Enio Lins

A UFAL e sua aula magna de história, cidadania e coragem

Enio Lins 07 de novembro de 2025

DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO, a Universidade Federal de Alagoas realiza a cerimônia de diplomação póstuma de estudantes cujas vidas foram tiradas por responsabilidade da ditadura militar que aterrorizou o Brasil entre 1964 e 1985. Três serão os diplomas post mortem concedidos por autorização expressa do órgão supremo da UFAL, o CONSUNI (Conselho Universitário) em reunião realizada em 1º de abril deste ano.
DIPLOMAS QUE SERÃO ENTREGUES às famílias de Dalmo Lins, Gastone Beltrão e Manoel Lisboa em ato solene no último dia da 11ª Bienal do Livro de Alagoas, o mais tradicional evento permanente no campo cultural em nosso Estado. Uma ótima escolha, pois o livro é um símbolo do saber, da transferência do conhecimento. Livro é um uma referência universal para o combate à ignorância, à desinformação, à brutalidade.

SAUDANDO ESSA ATITUDE da UFAL, copiarei e colarei os três próximos parágrafos de artigo aqui publicado em 29 de março de 2025. São ínfimos resumos das biografias de Dalmo, Gastone e Manuel. Recentemente foi publicado um livro sobre Manoel Lisboa e devem ser publicadas pesquisas sobre Gastone e Dalmo. Esses textos a seguir, resumidos, servem apenas para situar quem esteja lendo esta coluna sobre quem foi cada uma dessas lideranças, que ousaram combater uma ditadura sanguinária.

GASTONE LÚCIA DE CARVALHO BELTRÃO – Estudante da Faculdade de Economia da UFAL e militante da Juventude Estudantil Católica (JEC). Com a implantação ditadura, passou à resistência clandestina, mudando-se de Alagoas. Foi sequestrada, torturada e fuzilada sumariamente pelos militares. Têm-se como dia de seu assassinato 22 de janeiro de 1972, cometido por agentes do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS-SP), conforme investigações dos grupos de defesa dos Direitos Humanos.

JOSÉ DALMO GUIMARÃES LINS – Estudante da Faculdade Direito na UFAL, foi expulso sob a acusação de envolvimento com a “subversão”. Atuou como militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), e posteriormente, tendo se mudado para o Rio de Janeiro, se vinculou à ALN (Aliança Libertadora Nacional), liderada por Carlos Marighella. Ele e a esposa Marilu foram presos e barbaramente torturados, o que causou graves danos à sua saúde. Os relatos indicam que se suicidou em 11 de fevereiro de 1971, mas existem suspeitas de assassinato cometido por agentes da repressão.

MANOEL LISBOA DE MOURA – Cursava Medicina na UFAL e teve uma intensa atuação política como aluno e militante, atuando na União Nacional dos Estudantes (UNE), na Juventude do PCB, depois no Partido Comunista do Brasil (PCdoB), e, finalmente, no Partido Comunista Revolucionário (PCR). Foi preso, torturado, e passou a viver na clandestinidade, até ser capturado novamente. Foi assassinado sob tortura em 1973, provavelmente no dia 4 de setembro.

JOSEALDO TONHOLO, REITOR, merece todos os elogios pela aula de cidadania, história e coragem que a UFAL, sob sula liderança, está ministrando para toda a sociedade alagoana, e para o Brasil. Aplausos que devem ser estendidos para todas as pessoas que fazem a Universidade Federal de Alagoas. História é algo além de lembranças e, até, das pesquisas acadêmicas. “A História é um carro alegre/ Cheio de um povo contente/ Que atropela indiferente/ Todo aquele que a negue”, como canta Pablo Milanés. História é movimento, luta, irresignação, alegria de quem tem coragem para enfrentar as injustiças, mesmo sob as condições mais adversas. História é o que a UFAL está fazendo ao restituir dignidade à memória de quem morreu por resistir ao autoritarismo.

VENHA VOCÊ TAMBÉM fazer parte deste momento histórico. Diplomação póstuma de seus estudantes vítimas da ditadura: Domingo, 9 de novembro, 10 horas, Sala Ipioca, Centro de Convenções Ruth Cardoso – Bienal do Livro de Alagoas.