Enio Lins

Momento da dobradinha entre ambientalismo e desenvolvimentismo

Enio Lins 06 de janeiro de 2023

Uma das escolhas mais emblemáticas feitas por Lula para o ministério em sua terceira presidência, é Marina Silva, retornada para a pasta do Meio Ambiente depois de 15 anos de uma ruptura que abalou as forças progressistas.

Em 2008
, ao se afastar do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva cravou uma divergência que segue viva, relativa ao conflito entre desenvolvimento e preservação ambiental, questão candente em todo mundo.

Essa contradição é, logicamente, mais estressada
ainda nos países em desenvolvimento. No Brasil, aquelas divergências existentes em 2008 seguem ativas e potencializadas pelo desastre bolsonarista no setor ambiental.

Retomar essa pauta
com Marina Silva, a mais atuante e reconhecida personalidade política-ambientalista brasileira é mais um gol de Lula, e da própria Marina, na superação dos desentendimentos do passado recente.

Reunidos em torno da governabilidade democrática
, Lula e Marina não voltam àquele ponto de ruptura, e sim dão início a uma nova etapa do enfrentamento governamental das questões da sustentabilidade em um cenário distinto.

Em 15 anos
o Brasil sofreu mudanças intensas no quesito ecossistêmico e os recentes quatro anos de desastrosa anarquia antiecológica bolsonarista impõem uma agenda diferenciada, com medidas emergenciais e mudanças conceituais.

Passou o tempo de passar
a boiada pela porteira escancarada, essa é a mensagem. Retirar os contrabandos quadrúpedes da era bolsonarista da legislação e dos órgãos ambientais é tarefa urgente urgentíssima, prioridade nacional.

Ficou fácil e simples
equilibrar as agendas socioeconômicas e ecológicas? Não. Continua coisa difícil e complexa. Mas, 15 anos depois, o amadurecimento político trabalha a favor, assim como a visão de que o inimigo maior ronda a porteira.

Trabalha a favor dessa certeza
, confirmada pela prática do quadriênio bolsonaroso, de que os setores sãos precisam se unir para o enfrentamento às moléstias do banditismo antiecológico e das milícias que rondam as porteiras.

Enfim, após quatro anos
como pária (também) no quesito ambiental, o Brasil volta ao mundo civilizado. Nem a Faria Lima pode ignorar isso. Nada é tão ruim para os negócios com o primeiro mundo como uma agenda antiecológica.

De novo no mesmo time
governamental, Lula e Marina têm tudo para o refazimento de uma dobradinha de craques nesse jogo contemporâneo tão delicado quando vital: a busca do desenvolvimento com respeito 

HOJE NA HISTÓRIA


6 de janeiro de 1835
– Tem início a Cabanagem, uma das mais importantes rebeliões populares do Brasil, também conhecida como Guerra dos Cabanos e que sacudiu o recém-construído império, tendo como foco a província do Grão-Pará.

Vasto território, o Grão-Pará compreendia os hoje estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia. Essa região, durante a colônia, era administrada diretamente por Lisboa e, nos primeiros anos de independência, teve mais problemas administrativos que as demais regiões brasileiras.

Circunstancialmente, uniram-se as insatisfações da elite local e da enorme população de pobres, estes moradores das cabanas de barro às margens dos muitos rios do local. Uma sofrida população índia, cabocla, cafuza, branca pobre, se revoltou inicialmente em parceria com parte da elite branca grã-paraense, mas depois, se sentindo traída, essa plebe assumiu o controle em batalhas que levou à execução, inclusive, do então presidente da província.

O governo central, imperial, sob a regência do Padre Feijó (Pedro II era menor de idade) reprimiu com violência, chegando a bombardear Belém. Os cabanos retiraram-se para as matas e seguiram com a resistência. Ao final dos combates, cinco anos depois, em 1840, o número de mortos é estimado em cerca de 30% da população grã-paraense, que contava com cerca de 100 mil pessoas à época do início da revolta.

Leia mais em:


Cabanagem: resumo, líderes, motivos e consequências - Toda Matéria (todamateria.com.br)

Cabanagem, a revolta popular através dos olhos de Dalcídio Jurandir - Vermelho

A Guerra dos Cabanos. Como se deu a Guerra dos Cabanos - Guerras - Brasil Escola (uol.com.br)

Cabanagem – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)