Enio Lins

Caminhando para os 100 dias, e cantando

Enio Lins 14 de março de 2023

Tão avassaladora tem sido a enxurrada dos malfeitos do Jair que a atenção da mídia tem se dedicado menos que deveria ao início da gestão Lula, que já gastou 73 dos emblemáticos primeiros 100 dias de governo.

Apois vamos apontar
, nestas humildes linhas, a lanterna para esse comecinho de caminhada, e opino: Lula tem sido vitorioso nos principais desafios, o que é muito bom para todo o País e não apenas para petistas e congêneres.

Listo três das provas-de-fogo,
principais, mortais mesmo, desse tempo inicial de governança: costurar uma base parlamentar sendo minoria; reoneração do preço dos combustíveis; a terceira? a picanha prometida, ôxe.

Prova um:
como disse o presidente da Câmara Federal, no dia 6 deste mês, “o governo não tem força para aprovar matérias simples, quanto mais textos que demandam alteração constitucional”. Lira foi óbvio. Ulula que as siglas aliadas ao presidente eleito não elegeram um número confortável de nomes para chamar de seus. Construir uma base parlamentar é dever de casa de qualquer Chefe de Governo, até quando sai das urnas com aparente maioria no Congresso. Talvez a diferença esteja na quantidade de cascas de banana, sempre colocadas em maior quantidade no caminho de Luiz Inácio, mas o fato – inegável – é que Lula está garantindo apoio parlamentar nas questões essenciais.

Prova dois:
A desoneração, ou seja, a retirada dos tributos dos preços dos combustíveis, foi um golpe baixo do governo anterior com duplo objetivo: baixar artificialmente os preços (impulsionados pela própria dupla Jair/Guedes), e torpedear os governos estaduais que, em sua maioria esmagadora, não apoiaram as irresponsabilidades do mito – que, nessa retaliação, surrupiou dos Estados recursos importantes para o fechamento das contas. Devolver esses tributos a quem de direito era, e é, uma ação muito perigosa. Literalmente é como desarmar uma bomba poderosa sem quaisquer equipamentos de proteção. Pois essa missão, em sua primeira parte, foi realizada com sucesso, sem explosões.

Prova três:
Os preços da carne tiveram a maior queda em 15 meses! E qual corte sofreu o maior baque? Picanha. O recuo médio, de 1,22%, nos valores cobrados é importante por confirmar a possiblidade real de ser detida a escalada de preços em produtos essenciais; e a emblemática picanha, referência nacional para um bom churrasco, baixou 2,63%.

Resumindo: tá bom, mas queremos mais. O povo merece e fez o L para isso mesmo.

Hoje na história


14 de março de 1937
– Publicada, pelo Papa Pio XI, a carta encíclica “Mit brennender Sorge”, condenando o Nazismo. Dias depois, o mesmo pontífice edita a “Divini Redemptporis”, atacando o comunismo (o que não era novidade) como forma de “equilibrar o jogo”.

Mas o nó mesmo foi a lapada no nazifascismo, pois a Santa Sé, como se sabe, é plantada em Roma, e Mussolini havia chegado ao poder na Itália em 1922, se tornado ditador em 1925, posição autoritária recrudescida a partir de 1936. Sobreviver em Roma, contradizendo ao Duce, não era moleza mesmo para um papa.

Pio XI determina a impressão em alemão da “Mit brennender Sorge” (“Com ardente preocupação”), ato invulgar até aquele momento em termos de documentos semelhantes, sempre escritos em latim; e o Vaticano providencia o envio desse material, tido como subversivo pelo III Reich, para a Alemanha. Hitler considera a carta papal um ataque pessoal e retalia contra as lideranças católicas alemãs.

Apesar de criticada, especialmente pela atuação do Papa Pio XII (sucessor de Pio XI), insiste-se, deve ser considerada a localização do Vaticano, como Estado (desarmado) incrustado no território italiano fascista; e a ousadia em publicar um documento contra Hitler no auge do nazifascismo na Europa, às vésperas da II Grande Guerra Mundial. Valeu, 11º Pio!


Leia mais em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mit_brennender_Sorge