Enio Lins
MILÍCIAS: O MAIOR PROBLEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL
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Diego de Souza Bomfim, Marcos Cosato e Perseu Almeida morreram, e Daniel Proença luta pela vida. Médicos, sem antecedentes, foram alvejados com mais de 30 tiros quando tomavam um chope num quiosque na Barra da Tijuca.
Segundo a mídia nacional, um dos médicos teria sido confundido, por milicianos aliados ao Comando Vermelho, com um inimigo líder de uma organização criminosa rival, e a execução decidida pelos chefes milícia.
RAÍZES NO REGIME MILITAR
Apesar da denominação “milícia” ser de uso recente, seu conteúdo é semelhante aos “Esquadrões da Morte” surgidos no final dos anos 60, sob os auspícios do regime ditatorial implantado em 1º de abril de 1964.
“Bandido bom é bandido morto” é o mito que alimenta esse movimento e que teve na “Escuderie Le Coq” e nos “12 Homens de Ouro” suas denominações mais conhecidas. O auge dessas antigas milícias se deu entre 1965 e 1980.
“Polícia é polícia, bandido é bandido” declarou Lúcio Flávio, nos anos 70. Era então o mais famoso assaltante de bancos e protestava contra as pressões para ser parceiro de policiais e se recusava a pagar os altos pedágios cobrados.
Preso, Lúcio Flávio foi morto por um “colega de cela” em 1975. Seu assassino foi trucidado da mesma forma, e quem matou quem matou Lúcio Flávio foi eliminado do mesmo jeito. E fez-se sepulcral silêncio sobre a polícia bandida.
PODER MILICIANO REAL, ATUAL E CRESCENTE
Adriano da Nóbrega, uma das mais expressivas referências do crime organizado miliciano, preso e em julgamento, em 2005, foi homenageado pelo então deputado carioca Flávio Bananinha com a Medalha Tiradentes.
Jair Messias, pai de Bananinha e (na época) deputado federal compareceu ao julgamento do miliciano condecorado e fez pronunciamento na Câmara, elogiando as qualidades do ex-capitão da PM carioca, líder de milícias.
Assassinado por “resistir à prisão” numa operação da PM baiana, em 2020, Adriano levou para a cova tudo o que sabia sobre as parecerias entre as polícias e o crime organizado. As milícias seguiram fortes e intocáveis.
TRAGÉDIA CONTEMPORÂNEA
Melhor seria estudar detalhes do impressionante crescimento do poder miliciano, especialmente ao longo da intervenção do Exército na Segurança Pública do Rio de Janeiro, entre fevereiro e dezembro de 2018.
Cena mais visível do crescimento do poder e desenvoltura das milícias neste período de intervenção militar é o duplo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Crimes com mandante desconhecido.
Durante os dez meses de intervenção, foram registrados 1.532 homicídios “por violência policial, o maior número registrado desde 2003, ano em que esses dados começaram a ser computados”, informa o site infoescola.com.br.
Quais milícias cresceram, e em que áreas, durante o período de intervenção federal/militar no Rio de Janeiro em 2018? Note-se que esse é o ano da eleição do famigerado Jair para a presidência da República.
Significará algo o comandante da intervenção militar no Rio, general Braga Netto, em seguida, ter sido ministro de Jair nas pastas da Casa Civil e da Defesa? Além de ser candidato a vice-presidente do mito em 2022...
Coisas a estudar. Pode ter sido pura coincidência. Por via das dúvidas, sugere-se a leitura de alguns textos disponíveis na internet: https://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_Guimar%C3%A3es, https://pt.wikipedia.org/wiki/Esquadr%C3%A3o_da_Morte_(Brasil), https://www.infoescola.com/biografias/lucio-flavio-villar-lirio/, https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcio_Fl%C3%A1vio_(criminoso), https://www.infoescola.com/historia/intervencao-federal-no-rio-de-janeiro-em-2018/
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Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.