Petrucia Camelo

INVERNO: ESTAÇÃO CINZA

Petrucia Camelo 16 de julho de 2024

O significativo cair das chuvas que denomina o inverno, é como se fosse uma fita de seda de dupla face, essa estação se reveste de benevolência e contradição. Lê-se o clima de inverno com sua diversidade, às vezes hostil, quando se deixa ver em enxurradas o cortejo da miséria, pela falta de atenção governamental às necessidades básicas da população.

Mas, como se pode ver, o inverno, em seus aspectos, observa-se também o sentido do simbolismo a expressar-lhe o valor: traz a influência celeste para a terra, e o que desce do céu para a terra tem também a sua significação como seja a fertilidade do espírito, a luz, as influências espirituais...

E ao sugerirem que é o inverno a estação da espera, do preparo, da interiorização, os meses, que o compõem também expressam marcos históricos; dentre eles, há datas comemorativas, memoráveis: 8 de maio é o dia do Artista Plástico, 13 de maio é o dia da Abolição da Escravatura. No mês de junho têm-se, no dia 1, o Dia da Imprensa Oficial; no dia 5, o Dia Mundial do Ambiente; no dia 11, o Dia da Batalha de Riachuelo; e viva as datas das festas juninas! E em julho, no dia 25, dedicado ao escritor, o artífice das Letras.

E ao espiar lá fora as belezas visíveis do inverno, o olhar se detém nos cordões d’água, que descem dos telhados, com suas ressonâncias, e na fria madrugada, mesmo ao dormir amparando-se no calor do outro, permite os pensamentos, a alcançar, na memória do passado, os fatos da nossa evolução. E vê-se a imagem daqueles que continuam presentes nas formas de amar, e de outros como se tragados foram pelo nevoeiro do cais.

Em geral esta estação, benéfica à vida rural, propicia o volver da terra para a plantação, o cultivo; não se tem o som dos frutos a caírem de maduros, e dizem os da área agrária “são os meses sem erres que a natureza reservou para a poda das árvores”, e é necessário o combate às pragas nos animais domésticos; e ainda não se deve perder de vista um filete d’água a escorrer, mesmo disciplinado, e mais ainda, pensar o que fazer nos desabamentos de encostas nas cidades ribeirinhas.

Meses invernosos, com cirandas de chuvas, ventos e raios e de recolhimento, próprios para fazer check-up, reciclar o guarda-roupa, e, vez ou outra, tomar café com os amigos, saborear as guloseimas das nossas origens, e de jantar à luz de velas, acompanhado de um bom vinho.

É hora das atividades do intelecto; é preciso voltar à papelaria para adquirir coisas do ramo, de pôr a correspondência em dia, de assistir à palestras, de tomar parte em festivais de inverno, de ler ou escrever um livro, de começar uma nova tradição familiar, planejar negócios à espera do verão chegar!