Enio Lins

Demorar para que? Por que demorar?

Enio Lins 13 de junho de 2023

Está indo bem demais o terceiro governo Lula, nas principais questões estratégicas, pelo menos até este 164º dia de gestão. Os obstáculos deixados pelo desgoverno anterior foram brutais, inéditos, inclusive contando com a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro.

Ter sobrevivido o Regime Democrático depois da intentona do crime organizado no oitavo dia do ano é algo que ficará para a História (com maiúscula). Reequilibrar a economia (inclusive com a retomada de crescimento do PIB) é outro feito maiúsculo.

Elefantes e cururus têm sido engolidos por Lula nessa corrida de obstáculos. Porém mosquitos parecem provocar engasgos (totalmente dispensáveis). É o caso da estranha demora na nomeação de cargos de confiança em Brasília e em vários Estados. Por que demorar?

Certos órgãos, como o GSI, deveriam ter sido extintos pela tora, com devolução de 100% de seus integrantes para as instituições de origem; depois, um novo modelo de repartição seria criado – no 8 de janeiro o GSI provou sua inutilidade. E mais, sua perniciosidade.

Mas as representações outras de órgãos federais nos Estados são necessárias em suas atividades cotidianas. Não podem parar nem devem desacelerar. É o caso do IPHAN em Alagoas: o órgão está acéfalo (na prática) há meses, o que é desastroso.

Com quatro áreas municipais tombadas como Patrimônio Arquitetônico e Artístico Nacional, , além de monumentos isolados, Alagoas precisa de uma representação local do IPHAN plena, em funcionamento sem estresses internos, nem instabilidade administrativa.

Penedo, Marechal Deodoro e Piranhas são as cidades reconhecidas como patrimônio brasileiro, mais a Serra da Barriga (essa área também patrimônio do Mercosul) e imóveis em Palmeira dos Índios e Porto Calvo. Os problemas são diários e as respostas não podem demorar.

Depois da exoneração da superintendente anterior (que fez um excelente trabalho, assinale-se), duas substituições já foram realizadas, sempre em caráter “interino”. A indicação pra valer se espera a 164 dias. Assim não dá, né? Imaginem a instabilidade.

Melissa Mota, como titular, fez um ótimo trabalho por 18 meses. Na provisoriedade, Thalianne Leal foi uma guerreira e Maicon Marcante marca posição com dedicação. Mas e a nomeação (técnica!) para a Superintendência Estadual do IPHAN? Interinidade ninguém merece.

HOJE NA HISTÓRIA


13 DE JUNHO DE 313 – Constantino, o Grande, e Licínio, imperadores em parceria naqueles dias, assinam conjuntamente o Édito de Milão, garantindo liberdade de culto em todo império romano. Na prática, abre as portas para o cristianismo vir a ser a religião oficial.

Licínio respondia pelo império romano do Oriente e Constantino pelo Ocidente (depois tomou conta de tudo) e juntos fizeram cessar as perseguições contra quem praticasse religiões diferentes dos cultos romanos em vigor há séculos.

Em franco crescimento, os cristãos estavam presentes por todos os cantos do grande império e, depois de serem perseguidos por césares como Nero (todo poderoso entre os anos 37 e 68), sofriam hostilidades de autoridades e dos seguidores da até então religião oficial. No ano 311, Galério (imperador de 305 a 311) havia emitido o Édito de Tolerância, retirando o cristianismo da ilegalidade – mas conservando o paganismo romano como religião oficial de todo império. Mas o documento de Constantino e Licínio foi o que mudou a condição cristã de fato.

No ano 380, através do Édito de Tessalônica, promulgado pelo imperador Teodósio I, o cristianismo conquistou a posição de religião oficial do império romano e a partir daí botou pra quebrar nos demais cultos, perseguindo-os com força e os colocando todos na ilegalidade.