Enio Lins

Flechada certeira: Ministério dos Povos Indígenas

Enio Lins 29 de dezembro de 2022

Seguindo na toada de saudar os acertos de Lula em sua terceira presidência, antes mesmo do mandato começar, deve ser destacada a criação do Ministérios dos Povos Indígenas e pela indicação da líder Sônia Guajajara para ser a titular da pasta. Aplausos múltiplos!

Luiz Inácio entrou para a história com esse gesto. Não é novidade pois o filho de Dona Lindu é useiro e vezeiro em fazer história. Não confundam isso com santidade, Lula da Silva é pessoa comum, com erros e acertos, apenas faz história desde que foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Mas voltemos à questão do Ministério e da indicação de Guajajara. São duas iniciativas diferentes, e três gols de placa. Gol um: criar o ministério, num salto histórico na trajetória de atenção aos povos originários e que teve na Funai outro momento significativo no passado. Gol dois: indicar para o posto uma pessoa dos povos originários. Gol três: escolher uma mulher índia de esquerda.

Apois Lula podia ter reforçado a Funai, o que já seria positivo. Podia ter indicado pessoa indigenista, profissional na área, seria positivo. Podia ter escolhido liderança dos povos originários com posição política independente, seria positivo. Mas Silva se superou: Criou o ministério e indicou uma mulher índia-raiz, militante de esquerda (farei comentário específico depois). Merece placa no Maracanã da história.

Os povos originários, dentre os povos oprimidos deste Brasil varonil, foram os que mais se lascaram. Sofreram ainda mais que os povos trazidos à força da África como escravos – e olhe que essas almas africanas penaram suplícios imensos por mais de 300 anos, e depois de mais de um século da emancipação da escravatura, seguem discriminados e compõem a maioria esmagadora da população brasileira em situação de dificuldade.

As populações nativas – indígenas, como foram chamadas – foram (e são) vítimas de um genocídio. Tribos inteiras foram exterminadas sem chance de deixar sequer suas lembranças como língua, ritos, modo de vida. Foram sumidas. É o caso dos Caetés, no Nordeste brasileiro, que nem se sabe com segurança se eram um grupo homogêneo, ou se foram tribos e grupos étnicos distintos que ousaram resistir à invasão europeia. A única certeza é que foram extintos, assassinados até a derradeira pessoa.

Voltaremos ao tema, que é vasto. Mas, por enquanto, ficam os parabéns para o tripresidente do Brasil, por teimar em fazer história.


HOJE NA HISTÓRIA


29 de dezembro de 1845
– A República do Texas é incorporada aos Estados Unidos, depois de nove anos como “nação independente”. Até 1836, o vasto território texano era parte do México, que se tornou independente da Espanha em 1821.

Mas essa região do México foi sendo paulatinamente ocupada por colonos norte-americanos e o pau quebrou em 1836, quando os estadunidenses residentes na região derrotaram (e prenderam) o presidente mexicano, General Antonio Lopez de Santa Anna, tendo como justificativa – real – o massacre cometido contra os colonos ianques no Forte Álamo.

A chacina do Forte Álamo, na localidade de San Antonio, foi parte da reação militar mexicana a crescente ocupação em seu território e causou forte comoção entre os americanos, o que reforçou as forças comandadas por Samuel Houston com milhares de voluntários e possibilitou um contra-ataque decisivo, derrotando rapidamente o exército mexicano, antes mesmo do general Santa Anna acordar de sua siesta.

Com a derrota de Santa Anna, o Texas virou “república independente” dependente dos Estados Unidos. Em menos de 10 anos o “novo país” viveu intensas batalhas internas e acumulou uma pesada dívida com o governo americano. O Congresso dos Estados Unidos aprovou a anexação e o perdão das dívidas, estipulando um prazo até 29 de dezembro daquele ano para que os trâmites fossem finalizados.

No dia aprazado a infante República do Texas bateu as botas e em seu lugar a bandeira dos Estados Unidos acrescentou mais uma estrelinha, a 28º. Nesse cenário, estoura a guerra americana-mexicana, que durou entre 1846 e 1848 e fez com que – ao fim e ao cabo – a bandeira estadunidense ganhasse mais outras estrelinhas, mas aí é outra história e fica para outro dia.

Indicações de leitura sobre o tema:

República do Texas – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Opera Mundi: Hoje na História: 1836 - Forte Álamo é tomado pelas tropas do general Antonio Lopez de Santa Anna (uol.com.br)