Enio Lins

O papel e o exemplo histórico da Justiça brasileira

Enio Lins 18 de janeiro de 2023

O mundo gira, a fila anda, e os processos vão se encorpando contra um bocado de bolsonaristas responsáveis pelo domingo de terror, vandalismo e tentativa de golpe de estado. Não se pode perder tempo, mas também não é possível fazer as coisas com aperreio.

Rapidez, eficiência
, rigor, dureza – e coragem – são algumas das principais atitudes nessa hora de afirmação do Estado Democrático de Direito, pois esse é o momento histórico mais importante desde que Tancredo Neves foi eleito, indiretamente, como presidente do Brasil, encerrando o clico danoso de 21 anos de ditadura militar.

Nem o estresse
registrado quando da decisão se Sarney, vice-presidente eleito, tomaria posse no lugar do presidente Tancredo (à beira da morte) – discussão jurídica cercada pela pressão da extrema-direita militar contra a Redemocratização –, em 1985, trouxe tanto perigo e tanta ignomínia ao País como os vagabundos ensandecidos do 8 de janeiro de 2023.

Inquéritos e processos precisam
correr com agilidade, mas com segurança absoluta em todos os passos. Procedimentos perfeitos para resultarem em condenações perfeitas, irrecorríveis. A PGR denunciou formalmente as primeiras 39 pessoas pela depredação em Brasília e pediu o bloqueio de bens e valores na ordem de R$ 40 milhões nas contas dos responsáveis pela organização e financiamento do ato de terror.

Prender e cobrar a conta
(em dinheiro) têm de ser ações sincrônicas, pois essa modalidade de crime organizado inexiste sem financiamento pesado. Toda manifestação nazifascista, todo gesto autoritário de massas, toda tentativa de golpe, invariavelmente possui uma poderosa articulação financeira por trás. O rabo cheio de grana é regra para essa turma.

Uma boa investigação
seguindo o dinheirão terrorista, inclusive, pode levar à fontes pagadoras além dos presumíveis empresários fascistóides, alguns já identificados. Quem sabe as milícias e outros formatos do crime organizado não serão encontrados ao final do fio?

Mais uma vez, parabéns
à Justiça brasileira. Não é perfeita, como nenhuma instituição humana o é, mas está sendo perfeita neste momento de extremo perigo que o Brasil está passando, ao agir com firmeza, coragem, agilidade e, algo tão óbvio quanto essencial (visto o malfeito pela quadrilha lavajatista), atuando estritamente dentro da lei, seguindo rigorosamente a Constituição. De novo: Viva à Justiça brasileira!!!

HOJE NA HISTÓRIA


18 de janeiro de 1486
– Elisabeth de York se casa com Henrique VII e se torna rainha-consorte, pois na época uma mulher não poderia ser rainha da Inglaterra, apesar dela ser tão herdeira da coroa quanto ele.

Elisabeth de York era filha do rei Eduardo IV e irmã do rei Eduardo V, sobrinha do rei Ricardo III, este o famoso vilão e assassino retratado por Shakespeare em peça homônima, onde sua mãe (com o mesmo prenome) é personagem de destaque.

Com a derrota de Ricardo III na Guerra das Rosas, o rei passa a ser Henrique VII, que não era parente dela. Para selar a paz entre os dois ramos da nobreza, é negociado o casamento de Henrique com Elisabeth. Detalhe, para herdar o trono, três anos antes, Ricardo III (tio da moça) havia assassinado os sobrinhos, dois irmãos pequenos dela e ela se salvou apenas porque mulheres não herdavam o trono.

Impedida de ser rainha mesmo sendo herdeira e casada com o rei, Elisabeth gerou duas netas rainhas, além do filho, Henrique VIII. As duas primeiras mulheres a serem monarcas na Inglaterra são Maria I e Elisabeth I, netas de Elisabeth de York. Maria I morreu cedo, mas Elisabeth I teve longo e brilhante reinado.

Leia mais em:

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/ricardo-iii-mandou-matar-os-sobrinhos-para-assumir-o-trono-em-1483-confirma-novo-estudo.phtml

https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_de_Iorque

https://www.youtube.com/watch?v=V9UWsn4Pz8E