Enio Lins

O mal segue encarnado no mau mito

Enio Lins 21 de março de 2023

No final do ano passado, ainda na onda de euforia pela vitória da chapa Lula & Alckmin, pulularam análises dando conta de que Jair B estaria acabado e o foco das forças democráticas deveria ser a “extrema-direita e a direita”. Avaliação pueril, infantil mesmo.

Essas teses insistiam
que não se deveria mais citar o “mito morto politicamente” pois a “extrema-direita” e a “direita” já estavam de olho num nome substituto. O fujão findo, (pretensamente) imerso no esquecimento inevitável.

Nessa onda
, Mourão se animou, Moro imaginou renascer, Micheque revirou os olhinhos. Em vão. O fujão segue sendo o cão do segundo livro. Ninguém como ele representa a maldade contida na alma brasileira, simples assim. Jair é Gog e Magog num gole só.

Jair e a direita
mais tresloucada têm consciência que o nome catalizador da podridão nacional é o dele mesmo. Só tem um, ele. Fora o ex-capitão, para os próximos pleitos, não existem chances para essa banda podre.

Nesses dias,
Dona Micheque leva lapadas familiares por conta dessa ilusão. Alçada à condição de pré-candidata a alguma coisa em 2026, entusiasmou-se e voou da gaiola de ouro em Orlando, no dia 27 de janeiro, para vir pairar sobre o solo político brasileiro.

Segundo o site 247
, o PL, partido que detêm o passe da ex-primeira-dama-da-corte, foi ameaçado pelo ex-capitão, caso a vistosa senhora continuasse a “jair sendo” estimulada à pretensão eleitoral. Um megaevento da sigla foi cancelado.

Acuada, a moça
dos diamantes árabes, no dia 14, bateu asas de volta para a alcândora no condomínio Encore Resort, em Orlando, onde pousou e posou para uma foto sentada no colo do marido oficial (que não disfarçou certa repugnância).

Jair não renunciará
ao posto de candidato a ditador, pois é aglutinador único da ruindade nacional. Micheque foi abatida no ar pelo fogo familiar antes mesmo de ganhar altitude; Moro e Mourão ainda são teco-tecos de aeroclube.

Em resumo
: descartem mudanças no vernáculo, pois o certo é jair mantendo no alvo o mesmo facínora eleito por conta de uma facada, quase reeleito esfaqueando a Democracia, e permanentemente afiando o punhal para novos golpes.

Jair prossegue
como o comandante supremo da antidemocracia, da antiética, do anti-humanismo. Continua marechal-da-covardia, persiste como o principal indutor da violência no Brasil. E assim precisa ser entendido, tratado e combatido. Sem tréguas.

HOJE NA HISTÓRIA

Carteira Profissional nº 000001, de Getúlio Dornelles Vargas


21 de março de 1932 – Getúlio Vargas cria a Carteira de Trabalho, ou Carteira Profissional, ato que representou um enorme avanço social para o País. Naquele tempo, o regime escravocrata, que foi a marca absoluta na exploração da força de trabalho no Brasil desde o século XVI, havia sido extinta há apenas 44 anos e suas cicatrizes ainda estavam muito abertas.

Desarticulados, os trabalhadores sobreviviam expostos à própria sorte, sendo os movimentos trabalhistas reprimidos duramente. Com o golpe de 1930, uma parcela antes marginalizada das classes dominantes brasileiras chega ao poder, desbancando a antiga “política café-com-leite” que revezava oligarcas paulistas e mineiros no comando do País. As demais oligarquias que tomaram a república procuraram se modernizar e a concessão de direitos trabalhistas se baseava na experiência fascista italiana, de ceder benefícios como forma de impedir o avanço da esquerda entre as chamadas “classes laboriosas”.

Porém, mesmo com esse objetivo dominador, alguns dos avanços do período varguista – hoje chamados de “populistas” –,como a Carteira de Trabalho, foram reais, e inegavelmente positivos. Pelo menos até a instalação do fascistóide “Estado Novo”, em 1937, a direita dos anos 30 brasileira deu provas de inteligência e de habilidade política.