Enio Lins

E EM ALAGOAS, HEIN, GENTE?

Enio Lins 04 de julho de 2025

Como estão as arrumações para 2026? Animadas. E, como em toda eleição, com um cenário repleto de interrogações à espera de respostas-surpresas (que nem sempre acontecem). Para este eleitor que vos escreve, a prioridade é: 1) eleição para o senado; 2) presidência da República; 3) câmara federal; 4) governo do Estado; 5) Assembleia Legislativa. Ponto de vista, este meu, sei, da absoluta minoria. O pensamento predominante é centrar radicalmente na presidência da República. Já pensei desse jeito também. No passado recente, de fato, Presidente e Governador tinham grande valor, mas hoje não é mais assim. O Poder Executivo, agora, tem de comer na mão do Poder Legislativo, embora vá para o governo estadual não esteja em situação tão vexatória quanto quem ocupe o Palácio do Planalto.

NÃO É SÓ PARA O MITO GOLPISTA que o Congresso é o alvo preferencial em 2026. É para todo mundo que perceba o que está acontecendo. Isto não quer dizer que se deixe pra lá a presidência da República. Nada disso. Vamos guerrear pelas duas, pela presidência e pela representação federal, só que prestando especial atenção ao parlamento. Numa conjuntura desengonçada na qual impera um ultraparlamentarismo travoso e descompromissado com qualquer projeto além da própria concentração de poder, a presidência da República tende a ser meramente decorativa.

EM ALAGOAS, AS DUAS vagas para o Senado são objeto de uma briga de foice no escuro. Renan Calheiros, do alto de sua experiência de 30 anos ininterruptos de mandato senatorial, vencedor de quatro eleições sucessivas, foi o primeiro a marcar posição: é candidato, convoca parceria na área; e traçou uma linha na areia, indicando a Arthur Lira o lado de lá. Paulão do PT tem repetido ser o Salão Azul sua meta. Além desses três, pelo menos outras três lideranças bem fornidas de votos sugerem-se ao Senado: Davi Filho, Alfredo Gaspar e JHC (este também de olho no governo do Estado). Seis nomes de peso para duas vagas. Em minha modesta opinião, se Renan e Paulão lançarem-se candidatos, em desarmonia, serão enormes as chances de derrota para ambos.

PARA A CÂMARA FEDERAL, minha impressão é que, se Paulão for candidato, contando com o apoio de Renan (pai e filho), como nas eleições anteriores, terá chance de manter sua cadeira, cativa, para as esquerdas. Não vejo viabilidade da canhota praticante conquistar mais uma vaga, a não ser que Ronaldo Lessa se disponha a travar novamente essa dura batalha para retornar ao Salão Verde, onde teve ótimo desempenho entre 2015 e 2018. Mas surpresas sempre são possíveis e serão muito bem-vindas. Quem sabe desponta mais um nome à esquerda, ou à centro-esquerda? Vamos buscar, incentivar, convidar – não custa tentar. É fundamental aumentar a bancada alagoana comprometida com a Democracia, com a governabilidade e contra todas as formas de golpismo.

PARA A PRESIDÊNCIA da República, Alagoas precisa alargar a frente em torno da candidatura antibolsonarista, antifascista. Amplitude maior ainda em relação à eleição passada – esse é o desafio. Nesta frente precisam estar forças em quem a esquerda jamais votaria para o Congresso Nacional. Para manter no Palácio do Planalto um líder comprometido com a Democracia e com a justiça social é preciso abrir as asas com envergadura tal que sejam abarcadas forças além da esquerda e da centro-esquerda. Contraditório? A vida é contraditória. Para garantir o Estado Democrático de Direito nesses tempos de ascensão fascista, se faz necessário ampliar para a presidência da República e estreitar para o Congresso Nacional. Em 2022, Lula venceu em 89 dos 102 municípios alagoanos, levando 58,68% dos votos válidos (976.831 votos). Não é meta fácil, mas a Democracia exige que esse número seja ampliado.