Enio Lins

Povos originários e a lembrança do exemplo de Noel Nutels

Enio Lins 27 de janeiro de 2023

Noel Nutels, assim como Cândido Rondon e os Irmãos Vilas Boas, não pode ser esquecido. Especialmente numa quadra de tempo em que o Brasil (do bem) se choca com a tentativa de genocídio contra o povo Yanomami.

Nascido no ano de 1913
, em Ananiev, Odessa – na época Império Russo, e hoje cenário ucraniano que a Rússia quer recuperar –, Noel veio para o Brasil logo depois da I Guerra Mundial, juntamente com a família que buscava uma região onde judeus pudessem correr menos riscos. Os Nutels desembarcaram em Recife e, em seguida, se mudaram para a cidade alagoana de São José da Laje, onde montaram uma mercearia.

Menino lajense, Noel
é descrito, em ficção, no romance “A Majestade do Xingu”, do grande Moacyr Scliar. Formou-se em Medicina no Recife e depois de uma passagem por Botucatu, embrenhou-se pelos sertões pela vereda da Expedição Roncador-Xingu. E até morrer cuidou da saúde dos povos originários.

Em 1931, Nutels
engajou-se no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e em 1957 criou o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas. Em 1963 foi nomeado para dirigir e reestruturar o SPI (o órgão apresentava desvios de sua missão), mas o golpe militar em 1964 não permitiu a reorganização em bases humanistas, demitiu Noel Nutels e ocupou a instituição com militares golpistas.

Noel Nutels morreu em 1973
, mas seu exemplo de dedicação e parceria com os povos originários serve como exemplo até hoje. É referência de medicina humanizada e respeitadora das particularidades das populações nativas.

Há alguns dias
, quando foram divulgadas imagens de helicópteros militares levando alimentação para os yanomamis, militantes bolsonaristas postaram agressões e críticas à FAB pela iniciativa, em mais uma prova do quão sebosa é a alma bolsonariana. As aeronaves, além de cumprirem uma missão honrosa e digna, fizeram recordar a grande iniciativa de Noel Nutels, o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas – corporação cada vez mais indispensável para se acessar as tribos dispersas na imensidão amazônica.

A defesa da Amazônia brasileira
exige atuação ainda mais intensa das Forças Armadas. Não só na reestruturação dos serviços médicos aéreos, mas – principalmente – em parceria com a Polícia Federal, no combate direto ao tráfico, ao garimpo ilegal, aos madeireiros ilegais. Os quatro anos de desgoverno federal bolsonarista fizeram um estrago homérico nessa área e isso precisa ser compensado imediatamente.

Hoje na História

Judeus libertados do campo de extermínio nazista de Auschwitz em confraternização com soldados soviéticos

27 de janeiro de 1945 – O Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio dos nazistas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia no local (texto do site alemão Deutsche Welle).

Num ótimo resumo do acontecimento histórico, a reportagem do DW diz “As tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, na Polônia, na tarde de 27 de janeiro de 1945, um sábado. A forte resistência dos soldados alemães causou um saldo de 231 mortos entre os soviéticos. Oito mil prisioneiros foram libertados, a maioria em situação deplorável devido ao martírio que enfrentaram”, pois “Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Em suas câmaras de gás e crematórios, foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio (...)”.

Auschwitz virou o principal símbolo de política genocida e da aplicação da terrível “solução final” para a população judaica. Na esteira da derrota militar, os equipamentos de assassinato em massa nazistas foram sendo descobertos e ainda hoje chocam o mundo.

Leia mais em:

https://www.dw.com/pt-br/1945-liberta%C3%A7%C3%A3o-do-campo-de-concentra%C3%A7%C3%A3o-auschwitz-birkenau/a-1465691