Enio Lins
Memórias SECOM, 2015/2022: A Pandemia – episódio 1

CONFORME PROMETIDO, voltamos às lembranças dos dois momentos mais impactantes no período 2015/2022 na comunicação pública em Alagoas. Anteontem visitamos as lembranças da felicidade do Bicentenário da Emancipação Política Alagoana. Hoje é o dia de começar a falar sobre a infelicidade da pandemia do coronavírus. No mundo, e muito mais dramaticamente no Brasil, a Comunicação foi o segundo semento mais importante na guerra contra o COVID19 – naturalmente, o primeiro foi o setor da Saúde.
ENTRE 2020 E 2022, o mundo mergulhou na pandemia mais ampla e mais mortal em um século, desde a gripe espanhola (1918/1920). No Brasil, a partir das primeiras notícias sobre a chegada do COVID19, o governo federal adotou uma posição negacionista. A BBC, em 7 de julho de 2020, relata: “em um de seus primeiros comentários públicos sobre a doença, o presidente disse que a imprensa exagerava sobre sua gravidade. ‘Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus’ disse em evento em Miami no dia 9 de março”.
NOS ARQUIVOS de todas as mídias está registrada a postura criminosa e agressiva do “PR” Jair Messias. A BBC, na reportagem citada, informava que “na televisão, no dia 24 de março, quando o país já registrava mais de 10 mortes pelo vírus, o presidente criticou o fechamento de escolas e comércios. Ele ainda comparou a contaminação por coronavírus a uma ‘gripezinha’ ou ‘resfriadinho’ e disse que, se ficasse doente, não sofreria. ‘Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho’”. O ex-capitão passou a ter como alvo principal os profissionais de saúde e de comunicação rebelados contra o negacionismo do governo federal. Na sequência, entraram na linha de tiro do Zero-zero governadores e prefeitos que ousaram lhe contrariar. Além do discurso virulento, a ofensiva bolsonarista partiu para a judicialização contra quem resistisse.
PELAS ATITUDES sobre o Coronavírus, fica a nítida impressão de que Jair e sua turma consideravam como salvo-conduto frente à COVID19 o “histórico de atleta” e/ou as condições de pagar por um “bom” atendimento médico. Por essa linha de raciocínio, pobres e, particularmente, os muito pobres, como moradores de rua, seriam exterminados em massa. Mas o vírus não demonstrou essa visão e escolha de classe, raça, gênero ou idade. Matou indistintamente atletas e deficientes físicos, milionários e miseráveis, homens e mulheres, idosos e crianças. Para se defender do COVID19, a principal arma era evitar a contaminação, e os métodos eram simples e práticos – e contra a divulgação disso Jair investiu pesado, procurando ganhar a guerra na Comunicação pela desinformação geral, e pelo bloqueio às campanhas de utilidade pública baseadas na Ciência.
NAQUELA GUERRA, EM ALAGOAS, a comunicação pública teve na SECOM o quartel geral, em ações conjuntas com os órgãos de comunicação municipais. Destaque deve ser reconhecido à ASCOM da Secretaria de Estado da Saúde, que de forma autônoma e corajosa, trabalhou 24 horas por dia, todos os dias da pandemia, no combate às fake news, informando, orientando – salvando vidas. Por fim, para encerrar este comentário, fica o reconhecimento ao governador Renan Filho, ao Secretário de Saúde Alexandre Ayres, ao secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, por suas atitudes corajosas e corretas na opção pela Ciência no combate ao COVID19. E em nome de todos os profissionais da mídia – pública, privada e autônomos – que lutaram naquela guerra pela vida, registro e aplaudo o trabalho de toda equipe da Secretaria de Estado da Comunicação citando Milena Andrade (pelo jornalismo) e Larissa Quintella (pela publicidade).

Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.