Um mundo de frescos: como a ignorância e a incoerência ameaçam a paz

Tenho a impressão de que estou a viver em um mundo de frescos. Não em sentido homofóbico, nem de ideias recém-chegadas à mente, nem planetariamente glacial.

Um mundo alimentado pela ignorância, no qual imaturos chegam ao poder, aplaudidos pelos inseguros que buscam segurança nas arrogâncias galopantes de seus candidatos. Ou de macacos velhos que, sob as costas largas de professores ideológicos, assumem o poder pelos votos dos induzidos ao erro por sofistas ideológicos disfarçados de professores.

Um mundo no qual inseguros querem um direito à intocabilidade para poderem disseminar mentiras, discriminações e bullyings sob o argumento de que as vítimas são vitimistas. Ou no qual há os que internamente torcem para lucrarem como vítimas ou reinterpretam termos para viabilizarem atacar os que não lhe são próximos.

Um mundo em que pessoas se revestem de valentia para ocultarem suas covardias e seus medos. Ou no qual inseguros quanto à própria sexualidade se ocultam sob barbas; ou não afeitos à fé que liberta preferem prender-se a falsas verdades, ou trocam a verdade da fé por práticas tradicionalistas deturpadas.

Um mundo em que pessoas ocupam-se em dizer que são a favor da lei e contra a corrupção e o desvio de dinheiro, vendendo-se, descumprindo as leis de trânsito e sonegando tributos. Ou no qual dizem que é aceitável desviar dinheiro do público, se der esmola aos miseráveis. Ou em que há os que acham justo a existência de esmoleres se a economia for boa para os ricos.

Acaso em vez de um mundo de insensíveis, inseguros ou egocêntricos, não seria mais maduro – e, portanto, menos fresco – ser coerente, honesto, altruísta, pensante, seguro, cumpridor das normas e sensível às dores dos demais?

Enfim, de fato, um mundo de frescos: recém-chegados à idade adulta, mas não acostumados ao comportamento adulto.
Talvez por isso, estamos um mundo no qual a paz está cada vez mais ameaçada ou a tornar-se iminente registro de um passado esquecido.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto