Enio Lins

Ainda contra o retalhamento do Corredor Vera Arruda

Enio Lins 04 de maio de 2023

Volto ao tema, “encarcando” nas mesmas teclas, teimando por repetição porque argumentos novos não têm sido acrescentados ao debate, enquanto as facas estão sendo afiadas para o esquartejamento do mais expressivo perímetro verde na área litorânea de Maceió.

Um comentário postado no Instagram, com muita sinceridade, desnuda a concepção do projeto retalhador: “Sou 100% a favor. O trânsito de um bairro inteiro vira um caos por causa dessa aberração urbana”. Taí, o verde é aberração urbana...

Já pensaram se esse raciocínio fosse aplicado para minorar os engarrafamentos de Nova Iorque? O magnífico Central Park seria dividido em bifinhos e bifões cortados por portentosas avenidas para (pretensamente) aliviar o tráfego na Big Apple.

Mas vamos relembrar, em quatro partes:

Um – Os estressantes engarrafamentos naquela área da Baixa Maceió se devem à sobrecarga de tráfego num quadrilátero formado pelas avenidas Álvaro Calheiros, Álvaro Otacílio, Amélia Rosa e rua Dona Constança. Acrescer vias de ligação entre essas quatro artérias sobrecarregadas não altera o congestionamento crônico.

Dois – O Corredor em perigo é a única área de “respiro” dentro de uma malha urbana extremamente povoada, única e derradeira lembrança de um singular projeto urbanístico que valorizou o convívio humano. Ao invés de picotada e destruída, essa área deveria receber mais árvores e novos equipamentos de lazer e de segurança.

Três – Não são conhecidos projetos para aliviar o trânsito pela distribuição do tráfego a partir das avenidas Álvaro Calheiros, Álvaro Otacílio, Amélia Rosa. Seguirão entupidas sem novas saídas que acolham o imenso volume de veículos, causa principal dos engarrafamentos em todas as ruas da região.

Quatro – Apesar de afligir a classe média concentrada entre Cruz das Almas, Jatiúca, Mangabeiras e Ponta Verde, o caos no trânsito maceioense, acumulando décadas de espontaneísmo e aversão ao planejamento, castiga ainda com mais força quem transita pela Fernandes Lima/Durval de Góis Monteiro/Lourival Melo Mota. E se aventa que a “solução” seria “eliminar o canteiro central”, retirando assim a cobertura vegetal, única visão bonita que se tem da entrada/saída de Maceió. O verde segue alvo prioritário.

HOJE NA HISTÓRIA


4 de maio de 1994 – Firmado entendimento histórico entre Israel e OLP (Organização pela Libertação da Palestina) reconhecendo a autonomia dos palestinos e seu autogoverno na Faixa de Gaza e Jericó. Assinado por Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, foi o primeiro compromisso do chamado Acordo de Oslo, o mais importante acordo para a paz na dita Terra Santa.

Graças aos tratados assinados no Acordo de Oslo, Rabin (primeiro-ministro israelense) e Arafat (líder palestino), juntamente com Shimon Perez (presidente de Israel), receberam o Prêmio Nobel da Paz de 1994. Mas a paz nunca chegou no Oriente Médio.

Yitzhak Rabin, nascido em Jerusalém, general, herói de guerra, estadista habilidoso, foi assassinado em novembro de 1995 por um terrorista judeu que discordava do Acordo de Oslo e o considerava traidor. Yasser Arafat, depois de – a duras penas – conseguir a formação da Autoridade Palestina, foi confinado em 2002 pelo exército de Israel em Ramallah, e morreu misteriosamente em novembro de 2004. E o derramamento de sangue segue...