Enio Lins
Melhor tirar logo a laranja podre do meio das frutas sãs
Fernando Collor, segundo presidente do período pós-ditadura militar, extinguiu o famigerado SNI (Serviço Nacional de Informações) no primeiro dia de seu mandato, 15 de março de 1990.
Evidentemente que todo país necessita de organismos de inteligência (vocábulo bonito para a velha e má espionagem), mas o problema em países mais vulneráveis ao autoritarismo é que essas agências se contaminam fácil.
Na redemocratização, o caso do SNI era mais grave, pois havia sido gerado no intestino grosso do regime militar, e veio das trevas menos de três meses depois do golpe de 1º de abril de 1964, substituindo órgãos parecidos, porém mais acanhados.
Coroava o finado SNI uma teia de serviços de espionagem, onde se entrecruzavam órgãos próprios em cada arma (CENIMAR, na Marinha; CIEX, no Exército; CISA, na Aeronáutica) e até as universidades tinham sua Gestapo: as AESI.
Sem ilusões, é importante entender que esses instrumentos não desaparecem no ar, e mais cedo ou mais tarde, eclodem das cinzas – e nem sempre de forma disfarçada. Mas é fundamental que sejam desarticuladas quando seus vícios forem além da conta.
Só a desarticulação momentânea já é importante, oxigenando a Democracia com a desarrumação de estruturas que estejam corrompidas pelos hábitos de gestores cujas personalidades sejam incompatíveis com as normas mínimas de civilidade.
É o caso do GSI e da ABIN herdadas de Jair Messias, General Helenão e outros animais pouco racionais: estão contaminadas gravemente; precisam de uma profilaxia ampla, geral e irrestrita, mais parecida com a de 1990 – sim, aquela vassourada do Collor.
Foi noticiado que a ABIN passaria do GSI para o Gabinete Civil. Sei não... transferir o lixo de um balde para outro no mesmo espaço, quando o recipiente fede? Melhor seria descartar a lata com o conteúdo junto. Uma nova caixa pode se encher novamente, mas ganha-se um tempo.
Grande é a dificuldade do governo Lula & Alckmin em arrumar a casa depois da República ser estropiada por Jair e seu gado. O subvertido em quatro anos de vagabundagem exigirá muito mais tempo de reconstrução do que supõe a vã filosofia das soluções rápidas, daí o cuidado em ceifar logo as ervas daninhas.
Enfim, é uma preocupação e uma reflexão que não afetam o ânimo nem a aposta em que o Brasil sairá da fossa em que foi jogado pelo bolsonazismo. Nessa área mais viciada, é fazer como diz a filosofia popular sobre o pescador: um olho no peixe, um olho no gato.
Hoje na História
3 de março de 1913 – Realizado em Washington DC, a primeira grande manifestação política de rua na capital americana, a Procissão pelo Sufrágio Feminino, reunindo perto de dez mil mulheres. Promovida pela National American Woman Suffrage Association o ato foi organizado como um desfile com efeitos visuais, com alas organizadas e carros alegóricos.
A manifestação foi programada para o dia anterior à posse de Woodrow Wilson na presidência dos Estados Unidos, a quem era endereçada a reivindicação de que as mulheres tivessem o direito de votar. 20 anos antes, em 1893, o voto feminino havia sido aprovado na Nova Zelândia (nacionalmente) e, no mesmo ano, o estado americano do Colorado adota o sufrágio para mulheres. Nos anos seguintes, outros estados americanos reconheceram esse direito, mas não era lei nacional. Isso só viria a acontecer em agosto de 1920.
No Brasil, as mulheres só conquistariam, nacionalmente, o direto ao voto em 24 de fevereiro de 1932, embora no Rio Grande do Norte esse avanço já era lei desde 25 de outubro de 1927, sendo a potiguar Celina Guimarães a primeira mulher a receber o título de eleitora no Brasil e na América Latina. No mesmo estado, na cidade de Lages, foi eleita a primeira prefeita do Brasil, Alzira Soriano, em 1928.
Leia mais em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Prociss%C3%A3o_do_Sufr%C3%A1gio_Feminino
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/voto-feminino-no-brasil.htm
https://dialogosessenciais.com/2015/03/06/a-conquista-do-direito-ao-voto-feminino-nos-eua-resumo-1840-1920/
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.