Enio Lins

Desbaratar a organização criminosa bolsonarista é questão inadiável

Enio Lins 10 de janeiro de 2023

Até anteontem havia quem defendesse a tese de que o bolsonarismo era um movimento político de extrema-direita, e até a absurda fundamentação de que seria uma tendência “nacionalista” era aventada. Mas, no domingo o penico do Jair esborrou, espalhando mundo afora o dejeto que sempre foi.

Enquanto estrutura, o bolsonarosmo é uma organização criminosa. Politicamente se posiciona à extrema-direita, ou à direita, pode ser até do centro quando lhe convém, usa a fraseologia nacionalista como uma tanga de filó para encobrir as partes pudendas. Esse organismo nojento não deve ser entendido como o eleitorado do falso messias, nem mesmo como os partidos que o abrigaram. A política não pode ser criminalizada.

É o bolsonarismo algo além do voto, é uma adesão em massa a um ex-militar que virou miliciano, ex-capitão inimigo da hierarquia e da disciplina, cidadão visceralmente covarde, político profissional demagógico envolvido em esquemas de corrupção (a rachadinha é a pontinha do iceberg). Não poderia dar noutra coisa, é um ser que nem evoluiu, apenas inchou – como um baiacu do mal. Não podia, nem pode, ser diferente.

Mesmo escondido na Disney ou na lua, o mito é a inspiração, a motivação da enorme quadrilha formada em torno de seu nome. Dele vem a orientação, mesmo sob aparente silêncio. O núcleo intermediário, centro dirigente da Organização Criminosa, conforme se apresenta sem pudor nem temor, é formado pela família (os filhotes 01, 02, 03 e 04), por financiadores endinheirados, e por integrantes deletérios nas polícias e nas forças armadas.

Para a vandalização de Brasília, no domingo, as hordas bolsonazistas tiveram apoio – às vezes discreto, às vezes explícito – de parte das forças policiais, de parte das autoridades constituídas, de parte do empresariado, e de alguns veículos de mídia aberta. Não foi uma ação tresloucada de milhares de vagabundos que se articularam por si mesmos. A operação criminosa foi urdida centralmente manu militari, tecida com método, farto financiamento, estrutura de segurança logística e plena confiança da impunidade.

Ninguém se iluda: novos atos terroristas estão no forno, alguns anunciados, como os bloqueios às refinarias. Caso a reação do Estado de Direito à barbárie de Brasília não seja dura e exemplar, à altura da agressão sofrida, e se a organização criminosa bolsonarista não for desbaratada, o Brasil viverá anos sob o terror de uma extrema-direita miliciana que hoje, sem dívida, é a maior do mundo.

NOTAS

# Caras e bocas alagoanas estiveram também na vagabundagem contra a Democracia em Brasília, e se autoidentificaram nas redes.

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Repito: a vagabundagem bolsonarista, agressora da Democracia, não pode ser confundida com o eleitorado do Jair– o voto é livre e soberano.

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Voto não agride a Democracia, nem o voto no Jair, isso precisa ficar claro. Pedir golpe e depredar o patrimônio público é crime. Simples assim.

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Os Poderes Constituídos em Alagoas precisam estar atentos à infiltração da milícia bolsonarista no Estado, especialmente nas Polícias.

HOJE NA HISTÓRIA


10 de janeiro de 1917
– Morre Buffalo Bill, aventureiro americano e figura popular que transformou o “velho oeste” em atração (literalmente) de circo. Depois de cometer o crime ecológico de exterminar milhares de búfalos e ganhar esse apelido, William Cody montou um espetáculo – Buffalo Bill’s Wild West Show – que percorreu os Estados Unidos e vários países, apresentando desfile de cavaleiros, índios, atiradores profissionais e contou, inclusive, com apresentações de personagens autênticos como a fora-da-lei Jane Calamidade e do icônico cacique Sioux Touro Sentado (ele mesmo, o que derrotou o General Custer).