Enio Lins

PATRIMÔNIO HISTÓRICO, GRANDE RIQUEZA ALAGOANA

Enio Lins 13 de dezembro de 2022

Há três dias foi reaberta a Igreja de Nosso Senhor do Bomfim, centenária edificação no município de Marechal Deodoro. O histórico imóvel é símbolo da comunidade de Taperaguá, sítio considerado o primeiro local de ocupação colonial na posteriormente denominada Vila de Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul.

Fechada para restauração
por dois anos, a reabertura teve caráter de festa. Não poderia ser diferente. A emoção da paróquia se une à emoção de qualquer pessoa a ver o resultado das obras, especialmente o primoroso trabalho de recuperação da pintura original do teto da nave principal.

Uma fantástica composição
em perspectiva (difícil de executar) foi descoberta e recuperada. Estava escondida sob sete camadas de tinta, acrescidas a cada intervenção indevida que o templo foi recebendo ao longo do tempo, e que ocultavam uma bela obra de arte. Está recuperada, graças ao talento e esforço minucioso da equipe que teve Jamieres Viana como restaurador e Jessica Garcia como arquiteta responsável pelo (literalmente) conjunto da obra.

Parabéns
! Especialmente para a superintendência em Alagoas do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), encabeçada por Melissa Mota. Parabéns ao prefeito de Marechal Deodoro, Cacau, parceiro dessa e das demais obras do IPHAN na primeira capital alagoana. Parabéns a Dom Muniz Fernandes, Arcebispo Metropolitano e igualmente parceiro de primeira hora.

Na solenidade, o prefeito Cacau inovou
e se comprometeu a criar uma estrutura municipal voltada para o Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, com legislação e incentivos adequados para a recuperação e preservação dos monumentos locais e dos bens imateriais. Essa é uma decisão que precisa não só ser valorizada, mas copiada.

Alagoas necessita urgentemente
fazer flexão semelhante, não só ampliando o que já existe, mas criando legislação específica, nova, e novos instrumentos institucionais, capazes de cuidar do patrimônio histórico, arquitetônico, artístico e cultural. Essa é uma tarefa para o governador Paulo Dantas. Missão que se soma a outras, todas urgentes e indispensáveis.

Os oito anos Renan Filho
deram uma sacudida impressionante, inédita, em termos de obras e projetos estruturantes. Até por conta desses avanços, novos projetos precisam vir à tona, apoiando-se na base construída. Um ousado compromisso do governo estadual para com o patrimônio histórico alagoano está maduro. A hora é essa!

NOTAS

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“Lampião, 24 horas” é o título do espetáculo montado por Naéliton Santos com estreia anunciada para o dia 29 de dezembro.

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A peça será apresentada no espaço cultural Bazarte, no bairro de Jaraguá, em Maceió, com entrada franca, às 20 horas do dia 29.

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O elenco é formado por Lidiane Amorim, Alan Cardoso e o próprio Naéliton, ator versátil com vários personagens interpretados numa longa carreira.

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Lampião e Maria Bonita, personagens tornados clássicos no imaginário regional e nacional, em seus derradeiros momentos, são a base para o enredo.

HOJE NA HISTÓRIA



13 DE DEZEMBRO DE 1968
– O Ato Institucional nº 5, AI-5, é assinado pelo General Costa e Silva. É o golpe dentro do golpe, pois o Regime Militar já havia assaltado o poder em 1º de abril de 1964. E perseguia, prendia, torturava e matava opositores, mas existia uma ala de golpistas que queria mais violências e dominação total da sociedade civil. Como desculpa foram usados os fatos (reais) de que se formava uma resistência armada, e de que um deputado federal, Márcio Moreira Alves, fizera um discurso considerado ofensivo aos militares.

O objetivo do AI-5, entretanto, foi eliminar resquícios do sistema democrático. Autorizava ao ditador de plantão a intervir no Poder Legislativo em todos os níveis; censurava as artes; autorizava ao ditador demitir sumariamente qualquer funcionário público, inclusive juízes, e a cassar mandatos parlamentares – dentre outras barbaridades. E a censura prévia à imprensa garantia o silêncio sobre a corrupção do regime militar.

Dez anos depois, em 31 de dezembro de 1978, o AI-5 foi revogado pelo General Ernesto Geisel (presidente da República entre 1974 e 1979), como parte do processo de “distensão”. Um sofrido caminho – combatido internamente por militares que não aceitavam renunciar ao terrorismo de Estado – que desembocaria no fim do regime totalitário e na reconstrução da democracia a partir de 1985. Mas pelancos da ditadura, fãs dos torturadores, continuam conspirando pela volta do terror e da impunidade absoluta do AI-5.