Enio Lins

Mais médicos: vale a pena ter de novo

Enio Lins 21 de março de 2023

Anunciado o retorno do programa Mais Médicos, uma das medidas mais felizes do atual governo Lula, devolvendo à população menos favorecida, especialmente às comunidades distantes dos centros urbanos, um atendimento médico efetivo.

Em minha opinião
o correto mesmo seria imediatamente restabelecer o contrato com os médicos cubanos, indiscutivelmente a experiência de maior sucesso nas edições anteriores. Sei da carga ideológica dessa contratação, mas isso também precisaria ser enfrentado.

Uma das questões
mais simples e, contraditoriamente, mais complexas, é o deslocamento de profissionais da Medicina para regiões ermas e desprovidas de infraestrutura. Drama antigo, que esbarra na resistência generalizada à interiorização.

Como se sabe, esse programa foi criado em 2013, pela presidenta Dilma, e foi um grande sucesso, o que provocou a ira dos setores mais elitizados e corporativistas. O projeto foi sendo aperfeiçoado, mas, depois do impeachment, relegado.

Uma década depois, a versão 2023, segundo o Ministério da Saúde, “deve priorizar não só a contratação de médicos brasileiros, mas também outros profissionais de saúde como dentistas, enfermeiros e até assistentes sociais”. Aplausos!  para liberar também a contratação de outros segmentos, como psicologia... afinal o Brasil é um país onde 44% acredita no risco comunista e 58 milhões de pessoas votaram num energúmeno que faz arminha com os dedos.

De acordo com a Presidência da República, serão simultaneamente realizadas melhorias “no Sistema Único de Saúde com investimento em reforma de unidades básicas do SUS”. Levanta-se também a hipótese de incentivos de permanência a esses profissionais nos municípios para onde foram contratados pelo programa – o que é outra ótima ideia.

No balanço feito do Programa
durante a gestão Dilma, consta que o Mais Médicos foi responsável por “100% da atenção primária em 1.039 municípios, contratou mais de 18 mil profissionais e beneficiou 53 milhões de brasileiros”.

São números impressionantes
, de fato. E não se pode esperar menos desta terceira gestão Lula, pois o fator experiência acumulada precisa ser considerado e cobrado, até porque em uma década o Brasil se deteriorou muito em termos sociais.

Agora é acompanhar e torcer
para dar certo novamente – e estudar como estão os cursos de formação em ciências da saúde, enfermagem e correlatos. A demanda cresce em progressão geométrica e a oferta precisa acompanhar, conforme rezam as  tais leis do mercado.

Hoje na História

Oiticica com moradores da Mangueira vestindo seus parangolés, em foto de divulgação do filme “Hélio Oiticica”, de César Oiticica Filho


22 de março de 1980
– Hélio Oiticica, artista revolucionário dos anos 60/70, morre aos 43 anos incompletos, em decorrência de um AVC, deixando uma obra tão marcante como incompreendida (ainda hoje).

Bisneto do alagoano Francisco de Paula Leite e Oiticica (1853/1927), político notável a seu tempo, era neto do professor José Oiticica(1882/1957), célebre intelectual e uma das principais referências do Anarquismo no Brasil. Desse avô deve ter herdado a veia iconoclasta e revolucionária.

Carioca da gema, Hélio Oiticica sacudiu os padrões das artes plásticas desde o final dos anos 50 e, em 1967, lançou a publicação “A Declaração de Princípios Básicos da Nova Vanguarda”, texto em que teorizou sobre os desafios para a arte contemporânea.

Um de seus experimentos mais comentados está ligado à concepção, criada por ele, em 1964, dos “Parangolés”, obras que eram vestidas em momentos performáticos e que posteriormente geraram as “Manifestações Ambientais” essas realizadas em pareceria com a comunidade do Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro, onde colaborava com a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira desde 1960.

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