Enio Lins

Contra a maré da agiotagem, a economia brasileira cresce

Enio Lins 13 de julho de 2023

Novamente, Mirian Leitão acende o lume – onde e quando muitos queriam breu – com uma avaliação centrada sobre a economia brasileira, publicada n’O Globo em 11 de julho, identificando a dissipação das trevas herdadas de Jair & Guedes.

Escreveu ela na terça-feira: “A desinflação é o início de um círculo virtuoso, com redução de juros em agosto e cenários de crescimento do PIB em mais de 2%”. No período noturno, o noticiário confirmava a primeira deflação em 2023.

Com queda de 0,08% no IPCA/junho, foi alcançado o menor índice para o mês de São João em seis anos, desde 2017. Diz mais: “a inflação acumulada, nos últimos 12 meses, ficou em 3,16%. Esse índice está abaixo da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3,25%”.

Voltando à análise de Mirian, ela antecipava que a inflação “deve ficar em torno de zero, o que reduzirá o acumulado em 12 meses para cerca de 3%. Há um ano, a inflação acumulada em 12 meses era de 11,89%”. Olhaí a moça acertando novamente!

Brasil, isso quer dizer que “seus problemas acabaram”? Não mesmo. Um país com problemas estruturais seculares e que passou os recentes quatro anos mergulhado na mais profunda lama governamental não pode ter soluções mágicas em 180 dias de gestão séria.

Temos de considerar nesse quadro positivo um fator negativo importante: um BC dirigido por um bando central dependente da agiotagem mais despudorada. Isso é problema. Nosso Basil é o país com maior taxa de juro real do mundo.

Em junho, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não reduziu a taxa básica de juros, conforme esperado, mantendo-a na imoral cifra de 13,75% ao ano, garantindo o Brasil no topo da lista da agiotagem mundial pela sexta vez consecutiva.

Puxar mais recursos para o crescimento econômico, atraindo para tal uma massa significativa de recursos hoje ainda investidos no rentismo, é questão fundamental e um compromisso político da chapa Lula & Alckmin.

Como um freio de mão acionado quando o veículo faz força para arrancar, essa política do BC sabota deliberadamente as (enormes) possibilidades de crescimento econômico produtivo (pensem numa palavra antiga e bonita) brasileiro.

Mas os resultados positivos, apesar da força “do contra” feita pelo bando central, comprovam o caminho certo apontado pela equipe Haddad. Aplausos! A luta continua.

HOJE NA HISTÓRIA

Ao se oporem à captura e escravidão de índios, os jesuítas foram expulsos de São Paulo



13 de julho de 1640 – Expulsão dos padres jesuítas da povoação de São Paulo pelo fato desses religiosos serem contra a escravidão dos índios no Brasil.

Desde 2 de julho daquele ano que os padres haviam recebido a intimação para deixarem o povoado, e se recolher ao Rio de Janeiro, até uma decisão ser tomada. Os paulistas estavam furiosos com os jesuítas por estes insistirem na aplicação do “breve” do Papa Urbano VIII, documento que proibia a escravidão dos indígenas brasileiros.

Naquele Brasil, com menos de 200 anos de colonização, a base da economia paulista era prear índios, transformando-os em escravos numa prática com alto nível de mortalidade para os cativos, pois os nativos não entendiam nem se adaptavam ao trabalho forçado.

Sete anos depois, a expulsão dos padres jesuítas seria revertida com uma anistia dada pelo Conselho Ultramarino, ao mesmo tempo em que a escravidão dos africanos (iniciada por volta de 1550) se ampliava rapidamente e se consolidava como a principal forma de superexploração do trabalho cativo em terras brasileiras.