Enio Lins

Ainda estamos aqui, apostando nas histórias do Brasil

Enio Lins 25 de janeiro de 2025

Depois de alta ansiedade, foram confirmadas indicações ao Oscar para “Ainda Estou Aqui”. Três! Por ser o prêmio mais famoso e prestigiado do mundo das artes, qualquer menção nele já é uma vitória no mercado cinematográfico mundial. Não é a primeira vez que o Brasil se destaca nessa disputa, mas o filme de Walter Salles é o que mais projetou nosso país na arena global da Sétima Arte, mesmo considerando obras magníficas como “O Pagador de Promessas”, grande vitorioso em Cannes, nos idos de 1963.

CARECA DE OURO

Lazar Meir (1884/1957) – conhecido como Louis B. Mayer –, judeu russo, produtor ousado, fundador da Metro-Goldwyn-Mayer, e um dos inventores do mito de Hollywood, teve a ideia de criar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, e o Oscar. Os primeiros prêmios foram entregues em 1929, elegendo destaques dos filmes produzidos entre 1927 e 1928. O troféu é uma estatueta com 35 cm de altura, folheada a ouro 14 sobre um miolo de estanho, representando um careca nu, segurando uma espada colada ao corpo (para ocultar a circuncisão?). Diz a Wikipédia que o objeto custa em torno de US$ 500. Mas tem valor inestimável. É a mais versátil e poderosa chave de acesso ao primeiro mundo do cinema. Explica o site Gshow que as premiações são escolhidas pelos votos diretos dos integrantes da Academia hollywoodiana: “a associação conta com mais de 10 mil membros, divididos em 20 ramificações - atores, diretores, designers, produtores etc. - e que ingressam no grupo após terem sido indicados ao prêmio ou apadrinhados por dois membros antigos. Entre os brasileiros que estão aptos e podem votar, estão Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Alice Braga, Anna Muylaert, Bruno Barreto e Daniel Rezende”.

BRASIL NO OSCAR

Ao longo desses 96 anos de premiação, o Brasil brilhou e marcou presença várias vezes, mas nunca trouxe para casa um Oscar para chamar de seu. A Wikipédia afirma ter ocorrido a primeira indicação “em 1945, quando a composição “Rio de Janeiro”, do brasileiro Ary Barroso, disputou a estatueta de Melhor Canção Original pelo filme norte-americano Brazil”. Em 1960, “Orfeu Negro”, produção trinacional (França, Itália e Brasil), rodado em território brasileiro, com elenco brasileiro, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, mas o feito foi creditado à França. Seguem-se mais indicações, em várias categorias, anos de 1963, 1979, 1982, 1986, 1993, 1996, 1998, 2001, 2004, 2010, 2016, 2018, 2020, 2022 (leia os detalhes na Wiki, em “Lista de indicações brasileiras ao Oscar”). Como se sabe, anteriormente, o momento brasileiro mais eletrizante aconteceu em 1999, com “Central do Brasil” entusiasmando o público disputando as categorias Melhor Filme Internacional, e Melhor Atriz (Fernanda Montenegro). 25 anos depois, “Ainda Estou Aqui” chega às finais 2025 a bordo de uma vibração muito maior, carregado por três indicações: Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Filme Estrangeiro e – de forma inédita – Melhor Filme.

JÁ GANHAMOS, COM OU SEM OSCAR

Repetindo o aqui escrito antes da vitória no Globo de Ouro, de onde Fernanda Torres saiu como Melhor Atriz, “Ainda Estou Aqui” é um triunfo, e em larga escala, independente de trazer, ou não, algum Oscar para casa. Já ganhamos! As três indicações, per si, comprovam – no cenário internacional – a excelência do cinema brasileiro. Se, neste ano, vir algum Oscar para a terra onde viveu Oscarito, comemoraremos decuplicado. Se o Oscar não chegar, estaremos inapelavelmente em festa (também) pela inédita tripla indicação em Hollywood: 2 de março, a noite da entrega do Oscar, será domingo de Carnaval...