Enio Lins

Dias de atenção total à economia

Enio Lins 04 de abril de 2023

Hoje é o 94º dia do governo Lula e, muito mesmo antes da marca do centésimo dia, parte da mídia não muito amiga cobra a resolução de problemas acumulados e potencializados por uma gestão irresponsável e trágica que se estendeu por quatro anos de retrocesso.

Mas, em apenas uma centena de dias, não é possível desatar todos os nós dados pelo “mito”: o País estava manietado, com a economia seviciada como as vítimas do famigerado Dr. Tibiriça (cognome do tal Coronel Ustra), o principal ídolo do energúmeno fujão.

Foram 1.461 dias de bagunça total, onde quem já ganhava muito passou a ganhar mais, enquanto a maioria da população foi mergulhada mais para baixo da linha de pobreza, ao desabrigo de quaisquer planos do desgoverno mitológico.

“Quase 10 milhões de brasileiros passaram a viver em situação de pobreza de 2019 a 2021. É quase toda a população de Portugal”, destacou o Jornal Nacional em 29 de junho de 2022 – e até o final do ano passado nada foi feito para corrigir essa tragédia.

Para a Fundação Getúlio Vargas, seriam “63 milhões de pessoas no Brasil que, no ano passado, viviam em domicílios onde a renda por pessoa não ultrapassava R$ 497 por mês”, segundo estudo da FGV sobre os dados do IBGE.

E a extrema pobreza? Também pelas contas da FGV “São 33 milhões de brasileiros que vivem com menos de R$ 289 por mês”. Por esse levantamento, que usa dados que começaram a ser coletados em 2012, “esse é o pior cenário já registrado”.

Essa é a tragédia, o centro do problema que nem a Faria Lima, nem o COPOM do Banco Central, querem ver – ou melhor, veem, mas ignoram e querem impedir que o problema seja abordado e enfrentado, pois só enxergam o lucro fácil e sem riscos.

Para voltar a crescer economicamente e a ter um pouco de melhor distribuição de renda é indispensável que a agiotagem radical que assola o Brasil seja contida, que a geração de emprego e renda seja reestimulada rápida e profundamente.

E os programas sociais? São indispensáveis para minorar a fome antes da economia voltar a crescer. Sim, a fome existe e os dados do IBGE não negam, independentemente de análises como as da FGV reconhecerem ou não. O Brasil voltou a passar fome.

Cem dias? Bote bem mais 100 nisso. Lula, Alckmin, e toda equipe têm de centrar fogo nesse alvo. Deixem as diatribes do mito e as armações do Moro para o noticiário policial e para os posts de humor político. Toda, e absoluta, atenção à economia.

HOJE NA HISTÓRIA


4 de abril de 1958
– Apresentado, em Londres, o símbolo da Campanha pelo Desarmamento Nuclear (CND – Campaign for Nuclear Disarmament, ou simplesmente Nuclear Disarmament), movimento pacifista que se espalhou pelo mundo, mas – infelizmente – em menor intensidade do que o desejado.

A marca gráfica foi criada pelo designer britânico Gerald Holtom (1914-1985), representando as iniciais N e D (Nuclear Disarmament) segundo os códigos marítimos usados na comunicação visual com bandeiras, mas há quem veja o cogumelo atômico de cabeça para baixo, ou uma runa ancestral, ou um símbolo hindu....

Entretanto, a simpática marca pegou mesmo como significante de “paz e amor”, bicho. E segue sendo usada até hoje, numa boa, em todo mundo.