Enio Lins

Anteontem teve espetáculo no Circo do Mito

Enio Lins 23 de março de 2023

Ôxe, quanta bizarrice no evento realizado em Brasília, há dois dias, pelo partido do Jair! Chamou logo a atenção a presença da Dona Micheque – ela não tinha ido aos Estados Unidos matar a saudade do maridão? Já voltou? Foi morte súbita?

No dia 13 a dama foi ver o vagabundo, percorrendo algo como 6,1 mil quilômetros num voo, em média, de 12 horas, assassinou a saudade, refez 6,1 mil quilômetros em mais 12 horas de voo, e dia 21 estava na balada política em Brasília.

Balada política-eleitoral
em que Dona Micheque recebeu uma semijoia, quiçá bijuteria: a presidência do PL Mulher, objeto voador identificado como um vale-transporte destinado a levá-la em caravana pelo País.

Como numa versão maléfica
da Caravana Rolidei, do filme “Bye Bye Brasil”, a dama em questão seria a rumbeira Salomé em trajes evangélicos, enquanto o ex-capitão seria o Lorde Cigano com artimanhas multiplicadas por mil, Brasil a fora.

Nesse elenco mambembe
precisam preenchimento os papéis de Andorinha, Ciço, Dasdô... e outros tantos; mas, com um acervo de 58 milhões de votos a preservar não faltarão atores e atrizes para ocupar esses postos. O circo está armado.

No circo do PL-M
duas cenas bizarras chamaram a atenção: as lágrimas de crocodilo do autoexilado, e a passagem-relâmpago do Zero-Um pelo picadeiro. Foi cancelada uma participação da deputada do fuzil, Julia Zanatta.

Rolaram lágrimas do mito
quando ele balbuciou algo sobre a “dificuldade” ou “sofrimento” de “viver longe da familícia”. Ora, e por que não volta? Não foi emitido ainda sequer o primeiro mandado de prisão, talkey? Vai ficar de mimimi até quando?

Dona Micheque, nesse capítulo, teria ficado com os olhos rasos d’água – talvez por imaginar voltar a conviver no mesmo espaço com um traste tão mitológico. Mas se a saudade ressuscitou, alguém vai pagar nova passagem para ela.

E o senatorial Zero-Um?
Recebeu a querida madrasta, conduziu-a ao centro do palco e deu no pé, inexplicavelmente. Zero-Três ficou por ali, sem discursar. Zero-Dois, o vereador federal internacional, não teve presença registrada pela mídia presente.

Enfim, a Caravana Rolidei do Mal
esquenta as turbinas, remenda a lona do circo, encera o picadeiro, põe graxa nas dobradiças dos alçapões. Distinto público: o espetáculo já começou! O estrelo principal, mais cedo ou mais tarde, dará o ar de sua desgraça! E já está escolhida a praça para a primeira apresentação – Maceió.

HOJE NA HISTÓRIA



23 de março de 1553
– Duarte da Costa chega no Brasil para assumir o governo-geral, em substituição a Tomé de Souza, passando a ser assim a segunda pessoa a desempenhar essa função na colônia. Trouxe consigo 250 pessoas, inclusive seu filho, Álvaro da Costa, e os padres jesuítas Antônio da Nóbrega e José de Anchieta.

Os cinco anos de sua gestão não foram lá coisa boa, a começar pela briga permanente com o bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, e pela incapacidade de evitar a ocupação francesa no Rio de Janeiro, em 1555.

Dom Pero Fernandes Sardinha foi o primeiro bispo a ser nomeado para o Brasil e aqui aportou em 1551. Dois anos depois, quando o segundo governador-geral chegou, as duas autoridades se estranharam. Duarte acusava o bispo de autoritário e divergiam quando à destinação dos recursos arrecadados pelas paróquias e no item “escravização de índios”; Dom Pero detonava o governador e seu filho, Álvaro da Costa, especialmente este, por um rosário de delitos.

Em 1956, Dom Pero é chamado à Lisboa, onde pretende botar pra quebrar na dupla da Costa. Embarca na nau Nossa Senhora da Ajuda, saindo de Salvador no dia 1º de junho de 1556, mas nunca chegará a Portugal, pois a embarcação teria naufragado nas imediações da foz do Rio Cururipe, em Alagoas, e o prelado teria sido devorado pelos índios da localidade, nossos Caetés (em cuja folha corrida não consta a antropofagia), e suas denúncias sumiram junto.

Duarte da Costa é substituído, em 1558, por Mem de Sá, que expulsa os franceses. E não se falou mais nas acusações contra Duarte e Álvaro da Costa, que voltaram a viver em Portugal.