Enio Lins

Inteligências artificiais e crimes reais

Enio Lins 08 de fevereiro de 2024

No dia 1º de fevereiro, em discurso na primeira sessão de 2024 no Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes alertou para o perigo do uso das ferramentas de inteligência artificial nas campanhas eleitorais do Brasil e defendeu a tese de que o cyberespaço não pode ser “uma terra sem lei”.

Nada mais apropriado que o alerta do presidente do STF, nem nada mais contemporâneo que a preocupação acerca do uso – sem quaisquer regras – dos fabulosos recursos reunidos sob o rótulo geral da “inteligência artificial”. O mundo está alerta e preocupado com esse tema – perigo real e presente.

ARMA PODEROSA

Resumidamente, o Google Cloud explica que “a inteligência artificial é um campo da ciência preocupado com a criação de computadores e máquinas que podem raciocinar, aprender e atuar de maneira que normalmente exigiria inteligência humana ou que envolvia dados com escala maior que as pessoas podem analisar”.

Ou seja, a IA é um poderoso multiplicador da inteligência humana. É um salto a mais na caminhada científica da humanidade, e como na maioria dos avanços tecnológicos, expande as condições de realização do bem ou do mal. Tal qual a energia elétrica ou atômica, tanto podem salvar vidas como podem matar

ESCOLA DO MAL

Tem toda a razão o Ministro Alexandre de Moraes, pois antes mesmo dos recentes avanços em termos de Inteligência Artificial, quadrilhas digitais brasileiras já se destacavam como “cases” da indústria mundial das fake News, replicando impunemente por aqui os malfeitos trumpistas nos Estados Unidos.

Em 2016, quando os ianques notaram as mutretas de Roger Stone e Steve Bannon, respectivamente marqueteiro e estrategista de Trump, Donald já havia se aboletado na Casa Branca, na base do discurso do ódio e fake News em postagens direcionadas e disparadas em massa. E com alguma fraude eleitoral, lógico.

ANTECEDENTE BRASILEIRO

Em 2018, quando Inteligência Artificial ainda era tida como título de filme de ficção científica, o baby gabinete do ódio, assumido pelo tal de Zero-Dois, fez a maior lambança antes, durante e depois da dita campanha presidencial, espalhando mentiras e consolidando uma onda de adesões em torno do dito mito.

Desde o impeachment contra Dilma Rousseff, a máquina digital de ódio do bolsonarismo reinou absoluta, botando no bolso os amadorismos digitais esquerdistas e centristas, confrontando a Justiça e a ética, replicando as estratégias de Trump, usando e abusando das ferramentas mais modernas daquela época.

GABINETE DO ÓDIO PURO

Embora a eleição de Jair em 2018 tenha sido definida por uma simples faca (instrumento tecnológico criado na Idade do Bronze, por volta de 6,5 mil anos a.C.), é inegável que jogou grande papel o modelo de terrorismo digital disparado por ferramentas avançadas nas redes sociais em benefício do Messias Fake.

Essa estrutura que catapultou o circense e medíocre ex-capitão Zero-Zero à condição de “mito” seguiu atuando ferozmente durante todo o mandato do dito cujo, aparentemente sob o comando do famigerado Zero-Dois, e com ramagem perigosamente entranhada em órgãos como a ABIN, conforme investigações em curso.

DEFESA DA LIBERDADE ALHEIA

Alexandre de Moraes: “Faz-se necessário uma regulamentação. Não só uma regulamentação do Tribunal Superior Eleitoral, da Justiça Eleitoral, porque essa será feita, será realizada em 2024. Mas há necessidade de uma regulamentação geral, do Congresso Nacional, em defesa da Democracia”.

Falou e disse o ministro Moraes – como se dizia antanho de uma fala dotada de inteligência natural. Das eleições cuida a Justiça Eleitoral, que estará ainda mais atenta às propagandas criminosas, mas é-se indispensável regular a legislação geral contra os crimes cibernéticos cometidos tendo como arma a Inteligência Artificial, ferramenta capaz das mais brutais manipulações em todos os campos.