Enio Lins

A esperança que se confirma na nova Esplanada dos Ministérios

Enio Lins 28 de dezembro de 2022

Este texto está sendo escrito antes do anúncio da composição final da equipe do terceiro mandato de Lula. A lista ministerial completa será de seu conhecimento quando da leitura dessas maltraçadas linhas.

Antecipo-me ao anúncio dos nomes menos pelo prazo para enviar a coluna à diagramação e mais pelo fato de que, no ponto em que estava, mesmo incompleto, esse ministério pode ser comentado como um todo com pequena margem de erro.

Lula acertou nas escolhas. Isso pode ser dito sem risco, basta ver a escalação parcial do time anunciado até 26 de dezembro. Uma bela seleção, muito superior à lista nojenta, deletéria, divulgada há coisa de quatro anos.

Só com os nomes confirmados até o Natal, a comparação com o passado recente é uma goleada. O Brasil volta a contar com uma seleção qualificada, depois de quatro anos de desqualificação radical na Esplanada dos Ministérios.

Nunca o Brasil teve gente tão incapaz nos comandos dos órgãos federais como nesse tempo do desastre bolsonarista, o que resultou num país virado de ponta-cabeça, esculhambado nas contas públicas, sucateado, saqueado.

O novo ministério é representativo da diversidade política e ideológica das forças que compõem a frente em torno de Lula & Alckmin, tem a multicor do Brasil, traz para o Planalto Central o debate vivo, contemporâneo e producente.

A nova equipe alça ao topo do serviço público nomes emblemáticos como Sílvio Almeida, Margareth Menezes, Anielle Franco, Flávio Dino, Fernando Haddad, Luciana Santos – só para ficar em meia dúzia das confirmações até o Natal.

Isso sem falar de Geraldo Ackmin, que brilhou no comando da transição e tem no currículo quatro mandatos de governador do maior estado brasileiro, nem citar a escolha estratégica de José Múcio para a delicada área da Defesa.

Em resumo: não dá para comparar com a trepeça montada pelo inominável, e cuja equipe de desqualificados desmontou o Brasil, com os reflexos criminosos transbordando nos desastres ético, social e econômico do quatriênio mitológico.

Perfeita? Divina? Infalível? Não existe equipe ministerial assim no mundo, isso fica para o campo do idealismo, onírico. No mundo real se cobra competência, compromisso, ética, diversidade, respeito, representatividade. Isso o novo ministério tem de sobra. E teve de começar a trabalhar antes da posse, pois o Brasil estava desgovernado mesmo.

NOTAS


# Recomenda-se visitar a exposição “Meu mundo é o papel”, de Agélio Novaes, em cartaz no anexo do Teatro Deodoro, no centro.

# Mostra magnífica, em quantidade e qualidade das obras expostas, impressiona seja no conjunto, seja em cada peça.

# Como o nome diz, o papel é o mundo. É a matéria-prima para colagens, esculturas, instalações. Tudo primoroso, detalhado.

# Agélio Novaes, Sheila Maluf, Walter Karwatzki estão de parabéns. São responsáveis por esse presente de Natal e Ano Novo para Maceió.

HOJE NA HISTÓRIA



28 DE DEZEMBRO DE 1557
– O terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá, desembarca em Salvador, Bahia. Nomeado por Dom João III, rei de Portugal, o gajo tinha currículo: diplomado em Leis pala Universidade de Salamanca (Espanha), exerceu a magistratura em território lusitano. Tomou posse em janeiro de 1558 e demorou 14 anos no posto, sendo o mais longevo governador-geral no poder.

Meteu-se a matar os povos originários e nesses recontros perdeu um filho, Fernão de Sá, e um sobrinho, Estácio de Sá. Este no Rio de Janeiro, cidade que tinha fundado, em combate contra uma força combinada entre índios e franceses; aquele na capitania do Espírito Santo, ao perseguir o povo Aymoré. Os nativos foram trucidados, mas tinham boa pontaria em suas flechas e deixaram marcas de sua resistência.

Mem de Sá morreu em Salvador, no ano de 1572, ainda no posto, pois apesar de aposentado dois anos antes, seu substituto, Luiz de Vasconcelos, foi morto por piratas franceses durante a viagem de Lisboa para a Bahia.