Enio Lins
As urnas do Norte, as expectativas e temores ao Sul, Leste e Oeste
É hoje! Nesta terça-feira, 5 de novembro, a maioria do eleitorado estadunidense vai às urnas para escolher quem vai se aboletar na Casa Branca pelos próximos quatro anos. Uma parte dos votos já foi recolhida antes, pois existe por lá a opção de votar antecipadamente. Como já dito e repetido aqui e alhures, o processo eleitoral nos Estados Unidos é atrasado, diversificado e vulnerável a manobras. Lá se escolhe a presidência da República de forma indireta, com a eleição finalizada num “colégio eleitoral”. O resultado prático dessa barafunda são possíveis distorções entre os votos obtidos e o nome a ser referendado como presidente. Repetindo: esse foi o caso da escolha de Donald Trump em detrimento de Hillary Clinton, em 2016 – ela teve 3 milhões de votos a mais que ele, e ele ganhou.
O MUNDO DE OLHO
Todo processo de escolha de quem vai dirigir um país importante interessa ao mundo, desde quando o mundo nem era globalizado no formato atual. No passado, mesmo sem eleição, a escolha de qual cabeça receberia uma coroa de um reino influente era preocupação do resto da humanidade. Na contemporaneidade, uma das mais dramáticas sucessões dinásticas a incomodar o resto do globo, foi a assunção de Eduardo VIII como monarca do Reino Unido, em 1936. Herdeiro natural de seu pai Jorge V (rei entre 1910 e 1936), e em plena saúde física em mental, nada impediria o príncipe citado de exercer o poder imperial pela Casa de Windsor. Mas outros valores se alevantaram, pois Eduardo era simpatizante do Nazismo, sua futura esposa Wallis Simpson tinha ligações íntimas com os nazistas, e o mundo se preparava para a guerra com o III Reich. Resultado? Dudu perdeu o trono, com menos de um ano nele sentado. O mundo todo cobrou uma explicação, mesmo quem não era súdito da Commonwealth. E uma resposta teve de ser inventada, daí foi criada a versão oficial da “renúncia por amor”, pois o renunciante, como rei, não poderia se casar com sua amada Wallis por ela ser “divorciada e americana” (como se Henrique VIII não tivesse rompido com a Igreja Católica para usar o divórcio sem moderação desde 1534). Essa conversa mole e adocicada “do rei que renunciou o trono por uma plebeia” é repetida até hoje, pois o que acontece na casa dos donos do mundo interessa, em muito, a todo planeta, e alguma satisfação tem de ser dada ao público mundial.
DONOS DO MUNDO
Como donos do mundo, os Estados Unidos são alvo das observações e dos interesses do planeta inteiro. E é assim mesmo: a população de Chã Preta precisa quer saber da Casa Branca. É mesmo um direito universal qualquer pessoa meter a colher nas eleições estadunidenses, pois o resultado dessa disputa influenciará a vida alheia, desde a economia geral, até definindo a quantidade de pessoas que serão assassinadas por dia em todas as guerras travadas na terra, pois em todos os conflitos armados (desde o final da II Grande Guerra) os norte-americanos estão presentes com suas tropas, ou com suas armas, ou com seu financiamento. Quem quer que ocupe a presidência ianque não vai mudar essa escrita, mas poderá reduzir ou ampliar a desgraça do resto do mundo. No item “economia global”, desde que o dólar americano substituiu o ouro como padrão monetário universal, toda mexida feita pelos ianques em sua moeda nacional afeta as moedas mundo afora, empobrecendo muita gente e enriquecendo poucas pessoas.
KAMALA OU TRUMP?
Somos, portanto, gente gentia, não-estadunidenses, mas parte legitimamente interessada na disputa presidencial americana. Sem direito a voto, mas com o dever de, pelo menos, torcer pelo nome menos pior. Então, hoje, resta vaiar a todos pulmões: Fora Trump!
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.