Enio Lins

MILÍCIAS: O MAIOR PROBLEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL

Enio Lins 10 de outubro de 2023
MILÍCIAS: O MAIOR PROBLEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL
Milícias - Foto: Reprodução

Diego de Souza Bomfim, Marcos Cosato e Perseu Almeida morreram, e Daniel Proença luta pela vida. Médicos, sem antecedentes, foram alvejados com mais de 30 tiros quando tomavam um chope num quiosque na Barra da Tijuca.
Segundo a mídia nacional, um dos médicos teria sido confundido, por milicianos aliados ao Comando Vermelho, com um inimigo líder de uma organização criminosa rival, e a execução decidida pelos chefes milícia.


RAÍZES NO REGIME MILITAR
Apesar da denominação “milícia” ser de uso recente, seu conteúdo é semelhante aos “Esquadrões da Morte” surgidos no final dos anos 60, sob os auspícios do regime ditatorial implantado em 1º de abril de 1964.

“Bandido bom é bandido morto” é o mito que alimenta esse movimento e que teve na “Escuderie Le Coq” e nos “12 Homens de Ouro” suas denominações mais conhecidas. O auge dessas antigas milícias se deu entre 1965 e 1980.

“Polícia é polícia, bandido é bandido” declarou Lúcio Flávio, nos anos 70. Era então o mais famoso assaltante de bancos e protestava contra as pressões para ser parceiro de policiais e se recusava a pagar os altos pedágios cobrados.

Preso, Lúcio Flávio foi morto por um “colega de cela” em 1975. Seu assassino foi trucidado da mesma forma, e quem matou quem matou Lúcio Flávio foi eliminado do mesmo jeito. E fez-se sepulcral silêncio sobre a polícia bandida.


PODER MILICIANO REAL, ATUAL E CRESCENTE
Adriano da Nóbrega, uma das mais expressivas referências do crime organizado miliciano, preso e em julgamento, em 2005, foi homenageado pelo então deputado carioca Flávio Bananinha com a Medalha Tiradentes.

Jair Messias, pai de Bananinha e (na época) deputado federal compareceu ao julgamento do miliciano condecorado e fez pronunciamento na Câmara, elogiando as qualidades do ex-capitão da PM carioca, líder de milícias.

Assassinado por “resistir à prisão” numa operação da PM baiana, em 2020, Adriano levou para a cova tudo o que sabia sobre as parecerias entre as polícias e o crime organizado. As milícias seguiram fortes e intocáveis.


TRAGÉDIA CONTEMPORÂNEA
Melhor seria estudar detalhes do impressionante crescimento do poder miliciano, especialmente ao longo da intervenção do Exército na Segurança Pública do Rio de Janeiro, entre fevereiro e dezembro de 2018.

Cena mais visível do crescimento do poder e desenvoltura das milícias neste período de intervenção militar é o duplo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Crimes com mandante desconhecido.

Durante os dez meses de intervenção, foram registrados 1.532 homicídios “por violência policial, o maior número registrado desde 2003, ano em que esses dados começaram a ser computados”, informa o site infoescola.com.br.

Quais milícias cresceram, e em que áreas, durante o período de intervenção federal/militar no Rio de Janeiro em 2018? Note-se que esse é o ano da eleição do famigerado Jair para a presidência da República.

Significará algo o comandante da intervenção militar no Rio, general Braga Netto, em seguida, ter sido ministro de Jair nas pastas da Casa Civil e da Defesa? Além de ser candidato a vice-presidente do mito em 2022...

Coisas a estudar. Pode ter sido pura coincidência. Por via das dúvidas, sugere-se a leitura de alguns textos disponíveis na internet: https://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_Guimar%C3%A3es, https://pt.wikipedia.org/wiki/Esquadr%C3%A3o_da_Morte_(Brasil), https://www.infoescola.com/biografias/lucio-flavio-villar-lirio/, https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcio_Fl%C3%A1vio_(criminoso), https://www.infoescola.com/historia/intervencao-federal-no-rio-de-janeiro-em-2018/