Enio Lins

Da cova da história, a política café-com-leite volta a feder

Enio Lins 09 de agosto de 2023

Sem citar nomes, pois não merecem tal consideração: direitopatas, governadores de estados grandes e ricos, mexem-se estrepitosamente para ocupar, no trono das estupidezes, o lugar, que consideram vago, do mito inelegível.

Parece uma Copa do Mundo de Asneiras, com cada candidato a mito-substituto zurrando mais alto para chamar a atenção do gado supostamente sem condutor. Patinam, pois o Falso Messias, se escolher um herdeiro, o fará por conta própria.

Mas os caras tentam atrair o rebanho bolsonarista com imitações das defecações verbais do ex-capitão. Assim é a tentativa de ressuscitar a “política café-com-leite”, aliança oligárquica que manteve o Brasil no atraso mais profundo entre 1898 e 1930.

Como se sabe, oligarcas de São Paulo e Minas, ainda no comecinho da República, amparavam-se na tese que eram “os grandes produtores” (70% da economia?), manipulavam as eleições, e se revezaram no poder por mais de três décadas.

Em essência, essa é a proposta tirada do ataúde da história pelo governador mineiro, num primeiro momento aplaudida pelo colega gaúcho, ideia que tenta se apoiar no carcomido e superado conceito da “superioridade” econômica.

Dessa catacumba onde jaz a “política café-com-leite”, emanam os miasmas de um sistema político arcaico e de um modelo eleitoral deformado, onde o voto de cabresto era a regra, adulterando na fonte a manifestação da vontade popular.

Eram “auditáveis” aquelas eleições. O voto à descoberto, bico-de-pena, garantia que os resultados fossem conhecidos na véspera, evitando-se surpresas para os donos do poder quando da abertura das urnas (que sequer eram fechadas).

Nesse simulacro de democracia, várias revoltas aconteceram e o Estado de Sítio era coisa comum, como aconteceu ao longo de praticamente todo mandato do mineiro Arthur Bernardes, presidente entre 1922 e 1926.

Bernardes foi substituído na presidência por um representante de São Paulo, Washington Luís, que governou entre 1926 e 1930, que passaria a faixa para outro líder paulista, Júlio Prestes. Aí o caldo entornou e explodiu a chamada “Revolução de 30”.

Pois é: aquele velho modelo oligárquico, corrupto, atrasado, manipulador, autoritário, é o que – das Gerais – o Silvério dos Reis atual quer para o Basil.

HOJE NA HISTÓRIA 

9 de agosto de 1974 – Richard Nixon renuncia ao cargo de presidente dos Estados Unidos depois de ser comprovado seu envolvimento pessoal no caso de espionagem contra o partido adversário, no famoso episódio Watergate.

Conservador, foi eleito presidente em 1968 e reeleito em 1972. Antes, em 1960, amargara a derrota para o jovem John Kennedy. Entre 1952 e 1960, Nixon foi vice-presidente dos Estados Unidos, eleito e reeleito como vice de Dwight Eisenhower, na famosa chapa Ike & Dick.

Em seu duplo (e incompleto) mandato presidencial, está a mácula do financiamento e participação no sangrento golpe militar no Chile, em 1973, que instaurou uma ditadura cruel e assassinou milhares de pessoas, inclusive o presidente Allende.

Por outro lado, de seu currículo consta o restabelecimento das relações diplomáticas e comerciais com a China Comunista, em 1972; e a retirada das tropas americanas do Vietnã, em 1973, o que resultaria no fim da guerra vietnamita dois anos depois, com a vitória dos comunistas historicamente liderados por Ho Chi Min (que havia morrido em 1969).

https://brasilescola.uol.com.br/geografia/richard-nixon.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Nixon