Enio Lins

Do mal, do Val reflete o mau capitão

Enio Lins 07 de fevereiro de 2023

Inexpressivo parlamentar da bancada bolsonarista, em live veiculada no dia 2 deste mês, denunciou que o “mito” – ele mesmo, o Jair Fugindo – o havia “coagido” para participar de um golpe. No dia seguinte se desdisse, metendo os pés pelas mãos.

Não-sei-o-que-do-Val
, “influencer” eleito em 2018 pelos currais bolsonarianos, teve seus 15 minutos de fama extra ao copiar manobra típica de seu capitão-fujão: afirmar algo bombástico e negar em seguida, deixando versões contraditórias no ar.

Essa tática é a cara do Jair
Correndo desde os idos de 1987, quando ele (o mito), entregou à revista Veja croquis feitos de próprio punho para comprovar suas ameaças terroristas. Na sequência, negou o que tinha declarado e desenhado.

Esse procedimento
é marca registada do falso messias, e se baseia em sua visceral covardia – que do Val, o seguidor, copiou fielmente. Covardia + mentira + golpismo é o tríplice mantra do bolsonarismo. A confiança na impunidade garante a repetição das aratacas.

Homiziado nos Estados Unidos
desde dezembro do ano passado – depois de quase 60 dias se dissolvendo em lágrimas pela derrota em 30 de outubro –, Jair fugiu do país, mas não abandonou a ideia fixa do golpe em benefício próprio.

Golpe que foi tentado
mais de uma vez no curso de seu mandato presidencial, sendo o momento mais marcante da resistência (da direita) militar ao golpismo a renúncia dos comandantes das três armas em 30 de março de 2021.

Patéticas foram as investidas
de parte do comando militar bolsonariano contra as urnas eletrônicas, em mais um ensaio golpista – antes das eleições, quando as pesquisas confirmavam a tendência de derrota do jairresponsável.

Golpistas
foram as muitas tentativas de tumultuar e desmoralizar o processo eleitoral eletrônico brasileiro, cujo ponto mais baixo foi a ridícula proposta de anulação das urnas em que Lula teve maior número de votos.

Falar do dia 8?
Nem precisa. Foi o dia da vergonha internacional para o Brasil, com a multidão de terroristas – organizados e financiados por bolsonaristas, com apoios expressivos nos comandos militares – depredando loucamente as sedes dos três poderes.

Golpe, golpe, golpe.
Jair e rebanho ruminam essa ideia diuturnamente, pateticamente. Passaram a viver para isso, por isso. Embora risível, a atabalhoada tentativa do Fulano do Val comprova que essa facção criminosa não desiste nunca.

Hoje na história


7 de fevereiro de 1497
– Arde a primeira “Fogueira das Vaidades”, em Florença (Itália), queimando em praça pública bens considerados estimuladores do pecado, num movimento inspirado pelas pregações ascéticas e radicais do padre Savonarola.

Girolamo Savonarola era um frade dominicano, místico e de grande poder de convencimento. Seus contagiantes sermões ao ar livre propagavam a crítica à vaidade e ostentação, espalhando o conceito de pecado para coisas como perfumes, pinturas, esculturas e livros.

Muitos bens culturais viraram cinzas na sequência fanática das Fogueiras das Vaidades que incineravam quadros, manuscritos, instrumentos musicais, espelhos, pentes, cosméticos, sedas, brocados; escritos de Boccacio, Dante, Ovídio...

O furor incendiário prossegue até 13 de maio do mesmo ano, quando o Papa Alexandre VI (pense num cara que amava o luxo e a esbórnia) excomungou o padre antivaidade. Savonarola foi executado dez dias depois, e seu corpo despachado à fogueira.

Após a execução de Girolamo Savonarola, o Santo Padre Alexandre VI determinou que quem tivesse algum escrito do condenado o entregasse num prazo de quatro dias para que esse material fosse, por sua vez, encaminhado ao fogo.

Girolamo Savonarola, em quadro de Frei Bartolommeo – Museu de San Marco, Florença