Enio Lins
Uma história com 75 anos de educação, medicina, ciência e cidadania

NESTA QUARTA-FEIRA, 7 de maio, a Universidade Federal de Alagoas comemora os 75 anos da fundação da Faculdade de Medicina, um marco no ensino superior local. O feito compreende uma sequência de atos iniciados em 3 de maio de 1950 e cravados com aprovação dos estatutos em 31 de outubro. Em janeiro de 1951 recebeu a autorização federal para funcionar. Em 27 de outubro de 1953 conquistou o Reconhecimento Oficial através de decreto presidencial assinado por Getúlio Vargas. A primeira colação de grau foi realizada em 1956, com diplomas chancelados pela Sociedade Civil Faculdade de Medicina de Alagoas. Em 1961, quando o presidente Juscelino Kubitscheck assinou o decreto criando a UFAL, a ela se incorporou.
ÂNGELA CANUTO E JOÃO BATISTA NETO, médicos, escritores e docentes, editaram um belo livro: “Faculdade de Medicina de Alagoas – 75 anos”. A versão digital está disponível no sítio da Amazon por apenas R$ 3,39 (três reais e trinta e nove centavos). Ô preço saudável! João Batista Neto, cirurgião por formação, tem sido profícuo na produção de artigos sobre o papel da histórica instituição, nas questões científicas e sociais, procurando atender às demandas da população menos favorecida economicamente, e se destacando nas pesquisas médicas. Seus textos têm sido publicados com frequência, inclusive nesta Tribuna Independente.
ENTRE OS ARTIGOS que merecem destaque estão “O HU no Jubileu de 75 anos: um oásis no SUS” e “Jubileu 75: HU e a esperança por medicina de qualidade no SUS – I”, ambos disponíveis na internet. Escritos pelo médico Célio Rodrigues – Diretor-superintendente do Hospital Universitário Alberto Antunes, e editados na coluna (no Extra) do já citado Dr. João Batista Neto. Estes dois relatos, dentre outros, trazem informações importantes sobre o Hospital Universitário da UFAL, uma referência de excelência no ensino médico, na pesquisa, e no atendimento público, funcionando como o maior equipamento voltado para o SUS em nosso Estado. Fundem-se, no HU, as funções educacionais, científicas e sociais da formação médica. Ali está a principal vitrine, e vidraça, da Faculdade de Medicina. É a área mais interativa, em todos os segmentos, do ensino superior em nosso Estado (só se ombreando com os equipamentos semelhantes da UNCISAL, fundada em 1968). Ali está exposta, cotidianamente, a mais visível dentre as muitas comprovações da justeza dos investimentos públicos nas universidades públicas.
MINHAS LEMBRANÇAS PESSOAIS remontam a mais de 50 anos, desde quando, criança, acompanhava – tipo mascote – a turma de estudantes de Medicina da qual fazia parte minha prima Dayse Lins Brêda (Médica Pediatra formada no início dos anos 70 e que se foi prematuramente aos 34 anos, em 1984), cito aqui dois de seus colegas notáveis que se foram também antes do tempo, José Mendes (destacado médico arapiraquense) e José Gonçalves (grande pediatra). Faz parte também de meu baú de recordações cenas dos anos 60 e 70, depositadas nos arquivos do coração e da mente. Eram as fervilhantes “Festas da Praça da Faculdade”, nas quais o Ciclo Natalino se expressava em pastoris, cheganças, guerreiros, baianas, taieiras, cocos de roda e outros tantos dançares. Roda gigante, barcos, tira-prosa, carrosséis, sem se esquecer da infalível barraca da Monga, estavam lá todo ano, desde o início de dezembro até o Dia de Reis, 6 de janeiro. A praça, uma das maiores de Maceió, tinha e tem um nome – Afrânio Jorge, creio – mas, nunca, jamais, depois de que a Medicina passou a ter aulas ministradas por lá (onde funcionou o Quartel do 20BC), há 75 anos, aquele generoso largo teve outro nome: para sempre será a Praça da Faculdade, sacramentando que história, cultura, arte, festa... é tudo saúde.

Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.