Zenita Almeida

Festival Nordestese em São Paulo: Bordados e Artesanato são os Destaques

Zenita Almeida 18 de agosto de 2025

No período de 20 de agosto a 5 de setembro, acontece a 7ª edição do Festival Nordestesse na Pinga Store com a participação de 12 marcas de moda de 5 estados brasileiros, e duas novidades: uma seção dedicada a mestres de arte popular e um dia de customização de bordados. A principal novidade é uma seção de artesanatos com peças e de mestres da arte popular garimpadas em Pernambuco, no Cariri cearense, Capela e Ilha do Ferro em Alagoas. A ideia é levar um pouco do Nordeste para dentro de casa, com obras perfeitas também para dar de presentes.

A seleção de marcas de moda conta com 12 estilistas da Bahia, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Estarão de volta nomes consagrados e que já têm público fiel em São Paulo como a cearense Studio Orla, a baiana Adriana Meira, a pernambucana Juliana Santos e o potiguar George Azevedo.

Na curadoria de moda, a novidade é o protagonismo de marcas que têm no bordado seu carro-chefe, como as cearenses Jô de Paula e Cândida Artesanal e a alagoana Alina Amaral. Carioca radicada em Fortaleza, Joana de Paula trabalhou em grandes marcas como Maria Bonita, Cantão e Animale e foi uma das sócias-fundadoras da Catarina Mina. Em 2014 criou a marca que leva seu nome, na qual tecidos como linho, algodão orgânico, cambraia e seda são delicadamente bordados à mão por artesãs cearenses, incluindo labirinteiras e rendeiras de filé.

 Já a alagoana Alina Amaral, conhecida por desconstruir o bordado tradicional misturando elementos da cultura popular a formas contemporâneas, lança na Pinga uma coleção inspirada na médica alagoana Nise da Silveira, grande nome da luta antimanicomial no Brasil. Completa o trio a também cearense Cândida Lopes, que além de camisas e batas bordadas com frases pontilhadas, santos e orixás, cria delicados escapulários bordados e emolduradas em prata de lei, que costumam gerar desejo imediato.

Na sexta-feira, 22 de agosto, as clientes da Pinga terão a chance de fazer pedidos customizados para as peças com bordados e para os patchworks de Adriana Meira – a ideia é permitir que o público paulistano possa se beneficiar ao máximo da exclusividade que o feito à mão trás. “Nossa ideia é reforçar como o trabalho artesanal é sinônimo de luxo brasileiro, não só pela execução primorosa de tantas bordadeiras e renderias, mas também pelo caráter exclusivo, já que no feito à mão uma peça nunca é igual à outra. Ainda na sexta-feira as clientes vão poder fazer pequenas alterações nas peças bordadas das coleções, se quiserem ter uma roupa feita sob medida”, diz Daniela Falcão, fundadora da Nordestesse”.

O festival tem outra atração inédita: uma exposição com os quadros dos artistas neurodivergentes que fazem parte da curadoria da marca mineiro-baiana Almacor, cujas peças são todas estampadas a partir das obras de jovens artistas com deficiências como paralisia cerebral, autismo e síndrome de Down.

CONFIRA ALGUMAS DAS MARCAS PARTICIPANTES

DRIANA MEIRA (BA)
Os caftãs, jaquetas e vestidos com apliques de tecido formando santos, orixás e imagens abstratas da estilista baiana já rodaram o mundo. Nascida em Brumado, no sertão da Bahia, Adriana trabalhou na Huis Clos e Adriana Barra antes de lançar sua própria marca, conhecida hoje pelos patchworks de tecido e camurça em linho, jeans e algodão. @adrianameiraatelier

ALINA AMARAL (AL)
Memórias bordadas em linho e algodão. Essa é a melhor maneira de definir o trabalho primoroso da alagoana Alina Amaral. Slow, cria peças únicas ou em coleções-cápsula, misturando elementos da cultura popular a formas contemporâneas. Desconstruir o bordado tradicional é a intenção, oferecendo a ele assimetria, volumes disformes e até tintas. Alina trabalha com um time de 20 bordadeiras de uma ONG que reúne mulheres em situação de vulnerabilidade econômica da periferia de Maceió. @alinaamaraloficial

ALMACOR (BA)
Marca de roupas e objetos para casa que tem como ponto forte ilustrações assinadas por jovens neurodivergentes. A mineira Cynthia Jaber e a baiana Cecília Freyre acreditam que suas peças devem ser usadas como se fossem obras de arte. Atualmente, a Almacor conta com um time de 4 artistas, entre 12 e 24 anos. As telas criadas por eles são transformadas em estampas e, em seguida, aplicadas nas peças da coleção.
@almacor.art

B.DESIGN (AL)
A B.Design foi lançada em 2019 por Bianca Theotonio, mineira radicada em Maceió há 16 anos, e faz joias em ritmo slow com metais reciclados e com referências direta à cultura nordestina, caso da coleção Lumiar, com peças que celebram a cultura sertaneja, seu artesanato e festejos. Já a Opará celebra o Rio São Francisco, desde as serras de Minas Gerais até o abraço caloroso do mar em Alagoas. @bdesigndejoias

BOSSA DE MARIA (BA)
Elegante. Atemporal. Descomplicada. Esses adjetivos definem bem a roupa da Bossa de Maria, marca da baiana Roberta Pires, patologista que entrou na moda por hobby e que desenvolve peças em linho e tricoline com a missão de vestir mulheres que valorizam o conforto, sem abrir mão da bossa. Recortes enviesados, babados sutis e sobreposições são marca registrada dessa alfaiataria sofisticada e tropical. Para o festival, Roberta apresenta também uma linha de vestidos de crochê e fuxicos. @bossademaria

CÂNDIDA AUTORAL (CE)
A marca nasceu em 2014 pelo desejo da designer Cândida Lopes de produzir peças bordadas com temas relacionados às suas memórias afetivas. As camisas, caftãs e vestidos são feitos de linho, rami e algodão, com formas que priorizam o conforto. Além do vestuário, a marca tem uma linha de delicados escapulários bordados e emolduradas em prata de lei, que costumam gerar desejo imediato, com santos e orixás.
@candida.autoral

CEARENSY (CE)
Criada durante a pandemia com a ideia de customizar bolsas de madeira, a marca cearense terminou ganhando fama ao traduzir de maneira contemporânea e arrojada técnicas de crochê inspiradas na alta-costura. Synara Leal, diretora criativa, trabalha com crocheteiras de regiões conhecidas pela excelência nessa manualidade, como Novas Russas, Aracati e Jaguaribe. @cearensy

MERCADO ARTESANAL
Neste ano, o Festival Nordestesse também leva para a Pinga uma seção de artesanato com peças de mestres da arte popular garimpadas em Pernambuco, no Cariri cearense, em Capela e na Ilha do Ferro (Alagoas). Um dos destaques são as casinhas de barro de Claudio da Capela, sobrinho do grande mestre da cerâmica João das Alagoas, que cria casas em miniaturas com riquíssimas cenas do cotidiano em Capela. Feitas de madeira, os sobrados de Barbalha foram eternizados pelo artesão Nil Morais e também são destaque em nossa curadoria.