Enio Lins
E EM ALAGOAS, HEIN, GENTE?

Como estão as arrumações para 2026? Animadas. E, como em toda eleição, com um cenário repleto de interrogações à espera de respostas-surpresas (que nem sempre acontecem). Para este eleitor que vos escreve, a prioridade é: 1) eleição para o senado; 2) presidência da República; 3) câmara federal; 4) governo do Estado; 5) Assembleia Legislativa. Ponto de vista, este meu, sei, da absoluta minoria. O pensamento predominante é centrar radicalmente na presidência da República. Já pensei desse jeito também. No passado recente, de fato, Presidente e Governador tinham grande valor, mas hoje não é mais assim. O Poder Executivo, agora, tem de comer na mão do Poder Legislativo, embora vá para o governo estadual não esteja em situação tão vexatória quanto quem ocupe o Palácio do Planalto.
NÃO É SÓ PARA O MITO GOLPISTA que o Congresso é o alvo preferencial em 2026. É para todo mundo que perceba o que está acontecendo. Isto não quer dizer que se deixe pra lá a presidência da República. Nada disso. Vamos guerrear pelas duas, pela presidência e pela representação federal, só que prestando especial atenção ao parlamento. Numa conjuntura desengonçada na qual impera um ultraparlamentarismo travoso e descompromissado com qualquer projeto além da própria concentração de poder, a presidência da República tende a ser meramente decorativa.
EM ALAGOAS, AS DUAS vagas para o Senado são objeto de uma briga de foice no escuro. Renan Calheiros, do alto de sua experiência de 30 anos ininterruptos de mandato senatorial, vencedor de quatro eleições sucessivas, foi o primeiro a marcar posição: é candidato, convoca parceria na área; e traçou uma linha na areia, indicando a Arthur Lira o lado de lá. Paulão do PT tem repetido ser o Salão Azul sua meta. Além desses três, pelo menos outras três lideranças bem fornidas de votos sugerem-se ao Senado: Davi Filho, Alfredo Gaspar e JHC (este também de olho no governo do Estado). Seis nomes de peso para duas vagas. Em minha modesta opinião, se Renan e Paulão lançarem-se candidatos, em desarmonia, serão enormes as chances de derrota para ambos.
PARA A CÂMARA FEDERAL, minha impressão é que, se Paulão for candidato, contando com o apoio de Renan (pai e filho), como nas eleições anteriores, terá chance de manter sua cadeira, cativa, para as esquerdas. Não vejo viabilidade da canhota praticante conquistar mais uma vaga, a não ser que Ronaldo Lessa se disponha a travar novamente essa dura batalha para retornar ao Salão Verde, onde teve ótimo desempenho entre 2015 e 2018. Mas surpresas sempre são possíveis e serão muito bem-vindas. Quem sabe desponta mais um nome à esquerda, ou à centro-esquerda? Vamos buscar, incentivar, convidar – não custa tentar. É fundamental aumentar a bancada alagoana comprometida com a Democracia, com a governabilidade e contra todas as formas de golpismo.
PARA A PRESIDÊNCIA da República, Alagoas precisa alargar a frente em torno da candidatura antibolsonarista, antifascista. Amplitude maior ainda em relação à eleição passada – esse é o desafio. Nesta frente precisam estar forças em quem a esquerda jamais votaria para o Congresso Nacional. Para manter no Palácio do Planalto um líder comprometido com a Democracia e com a justiça social é preciso abrir as asas com envergadura tal que sejam abarcadas forças além da esquerda e da centro-esquerda. Contraditório? A vida é contraditória. Para garantir o Estado Democrático de Direito nesses tempos de ascensão fascista, se faz necessário ampliar para a presidência da República e estreitar para o Congresso Nacional. Em 2022, Lula venceu em 89 dos 102 municípios alagoanos, levando 58,68% dos votos válidos (976.831 votos). Não é meta fácil, mas a Democracia exige que esse número seja ampliado.

Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.