Enio Lins

Resultado da idolatria às armas e ao culto do direito de usá-las

Enio Lins 31 de março de 2023

Mais um atentado fatal cometido numa escola brasileira ainda não fez acender sequer o sinal amarelo para a maioria da sociedade brasileira, apesar dos insistentes alertas e apelos feitos por uma minoria preocupada com isso.

Aos 71 anos, Elizabeth Tenreiro
, professora de biologia, foi covardemente assassinada dentro da Escola Estadual Thomazia Motoro, situada na capital paulista; e, informa O Globo, “duas outras instituições sofreram ameaças, e os casos são semelhantes”.

Qual a idade do assassino?
13 anos! As almas sebosas podem, se cinismo suficiente tiverem para isso, arguir “facilidades” pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, fugindo assim da constatação e do debate sobre as consequências do discurso de ódio.

Leniência da lei?
Em certo sentido, sim. Mas não na legislação focada na criança e na adolescência, e sim ineficiência das normas legais que deveriam entender e combater como crime a prática, a difusão do discurso de ódio.

O suposto “direito
de reação pessoal violenta” ao que considere agressões recebidas é o que faz um deputado vociferar “eu não uso chupeta, mas uso revólver”, e partir para a violência em plenário da Câmara Federal.

Esse tipo de “direito”,
usualmente associado à “macheza”, é o mesmo que uma deputada considerou ter ao perseguir, rua afora, de arma em punho, um cidadão (negro) que lhe teria respondido com palavras que achou “agressivas”.

Esse culto à violência
, associado à idolatria às armas, tem um líder, um pastor supremo do mal: Jair, o Falso Messias, que ocupou (desgraçadamente) a presidência da República por quatro anos e, como nada fez em obras reais, obrou esse espírito odiento.

As redes sociais
estão recheadas desse culto à violência, da idolatria às armas e à difusão do “direito de matar” (mesmo sem treinamento); a presença desse discurso de ódio só tem crescido, se retroalimentando a cada ocorrência criminosa.

As escolas, espaços de reunião
de jovens ululantemente mergulhados nas redes sociais, passam a ser palcos para a materialização desses sentimentos odiosos em que a covardia é transmutada em valor moral positivo.

Segundo reportagem
do site globo.com, desde o atentado numa escola em Realengo/RJ, em 2011 – um massacre, com 12 crianças assassinadas e 10 feridas, com o assassino se suicidando –, mais dez escolas foram alvos de ações semelhantes, em vários estados brasileiros.

Sem dúvida, é a lição
de casa do ódio e do “treinamento para matar” fazendo escola.

HOJE NA HISTÓRIA

General Olímpio Mourão Filho


31 de março de 1964
– Um general, chamado Olímpio Mourão Filho, resolve colocar a tropa sob seu comando, num quartel mineiro, em marcha contra o governo federal, no que seria mais uma entre tantas ações subversivas, de parte das forças armadas, desde 1954.


Golpes contra a Democracia estavam sendo tentados desde a eleição de Getúlio Vargas, em 1950. Golpismo que quase dá certo em agosto de 1954, quando o presidente Vargas se suicida e a pressão popular frustra a intenção de golpistas militares e civis. Os fardados foram tentando mais vezes, como em Jacareacanga e Aragarças, sem sucesso.


A disputa entre as quadrilhas golpistas era enorme, desde os anos 50, e os militares estavam divididos em bandos adversários, tendo o General Mourão muitos desafetos entre seus pares, o que impediu uma adesão mais ampla e imediata a seu gesto.


O movimento do General Mourão não teve apoio suficiente em 31 de março, apesar de deserções do lado democrático, e o dia findou com a tropa subversiva, de 2.714 militares, sob pressão de mais de cinco mil soldados legalistas que esperavam a ordem presidencial, de João Goulart, para contra-atacar.