Enio Lins

Mais um genocídio anunciado, e executado, pelo mito

Enio Lins 24 de janeiro de 2023

Pelas fotos é inegável a semelhança entre pessoas judias aprisionadas nos campos de concentração nazistas e ianomamis depois de quatro anos de abandono pelo governo bolsonarista. Corpos esquálidos, pele e ossos.

Parece que a diferença
entre os campos de extermínio de Hitler e os campos ianomamis, vítimas da política de inanição do bolsonarismo, é a tentativa do Jair Genocida de economizar o dinheiro para construção das câmaras de gás e os fornos crematórios – no mais, o horror da morte de uma etnia pela fome (provocada) é o mesmo.

Mais uma vez
a desprezível criatura que presidiu o Brasil por quatro funestos anos faz jus ao epíteto “genocida”. É um matador em série, covarde, atuando sempre no sentido de comprovar seu próprio infeliz dito que teria sido “treinado para matar”.

Jair Genocida
, enquanto deputado federal pelo PPB (sigla transmutada depois no PP), em discurso proferido no dia 15 de abril de 1998, deixou escapar, do fundo de sua alma sebosa, a seguinte frase: “Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no seu país”.

A defecação verbal do falso Messias
foi parte de um pronunciamento sobre “o problema” das demarcações das terras indígenas. O miserável tentou – como é de seu histórico de covarde – corrigir a desumanidade dita antes, desdizendo-se que “não defendia isso para o Brasil”. Coisa de canalha, tentando amenizar o que sabe ser uma fala criminosa.

A visão “messiânica
” da cavalaria dizimadora foi o que o genocida Jair projetou como morte real, a galope, contra a população ianomani, e fez isto acontecer entre 2019 e 2022. Os números são imprecisos, mas os fatos, nas fotos, saltam aos olhos. Puro terror.

O socorro imediato
está sendo providenciado, em mais um acerto do início do governo Lula/Alckmin. Mas o grau da desnutrição coletiva é tão alto que muitas vidas não poderão ser salvas, mesmo com o socorro que está sendo prestado a partir de agora. Uma das índias retratadas em estado de subnutrição profunda morreu pouco tempo depois de receber os primeiros cuidados médicos e se consolidou como imagem da tragédia ianomami.

Além do socorro
imediato e da assistência continuada, o governo federal precisa fazer o que o desgoverno bolsonarista não fez: atacar as causas desse extermínio, que são o garimpo e o desmatamento ilegais. Taí um objetivo estratégico para as forças armadas, – enfrentar, na floresta amazônica, as milícias armadas do garimpo ilegal e do desmate ilegal. Selva!!


Ilustração do site movimentorevista.com.br

24 de janeiro de 1835 – Eclode, em Salvador, a Revolta dos Malês. Escravos africanos de religião muçulmana, se estima que conseguiram mobilizar cerca de 600 pessoas escravizadas (que sabiam ler e escrever em árabe, língua onde fizeram suas anotações e convocações para a rebelião).

“Malê” ou “Imalê” é sinônimo de “muçulmano” e o grupo era conhecido igualmente pelo termo iorubá “Nagô”, e foram traficados do litoral dos atuais territórios do Benin, Togo e Nigéria, se diferençando dos povos quimbundos (Angola, Moçambique e África do Sul) que formam as primeiras levas de escravizados, esses praticantes das religiões tradicionais africanas e/ou do cristianismo.

A insurreição estava marcada para 25 de janeiro, mas vazou. O pau quebrou mesmo na véspera do dia da comemoração católica de Nossa Senhora da Guia, data escolhida por razões estratégicas, mas a referência mesmo era o Ramadã, período sagrado para os Islâmicos.

Segundo o historiador João José Reis, a rebelião teve oito líderes: Ahuna, Pacífico Licutan, Sule ou Nicobé, Dassalu ou Damalu, Gustar, Manoel Calafete (liberto), Luís Sanim; e Elesbão do Carmo ou Dandará.

Os participantes da Revolta dos Malês foram na sua maioria nagôs, mas sabe-se também que o levante contou com a participação de africanos haussás e tapas. A maioria dos envolvidos era muçulmana, mas muitos também eram adeptos de religiões de matriz africana”, diz o Brasil Escola.

E complementa: “As punições contra os envolvidos foram severas e alcançaram até os libertos que não se envolveram com a dita revolta. Os punidos sofreram com a prisão, o açoite, a deportação e a execução. Ao todo, quatro dos envolvidos foram condenados à morte [executados por fuzilamento]: Jorge da Cruz Barbosa (Ajahi), Pedro, Gonçalo e Joaquim.

Leia mais em:

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolta-males.htm

https://movimentorevista.com.br/2018/01/183-anos-da-revolta-dos-males/