Enio Lins

Reforma tributária em pauta, mas não é coisa fácil

Enio Lins 15 de junho de 2023
Simone Tebet entre sindicalistas

Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, declarou (segunda-feira, 12/06) que “a reforma tributária pode aumentar em até 1% o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a partir de 2025”. E que Estados e munícipios não vão perder receita nesse cenário.

Duas ótimas notícias, duas excelentes expectativas. No desgoverno passado, o meliante usuário da faixa verde-amarela achou melhor jair surrupiando recursos dos Estados para tentar baixar os assustadores preços dos combustíveis.

Tributo, em qualquer lugar do mundo, é entendido mais ou menos como um assalto à mão desarmada, e no Brasil imposto é trauma nacional, daí falar em reforma tributária deixa a opinião pública ouriçada – e o povo tem razões para isso.

“Quem vai pagar esse conta?” é uma pergunta que historicamente só tem tido uma resposta: “– A população mais pobre!”. Rico não paga imposto no Brasil – reza a filosofia popular e com toda a razão. Então, essa reforma tributária é o momento de se mudar isso.

Precisa essa reforma priorizar um alívio sobre a massa trabalhadora e a classe média – que são os setores pagantes nessa pândega tributária brasileira. E quem nunca pagou, de fato, imposto no Brasil necessita começar a pagar. Tudo tem um começo. E já passou da hora.

Sobre os estudos para essa RT, diz Simone Tebet: “a reforma tributária, a partir de 2025, já teria condição de aumentar o PIB em 1% além do que o Brasil já vai crescer. Se pegar 20 anos, vamos arredondar para baixo esse número, um crescimento de 15% a mais”.

Falando para sindicalistas, numa plenária realizada na sede do Sindicato dos Químicos de São Paulo, dia 12, Tebet defendeu um “lobby legítimo, uma pressão legítima” para que a reforma tributária seja aprovada no Congresso.

“Vocês precisam dizer que os trabalhadores brasileiros querem e precisam da reforma tributária que é a única bala de prata que vai fazer o Brasil crescer de forma sustentável, duradora e gerar emprego e renda” – afirmou Simone Tebet.

Aplausos! Mas não será nada fácil aprovar quaisquer mudanças que faça quem se viciou a não pagar imposto que venha a fazê-lo. Os movimentos sociais terão de sair de sua letargia, deixar de esperar que “Lula faça” e de repetir que “fiz o L para isso” e vir para as ruas.

HOJE NA HISTÓRIA

Papa João Paulo II e o Rabino Elio Toaf, durante visita do pontífice católico à Sinagoga de Roma



15 DE JUNHO DE 1994 – Israel e Vaticano estabelecem relações diplomáticas, iniciando um novo momento de diálogo entre as governanças judaicas e cristãs depois de 46 anos de formação do Estado israelense e de séculos de conflitos.

Apesar de suspensas em 1965, pelo Concílio Vaticano II, através da declaração “Nostra Aetate”, o rol de acusações cristãs (católicas) contra os judeus eram terríveis e tiveram origem formal no ano de 325, quando o Concílio de Nicéia considerou os judeus como hereges e o judaísmo “uma aberração da vontade divina”.

Os ataques não pararam por aí: no ano 465, o Concílio de Vannes proibiu o “compartilhamento de carne” com hebreus. O Concílio de Latrão, em 1215, obriga o povo judeu a usar um sinal de identificação, o pagamento de uma taxa e a morar em bairros específicos (guetos). Desnecessário falar sobre a infame Santa Inquisição e suas fogueiras. E no século XX a atuação do Papa Pio XII, durante a ascensão do nazismo, causou (e causa) muita polêmica.



A partir dos anos 60, amparados pelo Concílio Vaticano II, os papas Paulo VI e João Paulo II tomam atitudes positivas frente ao judaísmo e, em dezembro de 1993, é assinado um primeiro acordo entre Israel e Vaticano e, no ano seguinte, as relações diplomáticas são estabelecidas.