Enio Lins

Um paulista que foi alagoano de A a Z

Enio Lins 10 de novembro de 2023

Na primeira hora de ontem, 9 de novembro de 2023, Alagoas perdeu seu maior fomentador de biografias, Francisco Reynaldo Amorim de Barros, autor de enciclopédica obra que reúne incrível quantidade de sinopses sobre personalidades alagoanas.

“ABC das Alagoas”, publicado pela Editora do Senado, extenso livro-ferramenta, é um trabalho notável, único, e que deveria ser publicação obrigatória, para pesquisas, em todas as escolas alagoanas, em todos os níveis de ensino.

Paulista, filho de alagoanos, passou parte da infância em Alagoas, voltando a São Paulo para tratamento de saúde: “uma aventura rural – montar em um burro, sem cabresto e sela – o que pode ser demonstração de coragem, mas não de inteligência, termina com um acidente”.
Depois, mora no Rio de Janeiro, onde se forma em Administração Pública e passa a trabalhar como pesquisador, daí mudando-se para a Capital dos Estados Unidos, Washington, onde faz sua pós-graduação em Ciência Política.

Retornando ao Brasil, integra a equipe de professores da Fundação Getúlio Vargas. Muda novamente de endereço e, em Brasília, trabalha no Ministério da Agricultura, se dedicando especialmente a projetos para o Nordeste.

Se aposenta no Senado Federal, passa a dedicar-se a sua antiga pesquisa sobre personagens alagoanos, e – pela Gráfica do Senado – viabiliza a 1ª edição do ABC de Alagoas, em 2005, com dois extensos volumes somando 1.276 páginas.

Dez anos depois, em 2015, é também pela prestigiada Gráfica do Senado que consegue publicar a 2ª edição do ABC das Alagoas, agora ampliado para mais de 10 mil verbetes, em três volumes, num total de 1.936 páginas.

Nas últimas décadas praticamente passou a residir em Maceió, não perdendo nenhum evento cultural, mesmo com a saúde debilitada. Sempre sorrindo, sempre entusiasmado com a vida, com a arte, sempre pesquisando viventes das Alagoas.
Francisco Reynaldo Amorim de Barros é um personagem imortal das Alagoas, terra que ele escolheu para amar, estudar, viver e virar verbete. Mestre, obrigado por tudo, de A a Z.
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HOJE NA HISTÓRIA


10 de novembro de 1937 – Instalado, no Brasil, sob o comando de Getúlio Vargas, o regime ditatorial conhecido como “Estado Novo”, ou “Era Vargas”. Golpe dentro do golpe da “Revolução de 30”, se constituiu numa ditadura civil apoiada por militares.

Apoiava-se a ditadura varguista em “sua constituição”. Escrita por uma única pessoa, o político mineiro Francisco Campos, vulgo “Chico Ciência”, essa “carta magna” era um calhamaço autocrático de traços fascistas, cujo texto, espelhando-se nos modelos de Mussolini, na Itália, e de Salazar, em Portugal, se baseava no centralismo administrativo, no nacionalismo exacerbado, e no anticomunismo radical.

Se estendendo até 1945, o Estado Novo foi ao chão como uma das consequências da derrota do Eixo nazifascista na II Grande Guerra. Vargas ainda fez uma mudança estratégica na política de alianças internacionais e, em 1942, construiu uma parceria com os Aliados (liderados pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética).