Enio Lins

O terrorista bolsonarista e os mortos-vivos do bolsonarismo

Enio Lins 27 de dezembro de 2022

Desmontada na véspera de Natal, a tentativa bolsonarista de um atentado terrorista em Brasília comprova a essência criminosa do movimento criado em torno de Jair B. Conforme amplamente reportado pela mídia convencional e pelas redes sociais, a Polícia Civil do Distrito Federal identificou e frustrou a ação de terror que havia montado uma bomba acoplada a um caminhão de combustível.

Principal acusado e preso
pela PCDF, George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, é identificado ora como “empresário” e ora como “gerente de um posto de gasolina”, e declarou em depoimento à polícia que teria investido “mais de R$ 170 mil com a compra de armamentos e munições que seriam usados na explosão de uma bomba na área do Aeroporto Internacional de Brasília”.

Causar pânico, mortes,
e com isso gerar um clima propício para a decretação do Estado de Sítio, pretendendo daí uma intervenção militar e, como consequência, a permanência de Jair B na presidência – era a meta. Uma maluquice criminosa, doidice assassina, urdida no acampamento bolsonarista montado defronte ao Quartel-General do Exército em Brasília.

Esse bolsonarista,
George Washington, deixou o que quer que estivesse fazendo no estado do Pará e se mudou para um acampamento circense de bolsonaristas há meses, e sua confissão, depois de preso, revela pistas e interrogações importantes. Estão à espera de repostas questões como a origem do dinheiro (seria mesmo da conta do terrorista detido?) e quem mais participou da tentativa terrorista.

Supostamente chorando
sem parar há 60 dias, o “mito”, Jair B – o “Führer” inconteste e inspirador do movimento que, desde 30 de outubro, transformou as portas dos quartéis em picadeiro –, nada falou sobre essa tentativa de ato terrorista em seu benefício. Mais um momento de silêncio eloquente e cúmplice. Por falar nisso, o GSI do general Helenão falou algo sobre esse plano de explodir a segurança institucional do País?

Enquanto isso
, um sem-número de bolsonaristas segue como zumbis de filme B perambulando para além dos bloqueios nas vias públicas e/ou defronte às instituições militares, autoexistindo num mundo morto, numa bolha de irracionalidade que teima em unir milhões de pessoas espalhadas por todo Brasil e que tolera todo tipo de explicação e justificativa, por mais insólita que seja, desde que seja em defesa do famigerado mito. Esse é o perigo real, evidência de um retrocesso civilizatório e moral que contamina parte do povo brasileiro. Essa é a bomba mais difícil de desarmar.

HOJE NA HISTÓRIA



27 de dezembro de 537
– Hagia Sofia, o mais impressionante monumento cristão de todos os tempos, é concluído em Constantinopla (hoje Istambul). A denominação é traduzida como “Sagrada Sabedoria”, em alusão à segunda pessoa da Santíssima Trindade, e foi concebida para ser uma catedral, com o nome original de “Igreja da Santa Sabedoria de Deus”.

Durante séculos sua principal abóboda – um prodígio de engenharia – foi a maior e mais pesada no mundo, com 31 metros de diâmetro e 48,5 metros de altura. Para sua construção foram trazidas partes de edificações anteriores ao ano zero do cristianismo, como pretensas colunas de Tróia e outras referências para as civilizações mais antigas.

Também conhecida como Santa Sofia (sem ser referência à santa do mesmo nome) funcionou como templo católico por 916 anos. Em 1453 os muçulmanos capturaram Constantinopla e transformaram a espetacular igreja em mesquita. Os fabulosos mosaicos cristãos, considerados blasfemos pelo entendimento islâmico mais radical, entretanto, não foram destruídos, mas encobertos por grossa camada de gesso e assim preservados.


Depois de quatro séculos como templo mulçumano, foi transformada em museu laico no ano de 1931, num gesto ousado e humanista de Atatürk Kemal, islâmico, líder da revolução turca. A partir daí o revestimento de gesso começou a ser retirado devolvendo ao público as fantásticas imagens dos ladrilhos cristãos. Uma restauração mais completa desses mosaicos passou a ser feita pela UNESCO a partir de 1993. Em 2020, porém, a Hagia Sofia foi novamente transformada em mesquita, o que lança uma interrogação sobre a iconografia cristã que é parte integrante daquele milenar patrimônio histórico da humanidade.