Enio Lins
A Faculdade de Medicina de Alagoas e seus 75 anos de muita saúde

FUNDADA EM 1950, a Faculdade de Medicina de Alagoas é segunda mais antiga escola de nível superior no Estado, antecedida apenas pela Faculdade de Direito, criada em 1931. Até então, quem desejasse seguir carreira médica teria de migrar, sendo a prestigiada Faculdade de Medicina da Bahia, em Salvador, o destino da maioria.
FOI A ESCOLA ANATÔMICA, Cirúrgica e Médica da Bahia a primeira escola de nível superior a ser criada no Brasil, através da Decisão nº 2, emitida no dia 18 de fevereiro de 1808, pelo príncipe-regente Dom João, quando de sua chegada em solo brasileiro, na fuga estratégica frente ao avanço de Napoleão sobre Portugal. Dias depois, em 2 de abril, a régia assinatura seria aposta a um decreto criando escola semelhante no Rio de Janeiro, lugar escolhido pela corte lusitana para ser a nova capital do futuro Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, oficialmente inventado apenas em 16 de dezembro de 1815. Dada a proximidade, era a escola soteropolitana o destino usual para as vocações médicas alagoanas, e de lá saíram profissionais nascidos em Alagoas que alcançaram grande relevância para a história da Medicina no Brasil.
ALEXANDRE MELLO MORAES, nativo das margens da Lagoa Manguaba, provavelmente foi o primeiro alagoano a se projetar nacionalmente como médico. Graduado em 1840, com a tese “Considerações fisiológicas sobre o homem e suas paixões e afetos em geral: do interesse, amor, amizade em particular”, é considerado o introdutor da Homeopatia no Brasil. Residindo e clinicando no Rio de Janeiro, era tido como o proprietário da melhor biblioteca particular do país; parte desse acervo ele doou para a formação da Biblioteca Pública de Alagoas, rezam as crônicas. Da faculdade baiana, também brotaram Mário da Silveira (um dos pioneiros da Saúde Pública moderna) e sua prima e esposa, Nise da Silveira (essa dispensa apresentações), Estácio de Lima (um dos médicos-legistas mais importantes nesse segmento no Brasil), e outras mentes médicas brilhantes. No entanto, há 75 anos, o talento médico alagoano não mais precisou ir à Bahia nem a nenhum outro endereço, pois a Faculdade de Medicina passou a formar profissionais do mais alto nível em terras alagoanas.
FOI UM GRANDE AVANÇO a fundação da Faculdade de Medicina em Alagoas. Esse ato possibilitou uma imensa ampliação da acessibilidade de gente aqui nascida para essa profissão (literalmente) vital, pois o deslocamento até outro Estado sempre exigia investimentos acima dos bolsos da grande maioria da população, inclusive das classes médias. Há 75 anos, portanto, foi escancarado um portão de cidadania e de ciência, garantido a formação, anual, de dezenas de médicos e médicas. Ressalte-se a grande qualidade do ensino médico alagoano desde 1950, pois a decisão de criar a escola e a composição de seu corpo docente foi tomada e formada por profissionais excepcionais (a maioria graduada na Bahia) como Ib Gatto Falcão, Aristóteles Calazans Simões, Ednor Valente Bittencourt, Abelardo Duarte, Sebastião da Hora, Durval Cortez, Ezequias da Rocha, Rodrigo Ramalho, Mariano Teixeira, Alfredo Ramiro Basto, Lessa de Azevedo, José Lira, José Mário Mafra, Pedro Reys, Abelardo Albuquerque e Théo Brandão – conforme lembra o site História de Alagoas.
NESTA QUARTA-FEIRA, a partir das 10 horas, no Salão Nobre do Instituto Histórico, será realizada a atividade final da programação dedicada ao 75º aniversário da Faculdade de Medicina de Alagoas. Depois de iniciada pelas mãos do presidente do IHGAL, professor Jayme de Altavilla, a solenidade será repassada a um tríplice comando, dividido entre a Doutora Ângela Canuto, diretora da Faculdade, e os Doutores João Batista Neto e Ricardo Nogueira. Em grande estilo, e aberta ao público.

Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.