Enio Lins

Os diamantes são eternos, especialmente quando propina

Enio Lins 07 de março de 2023

Como não poderia deixar de ser, chamou muito a atenção a notícia sobre a tentativa do Jair, ainda aboletado na presidência da República, de dar uma rasteira na Receita Federal e abocanhar um “brinde” cujo valor ultrapassa a casa dos R$ 16 milhões.

“Brinde”
esse que consiste num conjunto de joias recheadas de diamantes e, oficialmente, originárias de potentados árabes, muamba retida pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Como se sabe,
presentes recebidos pelo presidente da República, pela primeira-dama, ou por autoridades em missão são propriedades do Tesouro Nacional. Jair sabia disso e por isso o tal butim estaria chegando escondido. Descobriram.

Jair fez de tudo
, pelo menos oito tentativas, de “salvar” os diamantes que teriam sido endereçados à sua “conge”, Miss Cheik. Mas a Receita Federal segurou a barra e o pacote.

Muitas são
as informações cabeludas que seguem pipocando, inclusive um outro pacotaço de joias declarado um ano depois de sido recebido em silêncio. Mas, relativamente, seriam miudezas, mesmo milhões de reais.

Miçangas
são se comparadas aos valores que os sheiks árabes teriam colocado sob suas túnicas com a compra da refinaria brasileira Landupho Alves, por um precinho considerado como metade do valor mínimo de mercado.

Segundo o
Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos de Petróleo (INEEP), o valor da refinaria Landuplho Alves oscilaria entre US$ 3 bilhões e US$4 bilhões. Em novembro de 2021, o time Jair Messias passou-a adiante por US$ 1,65 bilhão.

Que representam R$ 16 milhões
frente a um ganho de US$ 1,35 bilhão (considerando o valor mais baixo) ou US$ 2,35 bilhões? E mais, diamantes não se multiplicam, enquanto a refinaria é uma fonte de lucros contínuos, uma verdadeira fábrica de dinheiro.

Precisa ser investigada
a relação dos diamantes presenteados pelos sheiks com a refinaria presenteada aos sheiks, este troca-troca é o que mais interessa esclarecer nesse caso.

Vender uma refinaria
de petróleo, supostamente, pela metade do seu valor mínimo, é um crime de lesa-pátria e necessita ser encarado e apurado como tal. Sendo um agravante tal espoliação ter ocorrido nas circunstâncias em que foi realizada.

Em meio a
uma crise nos combustíveis, com o preço ao consumidor pegando fogo, a perda de bens essenciais como refinarias é algo maior que um erro ou mero ato de corrupção – tem de ser considerada a hipótese de crime, e grave, contra a economia nacional.

HOJE NA HISTÓRIA


7 de março de 1876
– Patenteado, nos Estados Unidos, um invento chamado “Telefone”, definido como “aparelho eletroacústico que permite a transformação, no ponto transmissor, de energia acústica em energia elétrica; e, no ponto receptor, essa energia elétrica é transformada novamente em acústica, permitindo desta forma a troca de informações (através da fala) entre dois ou mais usuários (...)”.

Concedida, a patente gerou posteriormente uma disputa com o inventor italiano Antonio Meucci, que havia criado, 16 anos antes, um “telégrafo falante”, cuja experimentação foi reportada por um jornal novaiorquino em 1860.

Em 1877 a invenção já chegava ao Brasil, tendo sido o Imperador Pedro II uma das primeiras pessoas a testar o equipamento durante sua visita à Exposição Internacional da Filadélfia, quando ficou famosa a reação do monarca, que se assustou e disse “essa coisa fala!!”.