Enio Lins

Uma história com 75 anos de educação, medicina, ciência e cidadania

Enio Lins 07 de maio de 2025

NESTA QUARTA-FEIRA, 7 de maio, a Universidade Federal de Alagoas comemora os 75 anos da fundação da Faculdade de Medicina, um marco no ensino superior local. O feito compreende uma sequência de atos iniciados em 3 de maio de 1950 e cravados com aprovação dos estatutos em 31 de outubro. Em janeiro de 1951 recebeu a autorização federal para funcionar. Em 27 de outubro de 1953 conquistou o Reconhecimento Oficial através de decreto presidencial assinado por Getúlio Vargas. A primeira colação de grau foi realizada em 1956, com diplomas chancelados pela Sociedade Civil Faculdade de Medicina de Alagoas. Em 1961, quando o presidente Juscelino Kubitscheck assinou o decreto criando a UFAL, a ela se incorporou.

ÂNGELA CANUTO E JOÃO BATISTA NETO, médicos, escritores e docentes, editaram um belo livro: “Faculdade de Medicina de Alagoas – 75 anos”. A versão digital está disponível no sítio da Amazon por apenas R$ 3,39 (três reais e trinta e nove centavos). Ô preço saudável! João Batista Neto, cirurgião por formação, tem sido profícuo na produção de artigos sobre o papel da histórica instituição, nas questões científicas e sociais, procurando atender às demandas da população menos favorecida economicamente, e se destacando nas pesquisas médicas. Seus textos têm sido publicados com frequência, inclusive nesta Tribuna Independente.

ENTRE OS ARTIGOS que merecem destaque estão “O HU no Jubileu de 75 anos: um oásis no SUS” e “Jubileu 75: HU e a esperança por medicina de qualidade no SUS – I”, ambos disponíveis na internet. Escritos pelo médico Célio Rodrigues – Diretor-superintendente do Hospital Universitário Alberto Antunes, e editados na coluna (no Extra) do já citado Dr. João Batista Neto. Estes dois relatos, dentre outros, trazem informações importantes sobre o Hospital Universitário da UFAL, uma referência de excelência no ensino médico, na pesquisa, e no atendimento público, funcionando como o maior equipamento voltado para o SUS em nosso Estado. Fundem-se, no HU, as funções educacionais, científicas e sociais da formação médica. Ali está a principal vitrine, e vidraça, da Faculdade de Medicina. É a área mais interativa, em todos os segmentos, do ensino superior em nosso Estado (só se ombreando com os equipamentos semelhantes da UNCISAL, fundada em 1968). Ali está exposta, cotidianamente, a mais visível dentre as muitas comprovações da justeza dos investimentos públicos nas universidades públicas.

MINHAS LEMBRANÇAS PESSOAIS remontam a mais de 50 anos, desde quando, criança, acompanhava – tipo mascote – a turma de estudantes de Medicina da qual fazia parte minha prima Dayse Lins Brêda (Médica Pediatra formada no início dos anos 70 e que se foi prematuramente aos 34 anos, em 1984), cito aqui dois de seus colegas notáveis que se foram também antes do tempo, José Mendes (destacado médico arapiraquense) e José Gonçalves (grande pediatra). Faz parte também de meu baú de recordações cenas dos anos 60 e 70, depositadas nos arquivos do coração e da mente. Eram as fervilhantes “Festas da Praça da Faculdade”, nas quais o Ciclo Natalino se expressava em pastoris, cheganças, guerreiros, baianas, taieiras, cocos de roda e outros tantos dançares. Roda gigante, barcos, tira-prosa, carrosséis, sem se esquecer da infalível barraca da Monga, estavam lá todo ano, desde o início de dezembro até o Dia de Reis, 6 de janeiro. A praça, uma das maiores de Maceió, tinha e tem um nome – Afrânio Jorge, creio – mas, nunca, jamais, depois de que a Medicina passou a ter aulas ministradas por lá (onde funcionou o Quartel do 20BC), há 75 anos, aquele generoso largo teve outro nome: para sempre será a Praça da Faculdade, sacramentando que história, cultura, arte, festa... é tudo saúde.