Enio Lins

O mito da impunidade golpista precisa ser jogado no lixo

Enio Lins 16 de fevereiro de 2024

Uma coisa é certa, nunca se viu tantas provas contra um bando criminoso, e contra um delinquente em particular, como se vê na apuração dos crimes atribuídos a Jairzinho Beira-Golpe e seus áulicos, provas essas fornecidas desabridamente, despudoradamente, pelo pelos próprios golpistas.

Tamanho escárnio se justifica pela pretensa impunidade ampla, geral e restrita às elites e, mui especialmente, pela suposta intangibilidade dos militares de alta patente (militantes da direita) que jamais foram punidos por quaisquer delitos ao longo de mais de um século (não existe sequer uma exceção?).

JAIRZINHO QUER MAMAR MAIS

Jair mesmo é exemplo graduado da leniência da justiça fardada, pois foi condenado e descondenado por crimes cujas provas ele mesmo produziu nos idos de 1987, quando além de dar declarações terroristas, forneceu à revista Veja rascunhos de próprio punho detalhando como pretendia explodir o gasômetro do Rio de Janeiro.

Uma primeira instância condenou o falso Messias, mas a instância seguinte o absolveu (não por unanimidade, revelando uma minoria íntegra entre os julgadores), aceitando sua mentirosa e patética declaração de que os rascunhos seriam falsos. Logo depois da sentença camarada, a perícia confirmou que a caligrafia era mesmo do Jair!

ATO FALHO DO MOURÃO

Mourão, general de pijama que foi humilhado sem pena pelo ex-capitão desde a campanha, e como vice seguiu levando lapadas e coices do mito até 2022, hoje senador pelo Rio Grande do Sul, proferiu mais uma de suas declarações estultas e, da tribuna senatorial, exortou os generais da ativa à rebelião contra a lei e a ordem.

“No caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes ao largo da Justiça Militar” – ameaçou a Lei, a Ordem e o STF numa tacada só. Depois recuou, mas já havia vomitado a velha bílis: farda acima de tudo, quepe por cima de todos.

IMPUNIDADE NA HISTÓRIA

Ao longo da história brasileira, a regra geral indica duas opções para golpistas: ou ganham e assaltam o poder, ou perdem e são anistiados e protegidos. Não havia risco de dar ruim – pelo menos assim era até 8 de janeiro de 2023. Sequer era necessário discrição, pois a impunidade era líquida e certa à direita.

Beneficiando também golpistas civis, a máxima canalha é: “Se o golpe não deu certo, não aconteceu crime” – uma senha para tentar novamente, sem riscos. 1964 foi tentado desde 1954, sem danos para quem promovia intentonas como Jacareacanga e Aragarças, por exemplo, até que arreganharam o 1º de abril.

Que essa bandalheira golpista tenha um fim. Que a Lei seja cumprida, sem medo e sem ódio, com firmeza e imparcialidade, quaisquer que sejam os vagabundos envolvidos.