Alisson Barreto
Nenhum país será insubstituível

Nenhum país será insubstituível
Por Alisson Barreto, em 10/5/2025.
Parte 1
Nos negócios, muito se diz que ninguém é insubstituível.
Na geopolítica, nenhum país é sempre inalcançável.
A verdade é que todo país é vencível.
Impérios que pareciam insuperáveis ruíram, todos.
Superpotências também perdem seus poderes e alcances.
O que para um ou algumas gerações parece impensável
Acaba por tornar-se inevitável.
A teoria dos jogos dá as cartas,
Os marketings, as oratórias e os blefes abrem asas.
Mas no fim das pancadas, mudam-se as jogadas
E se dão melhor os que mais cedo as perceberam.
A roleta do mundo está a girar:
O que será da Europa, dos Brics e do Catar?
Estará o nosso povo pronto para o que está por chegar?
Parte 2
Pode um país ser invencível por um tempo,
Mas o tempo todo nenhum país é insuperável.
Não se enganem com os ares do tempo
O tempo é mutável.
Um dia a comida pode vir de outro lado.
Em outra noite, o produtor pode ser o escravizado.
Aquele que lucrou no passado
Pode ter passado a assistir à vitória de inesperados.
Assim, o nosso país que acorde
Para o mundo de novos acordes,
Dos novos acordos mundo afora,
Das decisões acordadas nas madrugadas.
Enquanto a nuvem da polarização ilude nas redes sociais,
Redes de negociações e visões mudam tudo,
Talvez erguendo, no mundo, pesadelos infernais.
Parte 3
Nenhuma potência é insuperável.
Nenhuma ideologia é inafastável.
Nenhum cenário pode ser descartado.
O que pode ressoar acabado pode ser mudado.
Nenhuma reunião pode ser desprezada.
Nenhum acordo pode ser ignorado.
Hoje produzimos comida.
Amanhã podemos ser devorados.
Hoje temos carne, fé e café.
Amanhã podemos ser os manés
De um mundo sem rodapés.
A democracia deu espaço, mas nem todo espaço foi bem aproveitado
Hoje posso dizer isso acordado.
Mas posso vir a ser palavras em livro proibido.
Parte 4
Não sei qual o seu lado.
Posso parecer exagerado ou antiquado,
Mas o mundo pode estar com seus dias contados.
O mais gozado (irônico) é que isso era previsível.
O mundo buscou a solução no mundo,
Neste submundo em que se vive perecível.
Se o orgulho, vaidade ou prepotência vence o amor em meu coração;
Passo a ser mais um militante da divisão, mais um não ao Ser:
Um suscetível a escravo da condenação,
Um vencido pelo mundo da ilusão.
As decisões de um país hoje trazem um amanhã inafastável.
O realinhamento do mundo eclode inevitável.
E quem ficará com quem?
O que será de cada alguém?
Parte 5
As relações estreitam-se, o mundo realinha-se.
Um futuro pode ser afastável, mas o futuro é inevitável.
Um país pode ser elegível, mas nenhum será sempre insubstituível.
Alisson Francisco Rodrigues Barreto

Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.