Petrucia Camelo
NATAL DE LUZ
Eis a festa memorial da data aniversária do nascimento de Cristo! O brilho comemorativo, que reluz, condiz com os sentimentos nobres que fazem parte da integridade do sagrado aniversariante, que, em seu nascimento, aportou na Gruta, trazendo, de outras plagas, os Reis Magos instruídos pela estrela guia, com incenso, mirra e ouro. História divina que faz observar que na condição humana a verdade pode encerrar-se por séculos sem alterações.
Natal! É hora de revisitar a Gruta, de romper os grilhões da angústia do fascínio, de arrastar-se por entre as iniquidades e quinquilharias ilusórias dos pertences, deixando a mente livre para tocar nas paredes de sustentação da Gruta, ver se faz parte do quartzo que a sustêm, clamar a dignidade de fazer adoração ao Menino Deus, levando a face a se introjetar de luz, sentir o enlevo do louvor ecoando em sua abóbada. É hora de dialogar internamente, de se ver vendo.
Hora de recolhimento, de renovação, de aprender a separar o que realmente se ama, analisando se tem a durabilidade do grão de quartzo que compõem as rochas da Gruta do nascimento de Jesus Cristo. É reviver momentos sagrados de mistério divino, acompanhado dos segredos da atmosfera do irreal que, ao tocar a alma, traz a transcendência das respostas que se espera ouvir. O mundo precisa da sobriedade desse momento, precisa do aprendizado da reflexão, para que não se perca no nevoeiro das abominações.
Compreende-se que há viagens e viagens. Ir à Gruta onde nasceu Cristo é empreender uma viagem interiorizada de fé cristã, importantíssima para a ofortaleza do espírito, para permanecer intacto mediante os horrores do mundo, principalmente na atualidade, quando se aventura a sair de casa e a voltar no “Expresso das 11”, que leva os indivíduos de volta a casa, não traz muitos, que trucidados foram, ficaram pelas calçadas, becos, vielas ou matagais, até serem encontrados.
É visível que o tempo vivenciado é feito de condições adversas, do ópio da crueldade, de jovens e adultos isolados ou em bandos, que se organizam criminalmente. Hoje, a regra maior é para manter-se vivo, sem poder esquecer que a guerra é feita de pequenas coisas.
Entretanto, pressupõe-se que cada indivíduo é peça única da criação divina; não é difícil para o artífice, diante de imensurável criatividade, encontrar a obra do erro e da glória, o que leva a inferir que o vinho deve ser tomado com moderação, à fartura da mesa. Absorver a indelével motivação natalina é ir ao encontro da renovação interior e, sobre as luzes do Natal, levar à mesa da ceia o amor filial e ao próximo e a si mesmo. Viajar à Gruta, contrito em Deus, é despertar os bons sentimentos, numa oferenda a Jesus Cristo. Feliz Natal!
Petrucia Camelo
Sobre
Petrucia Camelo é Assistente Social, nasceu em Viçosa-AL. Casada com o médico e escritor Arnaldo Camelo. Possui 14 livros publicados, dois livros premiados. Pertence a Academia Alagoana de Letras. Sócia Honorária do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Sócia da UBE-PE. Fundadora e Presidente do Clube Café, Vinho e Arte - CCVA.





