Enio Lins

NO TOCANTE À AUTORIDADE DEMOCRÁTICA, O PRIMEIRO MUNDO NÃO É AQUI MESMO

Enio Lins 10 de dezembro de 2022

Golpe de estado não é brinquedo, é crime e como tal precisa ser tratado.

Na Alemanha
, referência contemporânea de Democracia, incensada pela direita e pelo liberalismo, 25 pessoas estão em cana sob suspeita de tramarem um golpe de Estado. Entre essa turma conspiradora de extrema-direita estão ex-militares, civis integrantes de grupos extremistas, e até um aristocrata chamado Heinrich 13.

A impunidade
, o menosprezo para com golpistas é erro primário.

No Brasil, cercar quartéis
clamando por golpe virou carnaval fora de época, vagabundagem pura. Fuzarca delinquente que se estende, sem ser incomodada, desde 1º de novembro, produzindo cenas ridículas que se espalham mundo afora, comprovando a psiquiatrização da direita brasileira. Essa balbúrdia circense às portas militares não é menos criminosa que as ações violentas de bloqueio de estradas em várias regiões.

No primeiro mundo
tentativa de golpe não tem moleza, é pau.

Diz-nos a BBC: Megaoperação, ocorrida na madrugada da quarta-feira,7/12, está sendo descrita como uma das maiores ofensivas anti-extremismo da história moderna da Alemanha. Três mil policiais participaram de 150 operações em 11 dos 16 Estados alemães, e das 25 prisões, duas ocorreram na Áustria e na Itália. Segue a BBC: “A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, garantiu aos alemães que as autoridades responderiam com toda a força da lei ‘contra os inimigos da democracia’".

No Brasil
os inimigos da democracia têm o afago das instituições policiais.

Não só a mão amiga
das polícias faz cafuné nas madeixas antidemocráticas. Vários militares, inclusive integrantes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional, ligado à Presidência da República), participam ostensivamente dos atos golpistas e, sem nenhum receio, expõem suas posições criminosas (apologia e organização de golpe de Estado é crime) em suas redes sociais pessoais, useiros e vezeiros em agredir verbalmente e ameaçar autoridades constituídas.

Imaginam um décimo
dessa vagabundagem acontecendo na Alemanha?

Enquanto o “mito”
, acovardado e prostrado, se debulha em lágrimas há 40 dias, há 40 dias suas milícias investem contra o Estado Democrático de Direito, demonstrando certeza da impunidade. Quem lhes orienta? Quem lhes garante?

NOTAS


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Renata dos Santos, secretária de Planejamento e Gestão – informa Alexandre Lino –, passa a fazer parte da Equipe de Transição do presidente Lula.

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Sorte do presidente Lula. Renata Santos é uma profissional do mais alto nível no serviço público brasileiro, por sorte de Alagoas, trabalhando aqui há oito anos.

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Convidada para contribuir na discussão sobre o novo modelo do pacto federativo entre os Estados e a União, Renata já está em Brasília.

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Em pauta, entre outras coisas, o retorno do Ministério do Planejamento, liquidado pela atual gestão apenas para concentrar poderes no Ministério da Economia.

RECOMENDAÇÃO

“Pessoas extraordinárias – Resistência, Rebelião e Jazz” é mais um livro do extraordinário pensador britânico Eric Hobsbawm. A resenha da obra diz o seguinte: “(...) um retrospecto inédito e surpreendente de figuras biográficas famosas e anônimas. Na maioria dos casos. são personagens ‘comuns’ (...). Operários. músicos. estudantes. bandidos e cantores de jazz e até mesmo o ‘fundador’ da República norte-americana estão aqui para compor um projeto maior de contar a história escrita por aqueles que perderam algo. Assim. ao escrever sobre o operário Ned Ludd, cuja especialidade era destruir máquinas industriais no século XVIII ou sobre o bandido Giuliano, em que o pano de fundo é a política italiana pós-1945, o escritor retrata o universo mais amplo das questões proletárias da mesma forma que, ao falar sobre Billie Holiday, narra a miséria e o deslocamento impostos à população negra norte-americana”. Hobsbawm, britânico nascido no Egito, era marxista sem concessões – e amava jazz.