Enio Lins

Um Brasil de população quilombola se apresenta

Enio Lins 28 de julho de 2023

Ontem, notícia comum em boa parte da mídia dava conta do tamanho da “população quilombola” existente no Brasil, e que se reconhece como tal. Uma das reportagens mais interessantes sobre essa pauta está n’O Globo.

Reportagem que pode ser lida no site globo.com [https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/07/27/censo-do-ibge-a-cada-10-municipios-do-brasil-3-tem-moradores-quilombolas-veja-mapa-e-consulte-sua-cidade.ghtml] e que traz dados claros, e não tece juízo de valor.

Uma das questões mais importantes desta pesquisa, baseada nos dados do Censo 2022, realizado pelo IBGE, é exatamente esse gesto de autorreconhecimento como “quilombola” (individual e coletivamente).

Reconhecer-se como pessoa preta, negra, afrodescendente, é atitude de grande importância num país que sempre procurou esmagar a compreensão do racismo, forçando seu mascaramento em benefício de um inexistente “Brasil sem preconceito”.

Segundo os dados IBGE/2022, “mais de 30% das cidades do país têm moradores quilombolas”, o que conforma cerca de “1,7 mil cidades em todas as regiões, em quase todos os estados”. É a primeira vez que essa questão é colocada num censo.

Por esse estudo, existem 1,3 milhão de pessoas “que se identificam como quilombolas” o que “corresponde a 0,65% da população total” brasileira. E mais, 70% das comunidades que se identificam como quilombolas estão no Nordeste.

Menos nos estados de Roraima e Acre, todas as unidades da federação brasileira possuem populações que se veem como quilombolas, com destaque para Maranhão e Bahia, que concentram 50% do número dessas comunidades.

Esses núcleos não devem ser confundidos com os quilombos guerreiros existentes durante o período escravocrata e que foram focos de resistência e luta contra a escravidão, como no caso dos Palmares (+1580/1694) – o mais famoso e extenso de todos.

Os atuais quilombos, reconhecidos como tal na Constituição de 1988, formaram-se principalmente a partir da Lei Áurea (1888) quando, sem ter para onde ir e desassistidas, levas de pessoas ex-escravizadas buscavam sobreviver juntas.

Esse autorreconhecimento ganha, pela primeira vez, números. Trata-se de acontecimento muito importante. Ao invés de concluir, abre um novo momento de conhecimento étnico/social, de pesquisa, e de autoconhecimento do Brasil real.

HOJE NA HISTÓRIA


28 de julho de 1823 – tropas portuguesas resistentes à independência do Brasil se rendem no Maranhão, marcando uma vitória importante das forças brasileiras.

Houve resistência de uma minoria da elite colonial (portugueses e brasileiros), apesar da independência do Brasil – sob o comando de Pedro – ter sido uma estratégia esboçada por Dom João VI, que passou para a história a famosa frase “põe a coroa sobre a tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela”, dirigida seu filho predileto, complementando: “antes que seja para ti, que me hás de respeitar”.

Depois do berro de Pedro às margens plácidas do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, algumas tropas pró-Portugal, contrárias à independência brasileira, terçaram armas nas províncias da Bahia, Maranhão, Piauí e Grão-Pará – além da Província Cisplatina, que mais tarde se tornaria o Uruguai. A vitória das forças pró-independência no Mararão foi essencial para o final feliz do processo que consolidou o Brasil como país soberano.

Leia mais em [https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Independ%C3%AAncia_do_Brasil]
e [https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_do_Imp%C3%A9rio_do_Brasil]