Alisson Barreto
IA quântica: o risco real de um catastrófico pesadelo tecnológico

IA quântica: o risco real de um catastrófico pesadelo tecnológico
Em 1945, o mundo tomou constatou a explosão de duas bombas atômicas no Japão, o que demonstrou que os Estados Unidos ganharam da Alemanha, na corrida pelo desenvolvimento da bomba atômica. Pouco após, o mundo entrara na Guerra Fria. Hoje, há a corrida por uma nova e avassaladora bomba: a IA em computação quântica.
Sim, estamos prestes a assistir a uma disruptura histórica sem precedentes, a qual pode gerar de uma humanidade em estilo de vida ou (I) padrão Os Jetsons ou Star Trek ou (II) numa dominação global sem precedentes e jamais contemplado nas literaturas de ficção científica mais impactantes.
Quem a desenvolverá primeiro: (I) um país democrático ou grupo com valores morais e uma IA com diretrizes humanizantes ou (II) um país totalitário ou grupo com vieses ideológicos extremistas e uma IA sem diretrizes humanizantes ou com claras diretrizes de dominação dos demais grupos?
Imagina você acordar e ser preso, assistindo ao vídeo em que você e sua voz aparecem cometendo um terrível crime sem que você tenha falado ou feito. De repente, eclodem vídeos de escândalos cometidos por líderes mundiais ou anúncios de ataques a países vizinhos sem que tais líderes tenham anunciado, mas suas vozes e imagens estão para todos verem que sim. Mais que isso, de repente em uma reunião de presidentes transmitida ao vivo, vários presidentes começam a falar coisas que derrubam por terra as imagens de líderes bem intencionados, ainda que eles não estejam dizendo o que todos assistem ao vivo. Já imaginou se você vai assistir à transmissão ao vivo do Angelus e vê o Papa falar algo contrário a valores cristãos básicos, sem que ele tenha dito isso?
Com as IAs em computação quântica esses vídeos falsos podem ser feitos em tempo real, pondo em xeque a capacidade de discernir o que é real do que é falseado, o que é confiável do que não o é. Assim, de repente as pessoas que não corroboram com uma determinada ideologia, ou com um determinado governo, começam a perderem empregos e direitos básicos, sem que perceba ou consiga contestar ou comprovar a inocência. De repente, os congressistas e seus familiares passam a sofrerem perseguição por não compactuarem com as narrativas de líderes dominadores de tais tecnologias. O pior de tudo: não estou a narrar um livro de ficção, mas um risco real e iminente.
Um dia a espécie humana pode acordar e ver que até a sua dignidade alimentar está a mercê de sua capacidade de estar submissa a um grupo ou poder dominante. Ao mesmo tempo, há a possibilidade de, de pouco a pouco, os seres humanos acordarem e discutirem como melhor aproveitar seus preciosos tempos e os recursos produzidos por robôs incomensuravelmente inteligentes. Depende de quem vencerá a corrida e a guerra tecnológica ora travada. E é real dizer que já estamos em uma guerra silenciosa em corrida urgente pelo desenvolvimento da IA em computação quântica.
No caso, a guerra em que vivemos (e a maioria de nós não se deu conta), caso o mundo não sente à mesa para estabelecer claras diretrizes para as IAs, a humanidade pode assistir não apenas à morte de uma considerável população de países e soerguimento de uma ou algumas nações, mas a morte da liberdade como a conhecemos e da dignidade da pessoa humana como sonhamos. Se a humanidade não traçar diretrizes de salvaguardar a dignidade da pessoa humana, protegendo-a dos próprios seres humanos e das tecnologias que eles estão por desenvolver, todos pagarão a conta, aqui ou na outra vida. Por outro lado, se forem traçadas diretrizes justas e morais, a própria IA pode conter excessos e ajudar o homem a galgar qualidade de vida sem precedentes.
Claro que essas duas opções não são as únicas, ainda que tendam a ser as finais, é possível que surjam IAs em computações quânticas tanto em países totalitários como em países democráticos, situação na qual a humanidade estará diante de uma teoria dos jogos disputada por IAs “do mal” versus IAs “do bem”. Note que não é só o caso de de a IA ter ou não ter diretrizes, por ex.: um governo totalitário pode determinar que sua IA tenha como diretriz fazer seu povo dominar os demais povos, salvando os seus e eliminando quaisquer concorrências, enquanto outras IAs estejam empenhadas em cooperação. Então, IAs podem estar diante de cooperações universais, cooperações por blogo, falsas cooperações ou competições deliberadas, nesse cenário geopolítico de teoria dos jogos.
Por conseguinte, enquanto há cortinas de fumaça erguidas pela guerra russo-ucraniana e pelas taxações do governo estadunidense, o mundo prossegue em uma guerra silenciosa e cujo vencedor pode mudar o mundo como o conhecemos.
A falar em mudanças, convém recordar que, nesse cenário de revolução tecnológica, o Papa Leão XIV citou a Encíclica “Rerum Novarum”, do Papa Leão XIII, sobre a revolução industrial de sua época. Aos católicos, que não reste dúvida sobre a relevância do pedido de Fátima e da oração a São Miguel Arcanjo, esta ensejada pelo Papa Leão XIII. A toda a humanidade, que não deixe de vigiar e buscar que as IAs das vindouras computações garantam a dignidade da pessoa humana.
E que não seja a falsa dignidade dos que acreditam que a vida intrauterina é descartável. Que a dignidade da pessoa humana não nascida seja salvaguardada e que a dignidade da pessoa humana não seja esvaziada por critérios toscos de não reconhecimento como pessoa dos seres humanos não nascidos, como é o caso do Brasil, que só considera pessoa se nascer e respirar.
Ou seja, podem as IAs serem incumbidas de hercúleos desafios de salvar o homem do próprio homem ou de serem armas cognitivas de homens que queiram eliminar outros homens. Por fim, nós – seres humanos, onde estamos, onde estaremos e como estaremos, no futuro que se aproxima perigosamente rápido?
Maceió, 14 de maio de 2025.
Alisson Francisco Rodrigues Barreto

Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.