos negócios possuem papel fundamental e o fortalecimento dessas empresas tem sido propulsor da economia em Alagoas, impactando diretamente na economia de bairros e inclusive nas pequenas cidades.

“Esse é o núcleo mais dinâmico da economia estadual, o conjunto das micro e pequenas empresas espalhadas pelos bairros e cidades do interior que mais empregam e geram dinâmica. Outro grande grupo de negócios é formado pelos microempreendedores individuais. Apesar de numeroso, o bloco dos MEIs, pela pequena dimensão de seus negócios, dedicados mais ao comércio e prestação de serviços, não tem a mesma capacidade produtiva do conjunto das MEs e das EPPs, as empresas de pequeno porte. As indústrias de ‘fundo de quintal’, as pequenas fábricas de bens populares, a rede de lojas do varejo de bairro, assim como as empresas da área da construção, que atendem à autoconstrução popular e às reformas e ampliação de imóveis, são também destes segmentos dos pequenos negócios. Nas localidades menores e mais pobres, essa presença é ainda mais exclusiva”, pontua o especialista.

Projeto sem fins lucrativos forma empreendedores em bairros de Maceió


O Projeto Brasil Mais Empreendedor oferece uma semana de um curso intensivo de qualificação em empreendedorismo para pessoas que já possuem um negócio e para aqueles que pensam em empreender. É uma iniciativa sem fins lucrativos em que, ao final da capacitação, os alunos recebem dois meses de consultoria, além de criação de logo e apoio no plano de negócio.

De acordo com Marcos Rinaldi, gestor do Projeto Brasil Mais Empreendedor, há cases de sucesso em nosso estado. "Além de melhorar a gestão de pequenos negócios já existentes, em fase inicial, a ideia é fortalecer negócios em fase inicial ou em operação com uma consultoria. O projeto é dividido em três etapas com 30 horas de aulas presenciais, criação de logomarca e semi-incubação", explica Rinaldi.

Marcos Rinaldi é gestor do Projeto Brasil Mais Empreendedor (Foto: Edilson Omena)

Rinaldi esclarece que após a formação presencial e construção do plano de ação, os empreendedores passam por um período de semi-incubação de três meses. "Nossa expectativa é que a partir da execução do plano de ação e da criação de novos negócios, os empreendedores ajudem a fomentar a economia em suas localidades. E para isso os alunos são orientados sobre o MEI, para que serve, como fazer e quanto custa".

O projeto é realizado pela Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) em parceria, por meio de termo de fomento, com a Subsecretaria de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Artesanato da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e contará com a coordenação técnica do Conselho de Jovens Empreendedores (CJE) Maceió.

Veja como se tornar MEI e os benefícios do setor

O Microempreendedor Individual é aquele que trabalha como pequeno empresário ou empresária individualmente e, ao se tornar MEI, adquire a condição de Pessoa Jurídica. Para se tornar MEI, é necessário atender a algumas características específicas, como ter um faturamento anual máximo de R$ 81 mil ou proporcional ao mês de abertura, não possuir sócio, não ser titular, sócio ou administrador de outra empresa, não ter filial e ter no máximo um funcionário que receba até um salário mínimo.

Analista técnica do Sebrae/AL, Pauline Reis explica como se tornar MEI. De acordo com ela, é importante verificar se a pessoa recebe algum benefício previdenciário e se as atividades escolhidas podem ser registradas como MEI. Além disso, nem todos os empreendedores podem ser MEIs, como menores de 16 anos ou aqueles que possuem mais de um estabelecimento ou sociedade empresária.

“Para formalizar o negócio, o processo é gratuito e pode ser feito pelo Portal Empresas & Negócios, no endereço https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/empreendedor. É necessário preencher os dados cadastrais do empresário e do negócio e aceitar as regras gerais relativas ao registro empresarial e emissão do termo de ciência e responsabilidade com efeito de dispensa de alvará e licenças de funcionamento”, esclarece Reis.


Para formalizar o negócio, o empreendedor deve ter em mãos:


• O cadastro na conta gov.br (nível prata ou ouro);

• RG;

• Dados de contato (telefone celular e e-mail) e endereço; e

• Dados do negócio como capital social (investimento bruto inicial), tipo de atividade econômica realizada, forma de atuação e local onde o negócio é realizado.

Após a regularização, o empreendedor terá em mãos o Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral, além do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) mensal.

Empreendedores que optam pelo MEI precisam estar cientes de todas as obrigações que envolvem a modalidade, inclusive o valor das contribuições, que devem ser recolhidas mensalmente e que variam de acordo com o tipo de atividade exercida, atualmente os valores são:

• Para Comércio e Indústria, o valor é de R$ 66,10, sendo R$ 65,10 referentes ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e R$ 1 de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

• Para Serviços, o valor é de R$ 70,10, sendo R$ 65,10 de INSS e R$ 5 de Imposto Sobre Serviços (ISS).

• Para Comércio e Serviços, o valor é de R$ 71,10, sendo R$ 65,10 de INSS, R$ 6 de ICMS e ISS.

• Já para o MEI Caminhoneiro, o valor é de R$ 162,24, sendo R$ 156,24 referentes ao INSS e R$ 6 de ICMS e ISS.

Fique atento às mudanças de valores do MEI, elas são proporcionais ao aumento do salário mínimo.

Pauline explica que essas contribuições são legalmente estabelecidas e garantem ao empreendedor direito à aposentadoria, auxílio-doença, licença maternidade, entre outros benefícios. “Além do pagamento mensal, o MEI também tem outras obrigações, como a Declaração Anual de Faturamento do Simples Nacional (DASN-Simei), que deve ser transmitida até 31 de maio do ano-calendário subsequente ao da ocorrência dos fatos geradores dos tributos previstos no Simei. É importante manter o controle mensal do faturamento para preencher a Declaração Anual. Outro ponto importante é que o MEI não é obrigado a emitir nota fiscal quando o consumidor é uma pessoa física. Porém, quando o destinatário da mercadoria ou contratante dos serviços for uma outra empresa, uma pessoa jurídica, o MEI tem a obrigação de fazer a emissão”.

Pauline Reis fala sobre o processo para formalização do negócio (Foto: Arquivo pessoal)


Para os MEIs que possuem um empregado ganhando até um salário mínimo ou o piso salarial da profissão, é necessário fazer os recolhimentos obrigatórios e garantir todos os demais direitos trabalhistas. Todo MEI que tiver um funcionário deve fazer cadastro no e-Social, um projeto que une prestação de informações pelo empregador em relação aos seus trabalhadores, como cadastramento, vínculo, contribuições previdenciárias, folhas de pagamento e outros.

“Assim, após estar regularizado e cumprindo devidamente suas obrigações, o MEI passa então a ter acesso a diversos benefícios, como auxílio-maternidade e doença, aposentadoria e outros benefícios previdenciários”, expõe a analista técnica.

Pauline Rios pontua que o MEI tem acesso a serviços financeiros, como conta corrente de pessoa jurídica, máquinas de débito e crédito, antecipação de recebíveis, cartão de crédito ou débito empresarial, crédito para compra de mercadorias, insumos ou matérias-primas, máquinas, equipamentos, móveis ou utensílios de produção, veículos (carro, moto etc.) e crédito para ampliar o negócio.

“O MEI também pode emitir nota fiscal, contratar funcionários e vender para o governo. Além disso, há isenção de alguns tributos. E se em algum momento o MEI precisar encerrar suas atividades, o processo é simples e gratuito. Basta acessar o GOV.BR/MEI e solicitar a baixa do registro. A baixa do CNPJ MEI gera a baixa das inscrições nas administrações tributárias estadual e municipal, além do cancelamento das licenças, alvarás e demais inscrições. Para realizar esse procedimento, é necessário ter uma conta gov.br Prata ou Ouro”.

“Após solicitar a baixa, é preciso fazer a Declaração Anual de Faturamento (DASN) marcando a opção ‘Situação Especial’ e informando a data da baixa. Os débitos e obrigações em aberto não impedem que você dê baixa em seu CNPJ, mas é importante emitir todos os DASN desde o período em que abriu a empresa até o mês em que decidiu dar baixa, mesmo que o pagamento seja feito posteriormente. Depois de realizado o procedimento, é importante procurar a Prefeitura para solicitar a baixa nesse órgão e deixar sua empresa sem nenhuma pendência”, finaliza.

Para obter mais informações e esclarecer dúvidas, o empreendedor pode procurar as Agências do Sebrae em Maceió, Arapiraca, Penedo e Delmiro Gouveia, a Central de Relacionamento do Sebrae (0800 570 0800), o portal do Sebrae e as redes sociais da instituição, além das Salas do Empreendedor na capital e no interior do estado.